“Esse vírus é uma fraude!”, diz ativista pelo impeachment de Doria em SP

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Ato anti-isolamento social, no domingo, 5 de abril: "Quem vive em buraco é rato!" – (Imagem: Nando Matheus)

 

 

  • Paulo Sampaio – Colunista do UOL –

 

 

Acalorado ativista contra as medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de covid-19, o engenheiro Antônio Carlos Bronzeri, 64 anos, afirma que o novo coronavírus é uma “fraude”. Segundo ele, as mais de duas mil mortes registradas pelo ministério da Saúde foram em decorrência do H1N1, vírus que causou uma pandemia em 2009.

“Você acredita naqueles vídeos que andaram passando, de chineses agonizando por causa da tal gripe (covid-19)? Aquelas pessoas estavam desmaiando é de fome”, afirma o engenheiro, ferrenho detrator do comunismo.

Bronze, como costuma ser chamado, é sempre a voz mais alta nos atos convocados por WhatsApp contra a suspensão temporária das atividades comerciais. Na maior parte das vezes, os participantes se encontram em frente a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na avenida Paulista, e, quando há muita gente, são no máximo 100 pessoas. Pouco para uma manifestação, mas muito para as recomendações de distanciamento entre pessoas feitas pelas autoridades de saúde do mundo todo.

Impeachment de Doria

O forte do movimento são as carreatas, que chegam a atrair cerca de mil veículos, entre automóveis, motos e caminhões. Ontem, os motoristas foram do ginásio do Ibirapuera, na zona oeste de São Paulo, até o prédio da TV Globo, na zona sul. Na concentração, os manifestantes distribuíram adesivos com a expressão “globolixo”, sugerindo que todos colassem no vidro do carro. Há outra carreata prevista para hoje.

Fundador da “Frente Brasileira Conservadora”, Bronze agora tem como principal alvo o governador João Doria Jr., de quem ele e seus correligionários pedem o impeachment. O movimento “Fora Doria” ataca o governador desde que ele decretou o fechamento do comércio e de todos os serviços não essenciais no estado.

Seis filhos, várias mulheres

Vozeirão impositivo, rosto redondo coberto por uma cabeleira grisalha e uma barba farta, o engenheiro conta que foi dono de uma holding de tecnologia chamada Pres-Switch, que agregava fabricantes de caldeiras, vasos de pressão e injeção de plástico, e uma empresa de prestação de serviços. Afirma que chegou a ter 60 funcionários. “Perdi tudo na recessão da Dilma.”

Pai de seis filhos com várias mulheres (“sou terminantemente contra o aborto”), ele explica que nunca se casou porque “não teria coragem de garantir perante Deus a intenção de constituir uma família”. “Fui um pai ausente. Por sorte, as mães dos meus filhos são supermulheres.” Ele diz que suas paixões na vida são, “nesta ordem”, mulher, bola, física e matemática.

Judeu espiritualista

Muito sério, fala com um misto de orgulho e falsa modéstia que as mulheres já lhe trouxeram alguns problemas. “Sempre fui muito assediado. Em uma das minhas empresas, duas enfermeiras me encurralaram num canto para me obrigar a transar com elas. Se você transa com uma mulher dessas, tá ferrado! Elas acabam com a sua imagem depois”, ensina.

Mas por que elas teriam encurralado Bronze? “Sei lá, tesão.”

Definindo-se como judeu espiritualista, Bronzeri (um acrônimo de Bronstein) considera os ortodoxos “ignorantes”. “Qualquer ortodoxia é ignorante, porque você parte do princípio de que é dono da verdade.”

Oficial convocado no regime militar

Durante o período da ditadura militar — que Bronze diz que nunca existiu —, ele era oficial de reserva do exército e foi convocado para trabalhar nos interrogatórios aos presos políticos.

“Eu entrei no exército como terceiro tenente, depois fui subindo, por outros motivos. Ele me chamaram, pelo meu conhecimento, para ficar nas casas de cooptação. Eu entrevistava os comunistas”, diz.

Bronze nega que tenha havido tortura. “Eu fazia as mesmas perguntas durante várias horas, e mostrava fotos das bombas que os companheiros terroristas deles tinham jogado na cidade, o estrago que produziam, as pessoas que matavam. Depois, entrava o oficial do outro turno, e recomeçava o trabalho com as mesmas perguntas. Você acha que isso é tortura?”

Segundo a organização, a carreata de ontem atraiu cerca de mil veículos; foi do Ibirapuera ao prédio da TV Globo (“globolixo”) – Paulo Sampaio/UOL (Imagem: Paulo Sampaio/UOL)

Você votou em Jair Bolsonaro com convicção, ou contra o PT?

