Ministro da Economia disse que chinês inventou vírus e que vacina do país é ‘menos efetiva’; depois, afirmou ter usado ‘imagem infeliz’. Para Carlos França, fala ‘em nada prejudica’ relação.
O novo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, afirmou nesta quarta-feira (28) que a China é um “parceiro-chave” do Brasil no combate à Covid-19.
França deu a declaração ao participar de uma audiência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
Nesta terça (27), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em uma reunião que os chineses inventaram o vírus da Covid e que a vacina desenvolvida no país é “menos efetiva” que a produzida nos Estados Unidos. Depois, afirmou ter usado uma “imagem infeliz” ao mencionar o tema.
“A China é, ninguém ignora, outro parceiro-chave nesta matéria [combate à pandemia]”, afirmou França durante a audiência na Câmara.
Atualmente, a vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, é a responsável por cerca de 80% das pessoas vacinadas no Brasil — o próprio Guedes tomou a vacina. O restante das vacinas aplicadas no Brasil são imunizantes desenvolvidos pela parceria entre o laboratório Astrazeneca e a Universidade de Oxford.
Em outro momento da audiência, o novo chanceler brasileiro disse entender que Guedes já “esclareceu” o episódio e que a declaração do ministro da Economia “em nada prejudica” as relações entre Brasil e China.
“Tenho excelente relação com o embaixador da China. Estamos tratando da aceleração da vinda de ifas [insumos farmacêuticos ativos] ao Brasil. O chanceler da China foi o primeiro a falar comigo depois da posse. O chanceler chinês nos prometeu ajudar a trazer ao Brasil parte do estoque da vacina da Sinopharm, tão logo o brasil possa aprovar isso. Nossa relação não se afeta por esse comentário”, disse o chanceler.
De acordo com França, ministro chinês “afiançou” que em maio e junho haverá aumento da produção de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) pela China e que o Brasil monitora a situação para receber o insumo, necessário para produzir as vacinas contra a Covid-19.
Relações comerciais
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, as relações comerciais entre Brasil e China “têm se caracterizado por notável dinamismo”.
“Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil e tem sido uma das principais fontes de investimento externo no País. O relacionamento vai além da esfera bilateral: Brasil e China têm mantido diálogo também em mecanismos como BRICS, G20, OMC e BASIC (articulação entre Brasil, África do Sul, Índia e China na área do meio ambiente)”, afirma o Itamaraty em um texto publicado no site oficial.
Ainda de acordo com a pasta, o comércio bilateral entre Brasil e China saltou de US$ 3,2 bilhões em 2001 para US$ 98 bilhões em 2019 (em 2018 foram US$ 98,9 bilhões).
“A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2012, a China tornou-se o principal fornecedor de produtos importados pelo Brasil”, acrescentou a pasta, no mesmo texto.
Quebra de patentes
Durante a audiência na Câmara, o ministro das Relações Exteriores destacou a posição do Brasil contrária à quebra de patentes de insumos e vacinas no combate à pandemia. O Senado discute o tema.
Segundo França, este não é o caminho “mais eficaz”, uma vez que as dificuldades para obtenção de vacinas vem de limites materiais de capacidade de produção.
“Hoje a melhor forma é incentivar a produção, local, global e melhorar os critérios de distribuição com base nos critérios epidemiológicos. Onde a vacina é mais necessária é para lá que deve ir o maior número de doses imediatamente”, defendeu o chanceler.
*Com informações do g1