
De acordo com a denúncia, a briga no bar localizado no bairro Vila Paes, começou após o servidor da Prefeitura de Votuporanga, Fernando Rodrigo Guerche, de 46 anos, provocar Milton de Oliveira Bolleis, de 70 anos, com a frase: “Mirtão pai, caminhoneiro veado”; investigação desmente testemunhas.
Jorge Honorio
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A Promotoria de Justiça de Votuporanga/SP, na figura do Promotor de Justiça, José Vieira da Costa Neto, denunciou, na última quinta-feira (9.out), à 2ª Vara Criminal de Votuporanga o servidor público municipal Fernando Rodrigo Guerche, de 46 anos, por homicídio triplamente qualificado, no caso que vitimou Milton de Oliveira Bolleis, de 70 anos, e repercutiu regionalmente como o do idoso assassinado com voadora em um bar.
Conforme noticiado pelo Diário, trata-se do caso registrado na noite de 27 de agosto deste ano, em um bar localizado na Rua Toraguma Abe, no bairro Vila Paes.
De acordo com a denúncia, a qual o Diário teve acesso, o crime ocorreu às 20h58, daquela quarta-feira. “Por motivo fútil, utilizando-se de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, matou o idoso Milton de Oliveira Bolleis, de 70 anos, ao lhe desferir uma “voadora” no lado esquerdo do tórax da vítima e, em seguida, golpeá-la, violentamente, com um pedaço de concreto pesando 5,1 kg, atingindo-a, novamente, na região do tórax, ocasionando-lhe Traumatismo Torácico, com fraturas múltiplas dos arcos costais esquerdos (da segunda até a sétima costela), com afundamento da região e hemotórax maciço (acúmulo de 1,5 litros de sangue), evoluindo para choque hipovolêmico decorrente de hemotórax maciço e insuficiência cardiorrespiratória, que foram a causa da morte da vítima, conforme Laudo Necroscópico”, afirmou o Promotor de Justiça.
Em seguida, José Vieira da Costa Neto prossegue detalhando que, após o crime, Fernando Rodrigo Guerche fugiu do local conduzindo um GM/Onix, com sua capacidade psicomotora alterada em decorrência do consumo de álcool, conforme exame de embriaguez.
Muito conhecido em Votuporanga, Fernando Rodrigo Guerche foi candidato a vereador nas últimas eleições pelo Partido Liberal (PL).
Investigações elucidam dinâmic
Segundo as investigações conduzidas pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Votuporanga, Milton de Oliveira Bolleis conhecia Fern
Em seguida, Bolleis, como de costume, teria se sentado em um banco de cimento localizado no lado externo do bar, na calçada, onde ingeriu uma cerveja e passou a assar um espeto numa churrasqueira (era costume dele assar seu próprio espetinho).
De acordo com a denúncia, a aparente normalidade foi quebrada por volta de 20h55, quando, sem qualquer razão, Guerche aproximou-se de Bolleis, que “continuava sentado e quieto na calçada, no mesmo banco, cuidando de sua churrasqueira, e lhe ofende, chamando-o de “Mirtão pai, caminhoneiro veado”, provocação que a vítima, idosa, chefe de família e respeitosa, sabidamente não apreciava.” A fala foi encontrada em uma gravação pela Polícia Civil.
A ofensa desencadeou uma rápida briga entre eles, que entraram em vias de fato. Contudo, rapidamente foi cessado o conflito pela intervenção de outros frequentadores do bar. Após isso, Bolleis retornou ao seu assento e continuou, sentado no mesmo banco, assando os espetos.
“Ocorreu que Guerche, intencionado em ceifar a vida da vítima, dirigiu-se até seu veículo GM/Onix, que estava estacionado do outro lado bar, abriu o porta-malas, passando a procurar por algum objeto que pudesse usar para a agredir a vítima idosa, certamente, uma chave de rodas. Não encontrando, Guerche dá a volta pela frente do automóvel, agacha-se atrás dele, quebra um pedaço de concreto da calçada, armasse com o referido objeto e vai em direção da vítima, que permanecia sentada no mesmo banco de concreto, estando completamente distraída, assando seu espeto”, discorre o Promotor de Justiça.
