A protetora com mais 15 anos de atuação e iniciante na política concorre a uma cadeira na Câmara Municipal de Votuporanga.
A história de luta e o desafio da protetora Sandra Valéria para manter aberto o Abrigo dos Focinhos, com mais de 200 cachorros, entre Votuporanga/SP e Álvares Florence/SP, não é nenhum segredo. Após assumir a missão de resgatar e proteger animais abandonados, em situação de rua, há mais de 15 anos, ela tenta nas urnas se eleger vereadora para se empoderar e seguir atuando na defesa da causa animal.
“É a primeira vez que entro na política, nunca pensei em seguir esse caminho, mas tenho motivo, uma causa nobre, o direito dos animais. Eles não conseguem se posicionar, mas eu serei uma voz na defesa dos direitos deles e incansável em propor e cobrar soluções que melhorem a condição de vida dos animais e a relação harmoniosa com as pessoas”, explica Sandra Valéria.
Personagem de diversas matérias na imprensa, seja na luta por apoio para manter o Abrigo dos Focinhos como um refúgio digno para os cachorros resgatados ou até mesmo de enfrentamento na Câmara em defesa da causa animal, Sandra Valéria se filiou ao Avante e colocou o nome à disposição para representar de maneira exclusiva o movimento na Casa de Leis de Votuporanga.
“Muita gente conhece a minha história de amor e respeito com os animais. Nunca quis entrar para a política e não foi por falta de oportunidades, nos últimos 15 anos, por diversas vezes recebi convites, mas sempre neguei. No entanto, agora, não vejo outra saída. O objetivo é salvar o Abrigo e trabalhar em prol da causa animal, descobrir para onde está indo o dinheiro que vem para esse fim, até porque, não aguento mais ver animais nas ruas. Não está adiantando, estou há mais 15 anos, dedicando minha vida, minha saúde, meu psicológico, meu financeiro, e me dói olhar e ver as ruas lotadas de animais. Não dá mais para ficar enxugando gelo, é preciso um trabalho sério”, detalha a protetora.
“O CPVA não recolhe mais animais. Então para que, exatamente, existe aquilo lá? Vem R$ 1,7 milhão para investimento na área, anualmente, e te pergunto: Para onde está indo esse dinheiro? Porque, vamos ser honestos, não adianta eu ficar enxugando gelo, assim como outros protetores dedicados, não podemos mais ficar gritando sozinhos. Nós protetores, assim como eu, estamos cada vez mais atolados, o recurso público para investimentos da Prefeitura é cada vez maior, e cadê a aplicação efetiva do recurso? Por que não resolve o problema? Se o Poder Público trabalhasse na base, desde a escola ensinando como adotar de forma responsável um animal, mantê-lo e amá-lo, muito provavelmente não teríamos tantos abandonos e maus-tratos, logo não haveria a necessidade de protetores. Como você pode notar nas ruas, não é o caso.”
Sandra Valéria conta os desafios enfrentados no Abrigo dos Focinhos: “Não escolhemos a quem resgatar, vemos o animal em risco e buscamos, ferido, doente, faminto, gestante, enfim, é uma vida, um ser em sofrimento. Trazemos para cá e aí começa o desafio de recuperar a saúde e dar dignidade para ele, alimentação, remédios quando necessário e sob prescrição veterinária, tudo da maneira correta. Mas tudo isso tem um custo, mas amo vê-los bem e felizes. Assim como é uma alegria quando conseguimos uma adoção responsável, animal não é brinquedo é uma vida e exige responsabilidade.”
