
Casa de Cultura Dinorath do Valle recebe a mostra “A Ancestralidade e suas Diversidades”, com 30 obras de artistas de São José do Rio Preto e região, integrando a programação do 3º FestAxé
@caroline_leidiane
A Casa de Cultura Dinorath do Valle, em São José do Rio Preto, recebe até o dia 23 de novembro a Mostra de Artes e Cultura Africana “A Ancestralidade e suas Diversidades”. A exposição, que integra a programação oficial do 3º FestAxé, reúne 30 obras entre pinturas e esculturas de 26 artistas da cidade e da região, com curadoria de Carlos Bachi e mentoria do crítico e curador Oscar D’Ambrosio.
Com visitação gratuita, aberta diariamente das 08h às 21h, a mostra propõe um mergulho nas estéticas, símbolos e potências da cultura afro-brasileira, destacando a importância da Consciência Negra e o papel da arte como instrumento de reflexão e transformação.

Participam nomes, como Araguaí Garcia, Cleone Ribeiro, Daniel Firmino, Eliara Bevilacqua, Eloisa Mattos, Elton Marangoni, Gerotto, Jair Lemos, Jane Arroyo, Jesser Valzacchi, Josane Biscegli Pasiane, Josiani Sabino, Luciane d’Alessandro, Luis Antônio Cossi, Marcelo Lopes, Maria Helena Curti, Odamim GCury, Odamim RSerafim, Patrícia Buzzini, Regina Garbellini, Rodrigo Silva, Terezinha Bília e Mariah, Thomaz Vita Neto, Wesley S. Estácio, Wilde M. Arruda e Xico Oliveira.
Movimento Ser Tão e a curadoria coletiva
A mostra surgiu a partir de um convite da Secretaria Municipal de Cultura e da Prefeitura de São José do Rio Preto, com a curadoria de Carlos Bachi, também integrante do Movimento Ser Tão, coletivo que reúne artistas plásticos da região. Fundado há cerca de um ano e meio, o movimento é coordenado por Luciane d’Alessandro e Patrícia Buzzini, sob mentoria de Oscar D’Ambrosio, e tem como proposta fortalecer o diálogo entre os artistas e aproximar o público das artes visuais.
“Os artistas estavam muito segregados, tinham sumido. Eu sentia falta disso”, conta Luciane d’Alessandro. “O Oscar D’Ambrosio, que é nosso curador e reconhecido no país inteiro, veio com essa ideia junto comigo para que a gente fizesse essa reunião dos artistas. Foi uma seleção bastante rígida, são artistas de grande qualidade, reconhecidos, com vários prêmios. E abrimos também a possibilidade de novos artistas entrarem, sempre com orientação. Não é um movimento fechado, é aberto e voltado à evolução do artista e ao acesso da população à cultura da nossa região”, diz ela.

Sobre o tema da exposição, Luciane explica que a proposta foi “questionar o observador sobre o racismo”.
“Essa exposição está acontecendo durante o período da Consciência Negra. Então, a intenção é provocar reflexão sobre o racismo, o preconceito e a discriminação em relação aos negros. Tudo foi muito bem estudado, trabalhado sempre com a mentoria do Oscar, para garantir uma abordagem respeitosa e de apoio à semana da Consciência Negra, contra o racismo”, elucida.
As obras expostas percorrem temas que permeiam a construção da estética identitária negra. Do corpo ao símbolo, da resistência à beleza. Há trabalhos que revisitam a ancestralidade como herança viva, questionando padrões de representação e celebrando o orgulho das raízes.
“A arte tem esse poder de questionar e causar impacto no observador”, afirma Luciane d’Alessandro. “É uma conversa sobre a força, a beleza e a resiliência dos negros, mostrando que esse tipo de discriminação é uma vergonha que ainda existe sem sentido algum”, completa ela.
Entre os trabalhos expostos, o artista Gerotto comenta sobre sua obra “Raízes que Andam, Ancestrais que se Olham”, na qual a descreve como “um encontro entre figurações totêmicas e elementos da cultura afrodescendente”.
“Minha obra se ancora no campo da Consciência Negra, mas não como uma efeméride: ela convoca à reflexão sobre o tempo profundo, em que passado, presente e futuro se entrelaçam. Proponho que a ancestralidade não seja entendida como herança estática, mas como força em movimento”, explica o artista.
A exposição “A Ancestralidade e suas Diversidades” reafirma que o combate ao racismo também se faz pela arte. Gesto criador que resgata memórias, repara silêncios e amplia o olhar sobre o outro. Cada obra, ao propor uma escuta sensível da história, convida para a reconstrução de um imaginário coletivo livre de estereótipos e desigualdades.
Mediante esse olhar, a expressão artística se torna um alicerce para revelar que o racismo não é apenas uma ferida social, mas entrave ao desenvolvimento humano. Somente a educação, aliada à valorização da diversidade e construção de uma cultura verdadeiramente plural, capaz de atravessar todas as camadas sociais, pode estancar essa ferida e transformar consciência em convivência.
Mostra de Artes e Cultura Africana “A Ancestralidade e suas Diversidades”
- Data: 05 até 23 de novembro, das 08h às 21h
- Local: Casa de Cultura Dinorath do Valle, piso térreo, em São José do Rio Preto
- Entrada gratuita




