Por Jefferson Camargo
Durante a maior parte da última década, as premiações individuais foram completamente dominadas por Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. A competitividade entre os dois sempre ajudou a manter o sarrafo lá no alto, com um puxando o nível de exigência do outro. Com dois nomes tão diferentes dos demais, os prêmios entraram em uma nova fase: a das estatísticas e taças como critérios.
Entre 2014 e 2018, as cinco edições de Champions League tiveram Messi ou Cristiano Ronaldo como campeões. Voltando um pouco mais, desde 2008, apenas três anos (2010, 2012 e 2013) não tiveram um representante da dupla no alto do pódio do torneio mais importante de clubes do planeta. Não é normal.
Diante de tanta anormalidade, as premiações se viram em uma situação bastante peculiar: como não recompensar um deles? E pior: como escolher qual deles recompensar sem criar uma injustiça?
O conceito de justiça é bastante relativo em avaliações subjetivas. E qualquer voto, em uma premiação, é subjetivo. Seguirá critérios próprios, podendo conter mais ou menos horas de futebol assistido, maior ou menor preferência pelo estilo de um ou outro, mais ou menos peso para estatísticas, maior ou menor necessidade de premiar um campeão… e por aí vai.
Diferentemente de boa parte da história dos prêmios da Fifa ou da Bola de Ouro da France Football, a polarização gerou um momento tão extremo que fugiu do lado mais lúdico da festa. Não bastava opinar sobre o melhor. Ao comparar jogadores com números de máquinas, era necessário justificar. E, teoricamente, nada mais óbvio que usar números para mensurar. Assim, começou uma guerra dos dados, muitas vezes frios e fora de contexto, mas que se espalham pela internet como verdades absolutas e fórmulas incontestáveis.
Só que, por mais que a qualidade da estatística evolua cada vez mais no futebol, qualquer avaliação ainda precisa da análise do jogo. E tal guerra tentou dar uma objetividade incoerente com a proposta do prêmio. Quem foi o melhor jogador do ano? A pergunta é ótima, mas não é quem teve melhores números, quem fez mais gols ou quem conquistou mais títulos no ano. E são coisas diferentes, embora possam ser complementares.