Antônio Carlos Bronzeri — Contra o PT.

Se arrependeu?

Nunca. Pela primeira vez no Brasil não há roubo. Acabou isso no País.

Pelo menos dois altos postos do governo foram acusados de participar de esquemas de corrupção: o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e o chefe da secretaria de Comunicação Social da Presidência, Fábio Wajngarten.

Cada um tem seus valores, é preciso respeitar as limitações das pessoas. Mas a gente sabe que ninguém é inocente nessa história.

Bolsonaro manteve os dois.

Você segura determinadas situações, até o momento em que explode.

A manutenção do Marcelo Álvaro no cargo tomou a dimensão de um mistério.

Pra todo mundo. Você acha que o Bolsonaro não é um mistério pra mim?

O senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, foi acusado de envolvimento em um esquema de rachadinha de salários com funcionários de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando era deputado estadual (2007-2018). O coordenador do esquema seria o assessor parlamentar Fabrício Queiroz, que, segundo as investigações, teria elos com a milícia.

Aquele Flávio é um pilantra. Veja, quando você faz um omelete, precisa quebrar ovos. Eu quero que você entenda que eu não sou um militante burro. Nós sabemos que isso existe.

Você defende que não há mais “roubalheira” no País.

Deixa eu te explicar. Não existe mais como havia. O Paulo Guedes é extremamente inteligente, competente. É onde o governo precisava ter alguém de valor.

Os críticos da política econômica do governo afirmam que Guedes não olha para os menos favorecidos. Que, como ex-executivo do mercado financeiro, prioriza a elite. De fato, ele não foi atrás dos maiores inadimplentes, não taxou as grandes fortunas, não reduziu a renúncia fiscal. Significa que, se a situação não piorou, continua ruim para a maior parte da população.

Quando você assume uma coisa que está contaminada, não é da noite para o dia que você vai resolver.

Sabe quantos salários seus, em um ano, o governo leva de impostos? Quatro. Quatro meses de cada trabalhador, para manter a cleptocracia.

Bolsonaro assumiu há mais de um ano, e eu continuo pagando o mesmo valor.

Claro que continua. O Brasil está tão quebrado que você não consegue mexer na receita enquanto não pagar o que roubaram.

 

E quando vão começar a aparecer os resultados? Outra crítica que fazem ao Guedes é essa.

Calma. Não deixam o cara trabalhar.

O presidente tem enfrentado muitas crises, dentro e fora do governo. Um número crescente de opositores dele — incluindo os ex-aliados — o acusam de estar mais preocupado em alimentar picuinhas do que em resolver problemas como o da “roubalheira”.

É por isso que a gente tem de ir pra a rua! Pra quebrar esse histórico de servidão do povo. O brasileiro é muito passivo, entrega sem reclamar um dinheirão na mão do governo. O Estado foi aparelhado inteligentemente para dar aos cleptocratas um poder fora do comum. Procuradores, juízes, todo esse povo que manipula a ordem jurídica nacional ganha uma fortuna que em nenhum outro país do mundo, na mesma função, eles ganhariam.

 

Você nutre um ódio especial pelo PT. Acha que a “cleptocracia” é um advento do governo Lula?

Não, é anterior. O Fernando Henrique é um traste. Não se iluda: o PT e o PSDB são o mesmo partido! Só mudou o canalha. Saiu um, entrou outro, ficou tudo igual. A briga entre eles não é de viés político, é de vaidade.

No que o PSL seria diferente? Ou o Bolsonaro, que agora está sem partido?

Veja bem, não existe “bolsonarismo”, existe o certo e o errado. A gente só precisava colocar lá alguém que tivesse a competência escolher um gabinete técnico. Isso ele fez.

Qual a sua opinião sobre o ministro da Educação, Abraham Weintraub?

 

Eu o vejo como uma pessoa comum, normal, como eu, você, com conhecimento das coisas. Não tem uma educação elitizada.

Você acha que ele foi “técnico” no episódio do Enem?

Você não sabe como é podre o governo por dentro. Os caras descaracterizam tudo.

Ao que parece, o ex-ministro Luiz Fernando Mandetta saiu do governo por ser técnico demais. Ou por não concordar com a técnica do Bolsonaro.

O Mandetta nunca foi técnico, ele é um político oportunista.

 

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cumprimentam-se durante a cerimônia de posse do novo ministro da Saúde do Brasil, Nelson Teich, no Palácio do Planalto em Brasília – UESLEI MARCELINO/REUTERS

 

Mas e o posicionamento dele em relação à pandemia…

Mas que pandemia?? Veja, o povo brasileiro é manipulado desde sempre. É histórico. Você agora está sendo manipulado por um vírus que não existe.

