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Os parlamentares, 1º e 2º secretários da Mesa Diretora, respectivamente, estão se estranhando nas últimas aparições públicas; desta vez, o filho do líder do Governo na Câmara, presente na galeria, chamou Emerson Pereira de ‘safado’, enquanto Marcos Moreno deixou o plenário antes mesmo do fim da sessão.
Jorge Honorio
Jornalista
O comportamento belicoso entre dois vereadores atuais integrantes da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Votuporanga/SP vem chamando a atenção em suas aparições públicas e ganhou mais um contorno na 4ª sessão ordinária desta segunda-feira (17.fev), em questão, o 1º Secretário, Emerson Pereira (PSD), e o 2º Secretário e líder do Governo Jorge Seba (PSD) e Torrinha (PL), Sargento Marcos Moreno (PL).
Desta vez, talvez, levados pelo clima beligerante imposto pelo grande número de manifestantes presentes nas galerias da Casa de Leis, os parlamentares pareciam mais sensíveis a apontamentos alheios. Contudo, claramente, o mal-estar entre os dois vizinhos de cadeira não começou exatamente ali e foi trazido dos bastidores.
Dito isso, com pouco mais de duas horas de sessão, Sargento Marcos Moreno utilizada a tribuna e falava sobre a normalização de condutas erradas, como por exemplo, o furto de fios do novo Paço Municipal, quando Emerson Pereira interpelou o presidente Daniel David (MDB) exigindo o cumprimento do rito: “Senhor presidente eu gostaria que ele cumprisse o regimento interno da Casa, ele tem que falar sobre Liderança de Governo, de Partido. Não aceito que fale meu nome. Senhor presidente, peço que vossa excelência tome providências, que cumpra o regimento. Ele que vá falar em Explicação Pessoal e não em Liderança de Partido. Ele está errado, presidente. Não quero sermão dele, presidente. Vossa excelência, não aceito sermão do Moreno.”
A fala de Emerson Pereira fez com que Marcos Moreno desistisse do pronunciamento e voltasse para sua cadeira, exatamente, ao lado do 1º Secretário, gerando uma troca de farpas acalorada que precisou ser arbitrada por Daniel David e, por precaução, a aproximação de funcionários da Casa.
A sessão seguiu e momentos depois, com a abertura da Explicação Pessoal, Sargento Marcos Moreno voltou à tribuna, onde declarou lealdade a Polícia Militar e desabafou: “Eu queria aqui neste instante falar sobre lealdade e constância. Lealdade e constância é o lema que o policial militar carrega no brasão da sua farda. Então, lealdade e constância é aquilo que a gente aprende e cumpre e faz sobre honrarias, sobre desafios, sobre o risco da própria vida. Lealdade é o que nós temos. E eu estou falando isso e trazendo para essa casa porque há quatro semanas, há quatro sessões, quatro segundas-feiras, eu estive aqui nessa tribuna falando que nós, como novos vereadores, que nós pudéssemos exercer a atividade de vereador com competência, com dignidade. Foi por isso que eu comentei que existia e existe novos vereadores e que esses novos vereadores sejam de cabeças abertas e que não venha com a velha política de enganar pessoas. Pessoas que ouvem apenas o que interessa. De vereadores ou de pessoas que usam a tribuna para falar o que bem achar propício, mas com verdades. Doa a quem doer, mas fale a verdade. Votou contra, votou a favor, está aí, está transparente.”
“Para que os senhores saibam, hoje, o vereador em questão [Emerson Pereira] colocou em trâmite uma moção aqui para a criação da atividade delegada. E eu quero dizer a vocês que durante três anos e três meses que eu estive em frente à Secretaria de Segurança, eu fui a pessoa que mais brigou por atividade delegada nessa cidade. De duas vagas que o ex-prefeito tinha, nós conseguimos elevar para dez vagas da atividade delegada da Infantaria. Nós criamos a atividade delegada da Ambiental para quatro vagas. Nós tentamos criar a atividade delegada da Polícia Rodoviária e não conseguimos. Nós tentamos criar a atividade delegada da Polícia Civil e não conseguimos. Não evoluiu. Portanto, a leitura do vereador, o vereador que fez menção ao meu nome, dizendo que eu não havia votado para uma… E ele recebeu o recado, detalhe, ele recebeu o recado dizendo que eu assinaria amanhã, mas usou a tribuna para falar que eu não votei com uma moção ou uma situação para se criar a atividade delegada da Polícia Civil, que eu sou totalmente a favor. Porque vocês não verão esse policial que aqui empossa hoje um cargo de vereador, que corre no meu sangue a Polícia Militar, vocês não verão eu dar nome para parque ecológico com nome de ex-presidiário, não. Vocês verão dignidade em tudo que eu fizer. Não virei aqui fazer indicação de nomes de rua ou de qualquer outra coisa aí para cadeieiro. Me respeite para ser respeitado”, concluiu.
Imediatamente, Emerson Pereira pediu a palavra e respondeu: “Eu gostaria de salientar ao nobre vereador Sargento Moreno, que o vereador deveria ter bravata para votar o projeto polêmico que acabamos de votar, isso sim, de defender o prefeito firmemente da tribuna, mas não de falar sobre a minha pessoa. Inclusive, presidente, o nobre vereador deve estar desinformado, não foi votado nenhum projeto aqui nesta noite para que o vereador possa vir a esse vereador dizendo que foi votado e que excluiu ele. Ele deveria ter respeito também e saber que o que temos aqui é apenas uma indicação.”
Nesse momento, ainda durante a fala de Emerson Pereira, ouve-se um grito quase que único, já pelo plenário quase que totalmente esvaziado: “Safado” dirigido ao parlamentar que reagiu: “Obrigado! Tá bom, obrigado, senhor. Obrigado. Obrigado. É o filho do Moreno, afirmou Pereira, se dirigindo ao presidente da Casa, Daniel David. Enquanto isso, Marcos Moreno deixou o plenário.
Apesar do xingamento ao vereador, que pode ser considerado crime de injúria, nenhuma reação de repúdio ao ato foi tomada pela presidência da Câmara ou por Emerson Pereira. A sessão foi encerrada oficialmente instantes mais tarde.