Agência dos Correios pode ser despejada por falta de pagamento de aluguel 

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Agência dos Correios pode ser despejada por falta de pagamento de aluguel – Foto: Reprodução

Unidade do bairro Pozzobon passou por problemas semelhantes em 2021 e 2024. Em plena crise financeira, estatal enfrenta investigações e não faz repasses, por exemplo, para o custeio da Postal Saúde dos próprios servidores desde novembro do ano passado.


Jorge Honorio
jorgehonoriojornalista@gmail.com

O vereador e líder governo na Câmara Municipal de Votuporanga/SP, Sargento Marcos Moreno (PL), afirmou nesta segunda-feira (14.abr) durante a 12ª sessão ordinária, que a agência dos Correios do bairro Pozzobon pode ser despejada por falta de pagamento do aluguel.

De acordo com o parlamentar, a informação partiu do próprio proprietário do imóvel, onde está instalada a agência na Avenida Emílio Arroyo Hernandes, uma vez que, segundo Marcos Moreno, o empresário havia dito que a situação está insustentável. 

“Recebi agora pouco uma ligação, onde o proprietário do prédio dos Correios, lá do Pozzobon, informou que está protocolando um documento solicitando o despejo dos Correios de seu prédio. Motivo: falta de pagamento do aluguel pelo Governo Federal. É muito triste ouvir isso, uma região como a nossa zona Norte, que é grande e populosa, quando consegue ter um estabelecimento como os Correios, chegar a essa situação por falta de pagamento de aluguel”, afirmou na tribuna da Casa de Leis. 

Em seguida, Marcos Moreno pediu a soma de esforços entre vereadores e a Prefeitura para tentar reverter a situação por meio de tratativas com o Governo Federal, tudo isso, para evitar o fechamento da unidade dos Correios do Pozzobon: “Vou passar isso para o nosso Executivo e não sei qual forma vamos tentar resolver essa situação, mas precisamos intermediar para que esse fato não aconteça.” 

Crise e rombo bilionário 

A grave crise financeira enfrentada pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é pública e notória, evidenciada por prejuízos bilionários e medidas emergenciais para evitar a insolvência. Entre janeiro e setembro de 2024, a estatal registrou um déficit de R$ 2 bilhões, o maior já contabilizado nesse período desde sua fundação.  

A crise financeira também afetou diretamente os funcionários. Em fevereiro de 2025, parte dos empregados enfrentou atrasos no pagamento dos salários referentes a janeiro, descumprindo um acordo trabalhista vigente desde 1969 que estipula o pagamento no último dia útil do mês. 

A situação é tão severa que, em plena crise financeira, os Correios não fazem repasses para o custeio da Postal Saúde, operadora de autogestão de planos para funcionários da estatal, desde novembro de 2024. O rombo já chegou a R$ 400 milhões. Diante do calote, vários prestadores da rede credenciada da Postal Saúde comunicaram à empresa a suspensão unilateral do atendimento a beneficiários da operadora dos Correios, entre eles Rede D’Or, Unimed, Dasa, grupo Kora e Beneficência Portuguesa (BP). 

Nesta semana, o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu apurar a licitação de publicidade dos Correios, que estabelece gastos de até R$ 380 milhões por ano. A decisão foi motivada por reportagem do Poder360, que mostrou que 3 das 4 agências finalistas do certame têm ligações com escândalos envolvendo o Partido dos Trabalhadores (PT) no passado. 

Segundo o ministro Jhonatan de Jesus, relator do caso, os critérios adotados pela estatal serão avaliados. Hoje, a seleção é feita segundo a “melhor técnica”. De acordo com a Corte, se o preço fosse uma das condições, poderia haver ofertas mais econômicas. Por sua vez, a área técnica da Corte avaliou que o critério adotado pela estatal, de “melhor técnica”, pode indicar direcionamento. 

A licitação milionária é realizada em um momento ruim para os Correios financeiramente. A empresa fechou 2024 com um rombo de R$ 3,2 bilhões – o 2º ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o pior da história para as estatais. Só em janeiro de 2025, o rombo estimado da estatal federal foi de R$ 424 milhões.