Não existe?

Você já ouviu falar em DNA, em RNA, em duplicação? RNA transmissor e RNA codificador? O coronavírus só dá em cachorro, rato, gato, só em mamíferos de ordem inferior. A hemoglobina do primata, a classe da qual nós fazemos parte, tem um anticorpo que não permite a entrada do vírus na célula.

Há registro de mais de duas mil mortes só no Brasil.

 

As pessoas estão morrendo de H1N1. Tudo isso é uma fraude montada para atender os interesses dos corruptos. Você sabe quanto está custando o hospital de campanha do Doria, no Pacaembu? R$ 300 milhões. Sabe quanto custou aquele que o Bolsonaro construiu em Goiás? R$ 10 milhões. O que está matando o povo é o vírus da corrupção.

No mundo todo?

Começou na China. Você acredita naqueles vídeos que andaram passando, de chineses agonizando por causa do tal vírus? Aquelas pessoas estavam desmaiando é de fome.

Quando foi convidada para assumir a secretaria da Cultura, a atriz Regina Duarte respondeu que não se sentia preparada. Você acha que Bolsonaro estava pensando no “gabinete técnico” do governo, ao escolhê-la?

Não tenho ideia formada sobre a escolha da Regina Duarte.

 

Ex-ministro Roberto Alvim, em pronunciamento com plágio de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler – Reprodução

Antes dela, estava o Roberto Alvim, que se inspirou em um discurso do ministro da Propaganda da Alemanha nazista…

Aquilo é um maluco. Você vem citar esse cara para um judeu…

Você é religioso?

Não sou ortodoxo. Qualquer ortodoxia é ignorante, porque você parte do princípio de que é dono da verdade. Uma arrogância absurda. O que mata o homem é o ego. É o que está matando o Doria.

Você não votou nele? O Doria era aliado do Bolsonaro na eleição.

 

Eu nunca votaria nesse cafajeste. Eu o conheço desde a época do Sarney, quando foi expulso da Embratur. Sempre foi um lobista sem-vergonha.

Por que seus manifestos são na porta da Fiesp?

Para chamar a atenção dos empresários para a ruína financeira a que essa quarentena está nos levando. E também para dizer a eles que eu sei o que se passa lá dentro. A Fiesp virou um antro de politicagem, de roubo de verba pública, de canalhice. Já falei para o Paulo Skaf, eu não voto mais em representante dos empresários que não representa os empresários.

Uma alegoria de Dória paramentado com roupa de proteção contra o vírus e uma echarpe cor-de-rosa – Paulo Sampaio/UOL

 

Desde quando o Brasil está sob o regime da “cleptocracia”?

 

Em 1988, o Ulysses Guimarães foi ao Congresso Nacional e apresentou o maior tratado de formação de quadrilha de que se tem notícia no mundo. Chamou de constituição cidadã. Leia esse tratado, você vai ver.

Aquilo não é uma constituição de Estado, mas de governo. A intenção daquele grupo era permanecer para sempre no poder. Basta ver o que aconteceu depois.

Esse 142 que você vê escrito na minha camiseta não é a defesa de um golpe, é um apelo de mudança na Constituição. Não sou a favor de impor uma ditadura, isso não existe. Ditadura militar nunca existiu no Brasil. O que houve foi um regime de exceção…

O 142, em alusão ao artigo da Constituição, é usado por manifestantes para defender que as Forças Armadas fechem o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal; na verdade, o artigo não oferece essa possibilidade.

 

Ué?

Sim, um regime de exceção para combater a ditadura que seria implantada. O que eles chamam de golpe foi um contragolpe. Na época, o partido comunista chinês, o soviético e o da indochina estavam tentando se estabelecer no Brasil, para mudar nossos valores.

Houve uma revolta no clube do sargento, no Rio, contra o Carlos Lacerda (governador do Rio). O Exército estava contaminado também. De onde saíram os principais terroristas? De dentro do Exército. O que o Carlos Lamarca (um dos expoentes na liderança da luta armada contra a ditadura) era? Capitão.

O Exército não admite sublevação. Lá existe um regime de lei e ordem, uma hierarquia muito rígida. Justamente para não perder o comando da tropa. Já imaginou isso!?

 

O Brasil estava caminhando para uma ditadura comunista, o Exército precisou intervir.

Mas você, como democrata, não deveria defender um regime de exceção.

O povo queria. Todos eram contra a ditadura.

Que povo?

Que fez a revolta. O que os comunistas chamam de golpe foi o que o povo pedia nas ruas. No Rio de Janeiro, a região da Candelária ficou lotada; no centro de São Paulo você não andava.

As atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell em 1968, durante a passeata dos cem mil, em protesto contra a ditadura militar no Brasil, no Rio de Janeiro – Imagem: Reprodução

 

Mas não eram manifestações contra a ditadura militar?

 

Nãããooo. As esquerdas criaram esse protagonismo, o povo engoliu. Foi um emburrecimento. Olha as manchetes da época, eu tenho, te mando. O Ranieri Mazilli era o presidente da Câmara, o Castello Branco foi escolhido por unanimidade. O Ulysses Guimarães era deputado, assinou o documento de posse do Castello Branco.

No regime de exceção ao qual você se refere, muita gente foi torturada.

Sabe quantas pessoas morreram, na tal ditadura do Brasil? Menos de 500. Na verdade, 249.

Relatório final da Comissão Nacional da Verdade concluiu que houve 434 mortos pelo regime durante a ditadura militar (1964-1985).

Uma morte por tortura já seria muito.

Entenda o que eu quero dizer. A maioria era por justiçamento. A tortura aconteceu porque o canalha agitador comunista safado recebia dinheiro de Cuba, da China, da União Soviética. A Polícia Civil ia atrás desse dinheiro, que era um dinheiro ilegal, para terrorismo. Eu sei porque trabalhei em uma das casas de cooptação que o Exército mantinha em suas unidades.

Como funcionava?

Você pegava o terrorista, veja, ninguém matava o terrorista, tanto é que o Gabeira está vivo, o Geraldo Vandré.

O Gabeira deixou o país.

Claro, ele ia ser morto pelos terroristas. O Franklin Martins (jornalista, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social durante o segundo mandato do presidente Lula), você não sabe o que ele mandou matar de gente, esse assassino. Esse cara vai torrar no inferno. Psicopata, não tem consciência.

Mas a casa de cooptação…

 

Então, eu era oficial temporário do Exército. Recebia uma pranchetinha, ficava o dia inteiro questionando o comunista. Eu saía, entrava o oficial do outro turno, a mesma coisa. A tortura era essa.

Você foi cooptado pelos militares.

Não, eu fui engajado, pelo meu conhecimento.

Então você participou disso que se costuma chamar de tortura?

Claro! Mas não era tortura, isso é uma mentira, não existiu. Eu interrogava os comunistas durante várias horas, mostrava fotos das bombas que os companheiros terroristas deles tinham jogado na cidade, o estrago que produziam, as pessoas que matavam. Mostrava as fotos e fazia perguntas, perguntava, perguntava. Sempre as mesmas perguntas. Isso é tortura?

Ustra participa da primeira audiência pública promovida pela Comissão Nacional da Verdade, em 2013 – (Sergio Lima/Folhapress)

O que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado como torturador, fazia?

Isso que dizem do Ustra tem a ver com uma cagada que fizeram na época. O Ustra tinha muito cuidado com os presos políticos, buscava proteger as vidas deles. Não os colocava na mesma cela, para não se matarem. Na hora do banho de sol, por exemplo, mandava sempre dois presos de compleição física parecida. Nunca um forte e um fraco, para eles não se matarem.

Bom, mas o Ustra viajava muito, ele estava quase sendo promovido a adido militar. Numa dessas viagens, ficou no lugar dele uma besta, que mandou abrirem as celas e deixou que os terroristas conversassem livremente.

 

No Doi-Codi da Tutoia havia um corredor comprido entre as celas. O (jornalista Vladimir) Herzog estava entre eles. Acontece que o Herzog era aquele que sabia tudo de todo mundo, todos choravam no colo dele. Então, naquele dia, graças à asneira daquele coronel [Bronze não conseguiu se lembrar o nome] ele foi assassinado pelos próprios companheiros, como queima de arquivo.

O coronel Ustra foi o primeiro oficial brasileiro a ser condenado por sequestro e tortura durante a ditadura militar. Ainda teve condenações posteriores e diversos relatos o apontando como autor de castigos físicos a presos políticos. Sempre negou as acusações. Morreu em 2015.

Você afinal era oficial do Exército?

Sim.

Qual a sua patente?

 

Não, nós fomos cassados. Todos nós.

Nós quem?

Os oficiais que trabalharam nas casas de cooptação. Se você bater no Exército, não vai achar meu RM (registro militar), que era 17.175. Eu entrei como terceiro tenente. Fui subindo por outros motivos.

Foi cassado por quem?

No governo do Fernando Henrique, ele acabou com o Estado Maior das Forças Armadas, instaurou o Gabinete de Segurança Nacional, e colocou lá o Leonidas Pires Gonçalves. O Fernando Henrique era um comunista safado, não suportava o Exército.