
A Prefeitura de Votuporanga afirmou em nota que “está em andamento um processo de aperfeiçoamento do serviço de acolhimento oferecido aos pacientes em tratamento em Barretos/SP.” Entre as possibilidades em análise, existe a possibilidade de estabelecer uma parceria com a rede hoteleira de Barretos.
Durante a 41ª sessão ordinária da Câmara Municipal de Votuporanga/SP, desta segunda-feira (17.nov), os vereadores Cabo Renato Abdala (PRD) e Osmair Ferrari (PL) apresentaram denúncias sobre o fechamento da Casa de Apoio de Votuporanga em Barretos/SP, instalada em 2009, a partir de 1º de dezembro.
O primeiro a expor o caso na tribuna, Cabo Renato Abdala apresentou um vídeo no telão com um desabafo de uma paciente sobre o futuro de seu tratamento médico: “Eu fiquei sabendo que a Casa de Barretos vai fechar, né? E agora no começo do mês, eu tenho que ficar por três dias lá. E como que vai fazer? Onde que eu vou ficar? Porque, realmente, a ambulância, toda vez que eu vou, vai pra Ribeirão [Ribeirão Preto/SP], e deixa nós lá, né? Aí a gente dorme, almoça e desce para o hospital. Porque sempre minha consulta é quatro horas da tarde, cinco horas. E aí, como que a gente vai ficar? Onde que vai ficar? Tem várias vezes que eu fui e fiquei sem tomar um copo d’água, porque eu não tinha dinheiro pra comprar um copo d’água, uma bala. E assim como eu, tem várias pessoas que dependem daquela casa. Eu acho uma injustiça muito grande. O que o prefeito tá fazendo com a gente, será que ele não pensa? É um tratamento muito difícil pra gente fazer. E agora, além de tudo, tirar essa casa que é uma oportunidade que a gente tem pra descansar, pra comer. Como que vai fazer?”
O vereador propôs um pedido ao Poder Executivo que reconsidere e siga garantindo o serviço disponibilizado aos pacientes em tratamento contra o câncer, assim como familiares, além de servidores que passam por Barretos à trabalho.
Em seguida, o assunto repercutiu no plenário e foi a vez de Osmair Ferrari (PL) reiterar o pedido de manutenção do atendimento aos pacientes: “Casa de Apoio de Barretos, quero começar aqui dizendo com tranquilidade, eu sei de toda a história da Casa de Apoio de Barretos e aqui eu quero fazer agradecimento ao nosso vereador Meidão, este sim na época, desde o final do mandato do prefeito, naquela época o prefeito Carlão, que eu já era vereador, depois entrou o prefeito Júnior Marão, e está aqui o Serginho [Serginho da Farmácia], que foi vereador com a gente na época, ele sempre cobrando, o Gaspar se lembra bem, ele sempre cobrando a Administração que fizesse essa Casa de Barretos, esse alojamento em Barretos.”
“E o Juninho, sempre prestativo, me lembro de um dia, em uma reunião, o Juninho falou, Meidão: ‘nós vamos fazer aquela casa em Barretos, atender as pessoas.” Naquela época não tinha Hospital de Amor em Jales, ia três, quatro ambulâncias por semana, ônibus, ia ônibus, naquela época eu ainda fazia parte aqui da Assistência, depois eu fui chefe de gabinete, me afastei e no meu lugar aqui assumiu o ex-vereador Silvio Carvalho, nós fomos lá em Barretos inaugurar a casa. Uma casa muito bonita, muito boa, para dar dignidade para as pessoas, dar conforto para as pessoas”, relembrou Osmair Ferrari.
Em seguida, o parlamentar pede que o prefeito Jorge Seba (PSD) reconsidere o fechamento da Casa de Apoio de Barretos: “Repense nesse ato de, às vezes, encerrar o atendimento na Casa de Barretos. Vai ficar uma situação muito difícil, principalmente para aquelas pessoas que frequentam, pode ter uma pessoa, uma pessoa lá. Eu jamais iria encerrar uma atividade lá na cidade de Barretos, porque aquele vídeo que o nosso colega vereador Abdala mostrou aqui, é verdade, as pessoas vão três horas da manhã, eu falo isso com tranquilidade, porque eu trabalhei muito tempo aqui nas ambulâncias, as três horas vai para Ribeirão Preto e passa ali por Barretos. Vai para Ribeirão, quatro e meia, cinco horas, cinco e pouco, chega lá. Onde vai deixar os pacientes? Está lá às seis, seis e meia, sete horas, na parte de atendimento. E aí o que acontece? Eles ficam lá na casa, eles tomam leite, descansam. Tem os próprios motoristas das ambulâncias, das vans que vão para lá, parentes. Então, uma situação para se repensar. Não faça isso não, prefeito. É um pedido de todos os 15 vereadores, da população de Votuporanga”, ponderou o vereador.