“Assim, por volta de 20h58, na posse do referido pedaço de concreto, que pesava 5,1 kg, Guerche corre na direção da vítima, toma impulso e, com o pé direito, defere-lhe um golpe de “voadora”, que atinge o lado esquerdo do tórax de Bolleis; na sequência e sem possibilitar qualquer reação de defesa da vítima, Guerche, violentamente e de modo cruel, arremessa o pedaço de concreto, com peso de 5,1 kg, que trazia em suas duas mãos, contra o tórax da vítima. Não satisfeito, Guerche tenta desferir um segundo golpe na vítima com o referido objeto, porém, é impedido pelos usuários do bar”, emenda José Vieira da Costa Neto.
“Vale ressaltar que tamanha foi a violência empregada, que foi possível escutar na gravação dos fatos o momento em que o pedaço de concreto atinge o tórax da vítima, que sofreu Traumatismo Torácico, múltiplas fraturas de costelas (total de seis arcos costais), afundamento e acúmulo de sangue na região atingida, culminado em choque hipovolêmico decorrente de hemotórax maciço e insuficiência cardiorrespiratória, vindo a vítima à óbito, não obstante os esforços empreendidos pelos profissionais de saúde”, ilustra em detalhes.
A denúncia explica ainda que a Polícia Militar foi acionada imediatamente e passou a atuar no atendimento da ocorrência, sendo que no bar, os PMs foram informados de que após uma discussão com Fernando, conhecido por ‘Guerche’, Bolleis foi violentamente agredido e faleceu.
Além disso, os PMs foram informados que Fernando Rodrigo Guerche residia nas proximidades, já pelo local, passaram a chamá-lo, momento em que ele chega conduzindo o veículo “apresentando notórios sinais de embriaguez, como fala pastosa, andar cambaleante e odor etílico.”
O acusado foi preso e apresentado na Central de Flagrantes, onde foi ouvido e permaneceu em silêncio. Posteriormente, Fernando Rodrigo Guerche passou por audiência de custódia e teve sua prisão preventiva decretada, permanecendo à disposição da Justiça.
“Por isso, denuncio a Vossa Excelência Fernando Rodrigo Guerche no art. 121, § 2º, incisos II (fútil), III (meio cruel) e IV (recurso que dificultou a defesa da vítima), c.c. o art. 61, inciso II, letra “h” (vítima maior de 60 anos de idade), ambos do Código Penal e, ainda, em concurso material (art. 69 do CP) no crime conexo do art. 306, caput, da Lei nº. 9.503/1997, e requeiro que, autuada e recebida esta, seja ele citado à ação penal, ouvindo-se as testemunhas abaixo arroladas; prosseguindo-se até final sentença de pronúncia e condenação do réu pelo Tribunal do Júri, fixando-se indenização mínima à família da vítima”, concluiu o Promotor de Justiça, José Vieira da Costa Neto.
A Polícia Civil concluiu ainda que, imagens registradas do crime desmascararam o relato de alguns indivíduos que estavam no bar, assistiram ao crime, porém, se omitiriam e mentiram durante o processo de investigação.
Justiça recebe denúncia, abre prazos e marca julgamento
A denúncia foi recebida pelo Juiz de Direito Dr. Vinicius Castrequi
No mesmo aceite, o Juiz de Direito determinou audiência de instrução, interrogatório, debates e o julgamento para o dia 26/11/2025, às 13h30.
O que diz a defesa de Fernando Rodrigo Guerche?
A reportagem do Diário, procurou a defesa de Fernando Rodrigo Guerche, contudo, até o fechamento desta reportagem, não havia comentado o desfecho do caso, permanecendo o espaço para manifestação em aberto.