
Na última semana, uma criança de 1 ano e 4 meses foi picada dentro de uma creche; segundo caso em menos de 40 dias. Família pede sindicância e protocola denúncia no Ministério Público: “Fica a indignação. Pode ter vindo do bueiro, da rua, das árvores, desta vez picou minha filha, mas poderia ter sido outras crianças”, afirmou o pai durante entrevista ao Diário.
Jorge Honorio
[email protected]
Os escorpiões têm se tornado uma ameaça constante em Votuporanga/SP, desde o início de 2025 já são 393 incidentes registrados, ultrapassando os casos de 2024, segundo dados do Setor de Controle de Endemias e Zoonoses da Prefeitura.
Os números são preocupantes, uma vez que Votuporanga, registrou 249 casos somente nos seis primeiros meses deste ano. Em todo o ano passado, a cidade registrou 389 acidentes. Não houve registro de óbito confirmado por picadas nos últimos dois anos.
Outro fator de preocupação envolve incidentes com crianças e idosos, faixas etárias consideradas de risco para picadas de escorpião. Os mesmos números apontam que, de 1º de janeiro até esta terça-feira (7.out), 60 casos envolveram crianças de 0 a 12 e outros 109 atingiram pessoas acima dos 60 anos.
Conforme noticiado pelo Diário, duas crianças foram picadas por escorpiões dentro de escolas de Votuporanga, em menos de 40 dias. No primeiro caso, no dia 26 de agosto, uma aluna de 2 anos foi picada em um dos dedos da mão esquerda, enquanto brincava no pátio do Cemei “Terezinha Guerra”, no bairro Jardim Santo Antônio. Ela recebeu atendimento médico e passa bem.
O segundo caso ocorreu por volta das 9h, da última sexta-feira (3), quando E.A.V., de 1 ano e 11 meses, foi picada por um escorpião em um dos dedos enquanto estava em cima de um tatame, dentro da sala de aula, no CEMEI “Prof.ª Orozília do Carmo Ferreira”, no bairro Cecap II. Ela recebeu atendimento médico e passa bem.
Em entrevista ao Diário, o pai de E.A.V., Roberto Costa da Silva, contou com preocupação e indignação o episódio envolvendo a filha: “Recebemos o contato da escola contando sobre o ocorrido, sobre o primeiro atendimento. De lá já foi para a Santa Casa, onde recebeu atendimento médico e graças a Deus está bem.”
“O que fica é a indignação. Pode ter vindo do bueiro, da rua, das árvores, desta vez picou minha filha, mas poderia ter sido outras crianças. Apesar da chateação, do medo, estamos procurando fazer com que isso pare, que não aconteça com outras crianças. Já registramos no Plantão Policial, estive na Secretaria da Saúde, da Educação. Estamos protocolando um pedido de sindicância na Secretaria da Educação, para apurar os fatos e possíveis responsabilidades. Também vamos efetivar a denúncia ao Ministério Público. Esse assunto tem que ser tratado com a máxima seriedade, tivemos duas crianças picadas e elas sobreviveram, mas pense se o desfecho é outro, a dor e o sofrimento são incalculáveis. É necessário tomar medidas para garantir que isso não se repita”, concluiu Roberto Costa da Silva.
Riscos e prevenção
A maior parte dos casos é considerada leve e não exige aplicação do soro antiescorpiônico, que é reservado a situações mais graves. O soro é distribuído gratuitamente apenas pelo SUS e está disponível em pontos estratégicos no Estado de São Paulo. Na região, as cidades que possuem o antídoto são: São José do Rio Preto, Catanduva, Novo Horizonte, Jales, Votuporanga, Fernandópolis e Olímpia.
A prevenção segue sendo o melhor caminho. Entre as principais recomendações estão:
- Manter quintais limpos, sem entulho ou lixo acumulado;
- Roçar o mato e vedar frestas em muros, pisos e paredes;
- Proteger ralos, colocar telas milimétricas e rodinhos nas portas;
- Examinar calçados e roupas antes de vestir;
- Afastar móveis como camas e berços das paredes;
- Utilizar luvas e botas ao manusear materiais de construção ou realizar atividades de jardinagem.
Especialistas reforçam que os escorpiões não atacam propositalmente. A maioria dos acidentes ocorre quando o animal é pressionado contra o corpo, como forma de defesa.