Ainda na tribuna, Osmair Ferrari detalhou a forma que apurou a informação de fechamento da Casa de Apoio de Barretos, afirmando que conversou com o proprietário do imóvel: Agora eu vou dizer, infelizmente, essas notícias do Executivo não estão batendo. O que eu fiz? Eu tenho um telefone, tenho um telefone do proprietário da Casa de Barretos, o Valentim, está aqui, eu trouxe até o celular, está aqui. O Valentim, pessoa simples, humilde, falei com ele hoje, 10, 15 minutos, inclusive, ele foi taxativo, ligaram sim para ele, e a Casa de Barretos vai até dia 30 de novembro, um domingo, e em 1º de dezembro, está encerrada as atividades de Barretos.”
“E vou dizer mais, a Casa de Barretos não é despesa, pelo contrário, ela é investimento na saúde, no social, na dignidade, no ser humano. Fica R$ 5 mil, R$ 10 mil, R$ 15 mil, R$ 20 mil, não sei quanto fica, mande um servidor embora destes de cargo em comissão que criou esses dias aqui, de R$ 10 mil embora, que paga a casa. Se o problema for esse. Volto a dizer, a nossa Casa de Barretos não dá despesa é investimento do Executivo com a sociedade. Tem que ter coração. Então, toda vez que eu venho nesta tribuna, eu repito aqui, eu estou no meu sétimo mandato, eu nunca vim aqui fazer historinha não, tenho prova. Falei com o dono da casa, o senhor Valentim, está aqui, olha. Aqui, foi bem taxativo, como eu disse há pouco, dia 30 encerra, dia 1º é para entregar a chave, é para ainda ficar o mês de dezembro para tirar a mobília de lá. A prefeitura pediu um prazo, tudo bem, não tem problema, só para tirar a mobília. Eu perguntei do aluguel, em torno de R$ 3 mil, perguntei se pagava. Ele disse que não pode reclamar dos pagamentos. Por isso que eu tenho que vir aqui e falar a verdade. Ele disse que tem prefeitura igual, mas melhor que a de Votuporanga no pagamento não tem”, contou.
“Portanto, fico chateado, e mais uma vez aqui, se nosso colega Meidão estivesse aqui, eu daria até a parte para ele, ele não está aqui, ele lá em Brasília, mas tenho certeza que ele queria estar aqui, para estar fazendo a defesa, para que essa casa não viesse a encerrar as atividades. Esperamos que o prefeito, a secretaria, o Fundo Social, pare e pense, e reveja essa situação, para que isso não aconteça”, concluiu.
Procurada pelo Diário, a Prefeitura de Votuporanga afirmou que: “Visando manter a continuidade do bom atendimento prestado, está em andamento um processo de aperfeiçoamento do serviço de acolhimento oferecido aos pacientes em tratamento em Barretos/SP.”
“O Município tem revisado o formato desse suporte com sensibilidade e responsabilidade, entendendo que cada pessoa em tratamento oncológico carrega uma rotina emocionalmente exigente. Entre as propostas em estudo está a possibilidade de estabelecer uma parceria com a rede hoteleira de Barretos, medida que pode proporcionar mais conforto, privacidade e acolhimento aos pacientes e acompanhantes, aspectos que fazem diferença para quem enfrenta longos ciclos de tratamento. Todas as análises consideram, acima de tudo, o bem-estar humano daqueles que dependem do serviço.”
“É importante ressaltar que o atendimento será mantido e que em nenhum momento houve “ou haverá” descontinuidade do serviço. A Prefeitura reforça seu compromisso de garantir que cada morador em tratamento receba apoio digno, respeitoso e alinhado às suas necessidades num momento tão delicado.”




