Orgulho que atravessa gerações

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Davi Tavares Alonso, de apenas sete anos, coleciona 23 pódios oficiais de karatê entre 2023 e 2025, sendo 14 títulos de campeão. (foto arquivo pessoal)

O santista Davi Tavares Alonso, de apenas sete anos, conquistou dois títulos nacionais em João Pessoa (PB) e emocionou o avô materno, o votuporanguense Antonio Carlos Tavares, que acompanha e incentiva a trajetória do neto nos tatames

 

 

Davi é neto do votuporanguense Antonio Carlos Tavares, que se enche de orgulho e emoção a cada nova conquista do jovem talento. (foto arquivo pessoal)

 

Davi compartilha suas conquistas com os colegas do Instituto Ação do Bem – Masahiro Shinzato e os incentiva dizendo que todos podem chegar lá. (foto arquivo pessoal)

@caroline_leidiane

 

O pequeno Davi Tavares Alonso, de apenas sete anos, vem se destacando no karatê nacional e mostrando talento de gente grande. Natural de Santos (SP), o jovem atleta é filho de Andressa Fernandes Tavares e Vinicius de Abreu Requejo Alonso e neto de Antonio Carlos Tavares, morador de Votuporanga.

No último dia 29 de outubro, Davi conquistou dois importantes títulos. Ele foi Campeão Brasileiro de Kata Sub-08 (kyu acima) e Campeão Brasileiro Estudantil, durante a etapa final do Campeonato Brasileiro Interclubes de Karatê, realizada no Ginásio Ronaldão, em João Pessoa (PB).

Representando o estado de São Paulo e o Instituto Ação do Bem – Masahiro Shinzato, Davi venceu a final do Kata Sub-08 contra o também paulista Francisco Gasparoti, com o placar de 32,10 a 31,20. A vitória consagrou o talento do garoto no estilo Shinshukan Shorin Ryu, criado pelo saudoso mestre Shinzato, e mostrou que a tradição segue viva e em movimento.

As conquistas são fruto de um trabalho intenso conduzido pelos senseis Andréa Mesquista, Maurício Yamashiro e Paulo Aguina, e de uma rotina de treinos que exige disciplina e dedicação.

“Foi uma emoção indescritível. Foi um ano todo de treino, sem fins de semana livres, com treinos de três a cinco vezes por semana até as dez da noite. Ver seu filho aos sete anos se tornar campeão brasileiro é algo que não tem preço”, contou a mãe, Andressa Fernandes Tavares, emocionada.

A farmacêutica, que atua há 12 anos na profissão, acompanha cada passo da trajetória do filho e reconhece o papel do esporte em sua formação.

“Procuramos o karatê porque o Davi é filho único e acreditamos que há valores que só as artes marciais ensinam. É um aprendizado diferente do que vem de casa: o respeito, a hierarquia, a disciplina e a autodefesa, que hoje é essencial”, explicou.

A rotina do jovem atleta é intensa. A conciliação entre estudos, treinos e a infância exige esforço da família.

“Participamos este ano do campeonato brasileiro pela segunda vez. Para o Davi, é diversão, mas para mim às vezes é difícil, porque em julho ele não teve férias. Eu me pergunto se não estou tirando a infância dele, mas competir foi uma escolha dele. Ele sai da escola e vai direto para o treino. Muitas vezes perdemos eventos escolares, mas ele sempre escolhe o campeonato, é onde se sente mais feliz”, revelou Andressa.

O Instituto Ação do Bem – Masahiro Shinzato, onde Davi treina, é um projeto social que oferece aulas de karatê e defesa pessoal a crianças a partir dos cinco anos. O objetivo é transformar vidas por meio do esporte.

“Conhecemos o projeto por indicação. Achei que fosse uma academia particular, mas é um projeto social. Lá, somos uma verdadeira família de quimono. O intuito é tirar as crianças das ruas e formar cidadãos. Os professores são carinhosos, pacientes e fazem com que o Davi ame o que faz. Tenho certeza de que, se fossem outros professores, ele não teria essa ligação”, contou a mãe.

O orgulho também ecoa em Votuporanga, na voz do avô materno, Antonio Carlos Tavares, que se emociona com cada conquista do neto.

“Meu pai é muito ligado ao Davi desde sempre. Ele nos colocou no esporte e sempre acreditou que o esporte faz bem. Quando pode, vai assistir às competições e sempre chora. Para ele, é uma honra ver o neto campeão, é um mini Tavares”, disse Andressa, entre risos e emoção.

Com 23 pódios oficiais entre 2023 e 2025, sendo 14 títulos de campeão, Davi já traça sonhos altos: quer chegar à faixa preta, competir internacionalmente e, um dia, treinar em Okinawa, no Japão, berço do karatê.

“Enquanto ele quiser continuar, estaremos com ele. O sonho dele é ir para o Japão com a sensei, e vamos fazer o possível para realizar. Quer levar o estilo Shinshukan Shorin Ryu para o mundo”, contou a mãe, orgulhosa.

O pequeno atleta, que transforma disciplina em alegria, tem mostrado que o esporte, quando cultivado com amor, ultrapassa fronteiras e faz o orgulho de um avô votuporanguense ecoar pelos tatames de todo o país.