O anúncio oficial de Tiago Nunes para assumir o Corinthians em 2020 veio com a enorme expectativa de ruptura do pragmático jogo praticado pelo time de Carille na atual temporada. Junto disso, como era de se esperar, vieram os pedidos de paciência.
Já que, em tese, é uma mudança brusca, o novo treinador vai precisar de tempo. O Paulistão tem de ser um laboratório para Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e, quem sabe, a Libertadores – no pior dos casos a Sul-Americana.
Surge, porém, um atalho. Dyego Coelho. Muito criticado pela primeira passagem na base alvinegra, evoluiu em seu período como auxiliar e voltou melhor. Aperfeiçoou o jogo de Eduardo Barroca no Sub-20 e, nesta quarta-feira, agarrou com vontade a oportunidade como interino, batendo o Fortaleza por 3 a 2.
Tiago Nunes ainda vai precisar de tempo, mas graças ao ex-lateral, tem tudo para ter menos trabalho. Como em um passe de mágica (perdoem pelo trocadilho com o Coelho na cartola), o atual comandante alvinegro mostrou muito mais do que a torcida esperava logo na estreia.
Mesmo após míseros dois dias de treino, o time apresentou jogo bem mais semelhante ao que se desenha no futuro do que o cansou a Fiel no passado. De forma óbvia, mas há muito tempo não vista, Coelho adaptou o jogo ao elenco e parou de tentar o contrário.
Na defesa, sua principal mudança. Com a posse, Danilo Avelar se juntava aos zagueiros em uma linha de três, enquanto Michel Macedo, emulando Fagner, aparecia solto na ponta direita. Sem bola, pressão e intensidade o tempo todo.
A linha de três lembra bastante a de outro time do Brasil: o Athletico Paranaense de Tiago Nunes. Em seus melhores momentos, porém, quem tinha liberdade era Renan Lodi, pelo lado esquerdo. No Corinthians, Fagner deve usufruir da liberdade e, assim como o garoto, render bons frutos no setor ofensivo.
Como Nunes assume apenas no ano que vem, deve assistir do conforto de sua casa a evolução da equipe nas mãos de Coelho. Para sorte do novo comandante, os jogadores vão sentir o gostinho de ser um time mais ofensivo já nesta temporada. Como disse Gabriel, vão aprender, aos poucos, como deixar de ser um time “tão previsível”.
Com Carille, o caminho da transição seria mais longo e trabalhoso. Agora, o destino começa a parecer bem melhor para a Fiel. Nunes tem em Coelho um bom atalho para, indiretamente, começar seu trabalho ainda nesse ano.
Restam sete jogos para enterrar de vez o pragmatismo que a torcida já não aguenta mais ver dentro de campo. Perdendo ou ganhando, Coelho pode passar o bastão bem mais leve para o novo comandante