Voltando ao tema da campanha eleitoral, a protetora questiona: “Outra coisa é a Clínica Municipal, quem já foi lá sabe, tem um espaço e estrutura similares aos hospitais de elite em São Paulo, mas não tem medicamentos, não tem máquina para fazer hemogramas, não aparelho de raio-x. Tem centro cirúrgico, mas não tem medicação. Tem dia lá que os médicos compram remédio com dinheiro do bolso deles para atender as pessoas que levam os animais machucados, com dor, lá. Onde já se viu isso? Cadê o dinheiro da causa animal? Então, não adianta eu ficar sendo protetora do lado de fora, resgatando, brigando, e o Poder Público não cumprir a parte dele que é assumir a responsabilidade para com os animais de rua, de coibir o abandono, de prover à castração em massa, à microchipagem, enfim. Até porque, se não houver a castração desses animais, amanhã eles estarão todos se reproduzindo e as ruas cheias novamente, ou seja, o problema não acabará nunca.”
“E tem que ter fiscalização. A gente escuta: “Ah, mas aprovaram uma lei que multa em R$ 10 mil quem abandonou seu cachorro.” Ok, mas você sabe quem abandonou na rua o animal? Na gigantesca maioria das vezes, não. E aí, resolveu o problema? Não precisa nem responder. Então, um dos meus projetos é sobre isso, castração e microchipagem, simultâneo, castrou já microchipa. Já faz a ficha contendo os dados do tutor do animal porque se daqui a um, dois anos o cachorrinho estiver na rua, a gente já sabe quem procurar”, emendou Sandra Valéria.
A protetora também questionou o paradeiro do ‘Castramóvel’, projeto que beneficiaria a causa animal, mas que nunca saiu do papel: “É um investimento de mais de R$ 440 mil e está até hoje parado, já faz uns 8 anos isso. E não importa a justificativa, se é dinheiro de emenda, do município, isso é o que menos importa nesse momento. O veículo está sucateado lá e a população não conta com o serviço nos moldes do anunciado. Então eu não sei a real condição desse Castramóvel, se dá para vender para o ferro-velho e investir em dois veículos menores, até para fazer fiscalização e controle, passar nos bairros, aproximar das pessoas, dos tutores. Tem muita gente que mora em bairro periférico e não tem condição, não tem carro para levar o animalzinho para o procedimento, precisamos apoiar. Se o Poder Público ajuda e monitora os problemas diminuem, se o Poder Público se afasta e abandona a coisa perde o controle.”
“Além disso, precisamos fazer uma parceria com os protetores atuantes, um cadastro, com carteirinhas, tudo devidamente organizado e reconhecido. Isso por quê? Para que tenha prioridade no atendimento”, emendou.
Sandra Valéria falou ainda sobre um projeto para a conhecida área da Mata dos Macacos, no bairro Parque das Nações: “É um espaço que está com cercas quebradas, muros destruídos, precisa muito de atenção. Tem muitos macaquinhos e as pessoas ainda abandonam gatinhos por lá. E tem um agravante, toda vez que sai uma notícia sobre qualquer doença relacionada com macacos, como por exemplo, a varíola do macaco, as pessoas matam os bichinhos. Além de que, por vezes, eles saem à procura de alimentos, até porque falta lá, e encontram um fim trágico. Então eu penso em propor a transformação daquele espaço num bosque ecológico, onde a Prefeitura liderasse uma força-tarefa para cuidar e monitorar a saúde dos macaquinhos, e lógico, plantasse árvores frutíferas para que assim que começassem a produzir pudesse servir de alimento para eles. Enquanto isso, a Prefeitura, por meio de parceria ou não, fornecesse o alimento para que eles não precisassem correr risco de morte na busca por comida, seja roubando alimento nas casas, atacados por pessoas, cachorros e até atropelados por carros nas vias.”
“É para ações como essas que entrei na política e quero trabalhar por Votuporanga, por isso peço seu voto de confiança. Neste domingo, não esqueça de exercer a sua cidadania, o seu direito de escolha e na urna digite 70222. Vamos juntos nessa caminhada”, concluiu Sandra Valéria.
↘️Receba o Diário de Votuporanga em seu celular! Acesse: https://chat.whatsapp.com/FZJTkM0ZZDN5Cv12wPQxr3