Regina Hercos, autora do livro `Quando o Telefone Toca` e articulista deste Diário aos sábados; Momento de emoção na chegada de Regina ao Santuário podendo colocar nos pés da Santa Mãe seu primeiro livro
A Catedral de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, no interior de São Paulo, é o maior templo católico do País e o segundo maior do mundo, perdendo apenas para o Vaticano. Por ano, a Catedral recebe cerca de 12 milhões de peregrinos, vindos de vários cantos do País.
Peregrinar é caminhar numa única direção: o Deus que vive dentro de cada um de nós.
Foi com esse objetivo de caminhar em direção à Santa Mãe envolvidos pela espiritualidade e fé que vive em cada um, no outro e na natureza, que Regina Célia Viscardi Hercos, Luis Antônio da Penha (Lili) e Ricardo Gambelone realizaram a experiência do “encontro no caminho”.
Regina relata que foram 58 dias de preparação física e mental para que ela juntamente com os dois amigos pudessem realizar o caminho de 258 km.
A caminhada dos três começou em Itatiba (SP) no dia 10/02 às 20h e a chegada à Catedral de Aparecida aconteceu no dia 16/02 perto de 15h20, foram 6 dias de caminhada. “Antes de sairmos para essa jornada de fé, fomos rodeados por pessoas que nos abraçaram literalmente e juntos fizemos orações, um momento já desde o início carregado de emoção e muita espiritualidade”, conta Regina.
“Durante todo o percurso, com Deus que conosco caminhou, nos sustentou e se revelou a nós das mais diferentes formas: Nas mensagens via redes sociais que recebemos durante toda a caminhada, enviadas por familiares, amigos com incentivo permanente e comunhão, nas pessoas que passavam respeitosamente e naquelas que encontrávamos no percurso.”
“Enfrentamos no percurso, adversidades, como calo nos pés, bolhas, cansaço corporal e mental e até algumas dores físicas, passamos por mudanças climáticas, interferências corporais e mentais, provenientes do cansaço de uma caminhada prolongada. Eu e meus companheiros de jornada pudemos observar que a fé e a devoção foram fatores que muito nos motivou o tempo todo. A caminhada da fé se dá através da espiritualidade de cada um, mas ao mesmo tempo é um entrelaçamento coletivo e social, a “transformação” que a peregrinação opera é capaz de acionar valores e praticas centradas no compromisso social com o outro”.
“Em momento nenhum a palavra “sofrimento” passou por minha cabeça, e de alguma forma sei que tanto o Lili como o Ricardo pensavam da mesma forma, posso afirmar isso porque a energia e a sintonia que havia entre nós era perfeita. Acredito que um romeiro com pés cheios de bolhas possa sentir um desconforto, mas não um sofrimento. Mas para entender como isso funciona é preciso estar ali vivenciando tudo! É algo que não tem explicação. O corpo dói, mas a alma quer mais, quer ir além, quer se superar.”
DV: O que você buscava exatamente com a caminhada da fé?
“Eu desejei muito fazer essa caminhada, uma experiência única de profunda reflexão, um encontro interior comigo mesma, saí totalmente entregue de corpo e alma, mas certeza de nada eu tinha”.
DV: Qual o sentimento que fica disso tudo?
“Saber que os meus limites físicos eu consigo superar e no ápice da dor e do cansaço eu de maneira inexplicável atinjo outro nível, “transcender” é a palavra que traduz fé inabalável e muita emoção”.
DV: Como foi durante à caminhada a união de vocês três e como pelo caminho vocês eram vistos e recebidos por pessoas que encontravam?
“Durante todo trajeto eu, o Lili e Ricardo estivemos unidos por meio da oração, contemplação da natureza, do silêncio, do desapego e por sermos impactados a todo o momento, com a simplicidade e beleza das pessoas, que durante o percurso se mostraram dispostas a acolher e partilhar conosco diversos momentos “.
DV: Que fé é essa que faz 3 pessoas andarem 258km, em seis dias?
“Para entender esta fé, é preciso senti-la. E foi isso que eu com meus dois companheiros fizemos nestes seis dias de caminhada”.
“Na estrada, a energia é tanta que dores e cansaço não derrubam facilmente. É ali, na estrada, com os dois pés no chão, que a mente ganha asas e capta o recado que o Universo quer transmitir. Os pensamentos passeiam longe, e os problemas que enfrentamos no nosso dia a dia parecem pequenos diante da magnitude da energia e da fé que sentimos”.
DV: Você disse que essa experiência se tornaria seu segundo livro, o que você espera alcançar através desse livro no coração das pessoas?
“O intuito desse livro é mostrar que a fé, a força de vontade, aliada ao amor, pode transformar a vida das pessoas, e levarem-nas a uma superação nos momentos mais difíceis da vida. Até na compreensão da morte e como essa compreensão pode trazer uma lucidez à vida”.
DV: Como você se sente hoje depois dessa experiência de fé?
“Estou experimentando a felicidade de estar de bem comigo mesma. São os milagres da estrada!”
A “trilha de fé”, maravilha em forma de natureza
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(Andrea Anciaes)