‘É muito parecido com o que tentaram fazer comigo’, diz Trump sobre condenação de Bolsonaro

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O presidente dos EUA Donald Trump criticou a condenação de Bolsonaro - Foto: Alex Brandon/AP

O presidente americano foi questionado, mas não respondeu efetivamente a jornalistas se aplicaria novas sanções ao Brasil em decorrência do resultado do julgamento.


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu nesta quinta-feira (11.set), à condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Trump indicou surpresa com a notícia de que a Corte condenou o ex-presidente brasileiro.

“Eu assisti a esse julgamento. Eu o conheço muito bem. Um líder estrangeiro, sei que foi um bom presidente do Brasil. É muito surpreendente que isso possa ter acontecido”, afirmou Trump, antes de embarcar no helicóptero oficial para um jogo de beisebol em Nova York.

O presidente americano também comparou a própria situação jurídica com a de Bolsonaro. Ele foi processado por causa da invasão no Capitólio em 6 de janeiro de 2021: “É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de forma alguma. Eu só posso dizer isso. Eu o conhecia como presidente do Brasil. Ele era um bom homem. E eu não vejo isso acontecendo”.

O presidente americano foi questionado, mas não respondeu efetivamente a jornalistas se aplicaria novas sanções ao Brasil em decorrência do resultado do julgamento.

Autoridades do Palácio do Planalto, no entanto, aguardam novas ações punitivas. Eles especulam que as medidas possam recair sobre o âmbito comercial entre os países ou agentes públicos do Supremo e do Executivo, na esfera financeira (Lei Magnitsky) ou pessoal (vistos), inclusive familiares.

Outro risco já mapeado são sanções secundárias ao País motivadas pela compra de diesel russo, como ocorreu com a Índia. Houve ainda um indicativo de que o Tesouro americano poderia apertar o cerco a instituições financeiras brasileiras – dias atrás o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) questionou os bancos que operam nos EUA sobre providências para aplicar a sanção a Moraes.

Quando impôs o tarifaço de 50% sobre a pauta de exportações brasileiras, Trump se referiu ao processo penal do golpe como uma “caça às bruxas” e exigiu que fosse “imediatamente” abandonado. Segundo o republicano, a ação criminal seria uma “vergonha internacional”.

Representantes do governo Trump indicaram a interlocutores do Brasil nas últimas semanas que há um impasse e que a questão de fundo é política. Eles também reiteraram publicamente, por meio do Departamento de Estado, que haveria novas medidas em razão do que consideram perseguição a Bolsonaro.

Na reta final do julgamento, a Casa Branca havia dito que Trump não hesitaria em tomar ações para aplicar o poderio econômico ou militar dos EUA a fim de “proteger a liberdade de expressão” no mundo. A declaração foi dada pela porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, quando indagada sobre novas sanções ao País.

*Com informações do Estadão