Ponto ganho, pontos perdidos 

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Mário Marinho – jornalista

Já falei aqui que, no começo das temporadas, as Comissões Técnicas dos times se reúnem, estudam a tabela da competição e vão dando valores aos jogos que farão: 3 significa vitória, 1, empate e 0, nem um ponto. 

Com toda certeza, na avaliação feita pelos comandantes do Tricolor no começo do brasileiro, o jogo contra o América MG, no Morumbi recebeu 3 – vitória na certa. 

Mas, como ensina a cultura do futebol, para vencer é preciso jogar, de preferência jogar bem, e marcar gol – de preferência, gols. 

Não foi o que aconteceu com o São Paulo na noite de quarta, quanto enfrentou o meu América. 

No estudo da tabela feita pelo América no começo da competição, certamente esse jogo foi assinalado como “zero”. Ou seja: vitória descartada. O que vier é lucro. 

O América, portanto, teve lucro de um ponto. 

Soma-se a esse ponto o também improvável ponto conseguido contra o Corinthians, na Arena Neo Química, no domingo, e eis o meu Coelho fora da Zona de Rebaixamento. 

Claro que está ainda em perigo, mas já colocou o pé fora do pegajoso lodaçal. Dá um certo respiro para se preparar para o jogo de domingo contra o forte Flamengo. 

Se no caso do América o empate representou um ponto ganho, para o São Paulo foram dois pontos perdidos. 

E o que explica esse despenhadeiro do São Paulo que um dia joga mal e no outro pior ainda? 

Já elogiei aqui o técnico Hernán Crespo no começo de seu trabalho. Um homem calmo, de postura elegante e resultados rápidos, já que conquistou o título de campeão paulista, interrompendo um amargo jejum que o Tricolor amargava há uma década. 

De repente, não mais do que de repente, o time desandou. 

Não acerta mais, o técnico erra na escalação e não acerta nas substituições. 

Será que lá no São Paulo tem alguém que mostra esses crescentes erros ao Crespo? 

Quanto ao jogo de quarta, transcrevo aqui a mensagem que me foi enviada pelo amigo Ricardo Pereira, histórico torcedor do Tricolor. 

“- O Crespo me dá a sensação que perdeu a mão tanto na escalação quanto nas substituições. 

– Não usou o Benitez e terminou o jogo com 3 volantes: Luan, Nestor e Liziero. 

– O América teve proposta de jogo mais eficiente. Faltou alguém com mais qualidade para encostar no Zarate. Alguém mais incisivo para ganhar o jogo… mas, é a cara do Mancini. 

– O goleiro do América, Mateus Cavichioli, passa a segurança que o Volpi não passa. A defesa americana jogou tranquila, a do São Paulo jogou tensa. Talvez seja por isso que é o time com mais cartão amarelo no Brasileirão. Toda bola dividida o zagueiro dá um chutão. Sinal claro de insegurança. 

– Jogo sofrível. Se tivesse que ir ao Morumbi e pagar ingresso, iria reclamar no Procon!!!” 

Acredito que o Ricardo Pereira, em seu comentário, traduz fielmente o desespero do são-paulino que sofre a cada jogo e vê o time se distanciando dos ponteiros da tabela. 

Mengão na frente 

No Maracanã, o Flamengo fez tranquilamente o dever de casa e venceu o Barcelona de Guayaquil, 2 a 0, saindo na frente no duelo para se tornar finalista na Libertadores. 

O jogo marcou também a estreia do zagueiro David Luiz. 

 

Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo