Andrea Anciaes
Clayton Borges de Carvalho conhecido como Clayton, conta que através do grafite, não havia tido nenhuma ligação direta com a arte, é um artista autodidata, atualmente não se classifica como grafiteiro e nem como qualquer outros tipos de vertentes, são anos de profissão onde exercita técnicas que vão além das paredes das ruas, é conhecido como artista urbano.
O grafite é uma manifestação artística urbana, baseada na crítica ou apenas na linguagem popular, onde os apreciadores podem refletir sobre tema proposto ou simplesmente admirar a beleza estética dos traços, em meio à correria da vida nas cidades.
Nos anos 90, existia muita repreensão no meio do grafite, que era visto como “vandalismo”, mesmo com tanta represaria o grafite foi um amortecedor de dores pessoais que muitos artistas do meio passavam no momento.
Autodidata, para Clayton na época o que seria considerado “arte”, era tudo aquilo bem feito, excelente e com técnica, não possuía o conhecimento, mas hoje com ampla experiência ele conta que os primeiros desenhos surgiram já quando era criança na época de escola, gostava de fazer desenhos em cadernos, pedaços de madeira, fazia personagens de desenhos da TV, até virar produção. Ele relata que nunca fez nenhum curso e que a arte na vida dele é talento mesmo. Para Clayton a arte é desestressante um verdadeiro alívio para os problemas diários e que psicologicamente a arte é um verdadeiro bálsamo.
“Gosto de fazer todos os tipos de desenhos, mas adoro mesmo fazer paisagens. Hoje a aceitação do trabalho é muito grande e as pessoas admiram muito e até pedem pinturas feitas por mim. O mais satisfatório em todo o processo de desenvolvimento do meu trabalho é o resultado final, isso me realiza, além de ser um trabalho considero um hobbie.” finaliza.
A arte do grafite tem aceitação da sociedade e dos gestores votuporanguenses?
“Ela está sendo aceita pela sociedade, mas eu não me animo com essas aceitações. Quando ela é por “modismo” ou quando ela é por alguém que tira proveito e se acha grafiteiro, sem ser. Em relação aos gestores, nós não temos muito apoio não.”
“Falta de interesse dos gestores, é o que eu vejo. Aqui na cidade existem lugares abandonados que poderiam ser aproveitados para esse tipo de arte o que tornaria a cidade muito mais bonita. Quando às pessoas não encomendam trabalhos meus, eu saio pintando com tintas e materias que eu mesmo custeio. Ainda hoje é complicada uma relação harmônica entre grafite e gestão pública, assim mesmo eu não desânimo porque tenho projetos que podem ser desenvolvidos em prol de comunidades carentes aqui no município.”
Da pra viver de grafite? Você realiza alguma outra atividade rentável?
“Precisa-se entender que o grafite só existe na rua, não existe grafite comercial. A essência do grafite é ele ser feito na rua. O lado profissional é por fora, por exemplo: Quando alguém me contrata para pintar uma afixada, isso não é grafite, isso será apenas uma arte minha pintada com spray. Eu vivo dos meus trabalhos e entendo que o grafite é uma forma de expressão, independente do sentimento que nela esteja contido.”
Quais são suas influências locais e nacionais do grafite?
“Eu tento me influenciar em meus próprios pensamentos e sentimentos.”
Clayton aconselha futuros artistas da seguinte forma: “aqueles que desejam entrar na vida do grafite, eu aconselho primeiro que saibam onde estão se metendo. Não é só começar por achar bonito ou porque está passando na novela. Existe muita mentira da mídia sobre o grafite, então eu falo por experiência própria que primeiro estudem e entendam a origem e história do grafite, para que depois não fiquem frustrados.”
Humilde mas muito inteligente e talentoso ele finaliza: Gostaria de agradecer à todos os parceiros de grafite que estão nas ruas também. Agradecer ao público que elogia o que eu faço e aos críticos também.
Contato de trabalho: Art’s Clayton – Tel:17 98171-2599