Cyberbullying: Muito além de brincadeira

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 O investigador de polícia Jairo Bertelli Gabaldi ministrando uma de suas palestras sobre bullying e cyberbullying.

O investigador de polícia Jairo Bertelli Gabaldi tem promovido palestras e treinamentos a fim de conscientizar alunos, educadores, pais e a sociedade sobre as consequências do bullying e do cyberbullying para as vítimas e como denunciar

@leidiane_vicente

Nunca foi uma brincadeira e muito menos inocente. O bullying é um comportamento agressivo e repetitivo, caracterizado pela intenção de causar dano ou humilhar uma ou mais vítimas. Pode ocorrer de diversas formas, como agressões físicas, verbais ou sociais. Geralmente, envolve uma relação de poder desigual, onde o autor se sente superior ao alvo.

O termo foi cunhado na década de 1970, pelo psicólogo sueco-norueguês Dan Olweus, mas, no Brasil, a questão começou a ganhar corpo somente em 1990. Atualmente, ainda é discutido e questionado o seu teor de violência, principalmente no âmbito escolar.

A questão é que o bullying ganhou ainda mais força na convivência virtual, onde é chamado de cyberbullying. A prática é muito comum entre adolescentes e jovens por conta do acesso massivo às redes sociais.

“Ao contrário do bullying tradicional, o cyberbullying pode ser anônimo e alcançar um público maior rapidamente. As consequências podem ser igualmente graves, afetando a saúde mental e emocional do alvo”, afirma Jairo Bertelli Gabaldi, investigador de polícia na delegacia seccional de Votuporanga.

Segundo o Código Penal Brasileiro, bullying e cyberbullying são considerados crimes, com pena de reclusão ou apenas multa, dependendo do teor da conduta.

De acordo com o investigador, as consequências desses tipos de violência para as vítimas são devastadoras. “Muitas pessoas enfrentam ansiedade, depressão e sentimentos de solidão, impactando sua saúde mental. Além disso, essa prática em espaço escolar pode levar a pessoa ao isolamento”, explica.

Para prevenir e evitar essas situações que tendem a disseminar o ódio, tanto no convívio social quanto nas redes sociais, Jairo tem proposto um programa de conscientização que consiste em promover palestras e treinamentos em escolas, universidades, clubes de serviços, prefeituras e órgãos públicos, na região noroeste paulista.

Dentro da sua temática, ele incentiva os educadores e pais a terem conversas abertas com as crianças, adolescentes e jovens sobre a utilização responsável da internet. O que é essencial, pois é preciso moderação no conteúdo publicado em meio ao ciberespaço.

Nem mesmo quem cria perfis falsos para atacar outras pessoas ficam no anonimato. Já é possível descobrir quem são os “fakes” rastreando o IP (Internet Protocol) ou protocolo de rede dos computadores e smartphones que eles utilizam.

Dentro da pauta do investigador de polícia, também são colocados em prática assuntos como empatia e respeito, destacando a importância da denúncia. “As palestras ajudam a criar um ambiente aberto e acolhedor para as pessoas alvos dessa conduta. Além disso, promovem o diálogo entre estudantes, sua família e sociedade, facilitando a identificação de comportamentos agressivos”, diz Jairo.

E faz uma apelação “não seja plateia, o bullying não tem graça!”.