Por que Palmeiras trocará gramado do Allianz Parque antes do prazo 

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Gramado do Allianz Parque na noite de Palmeiras x Grêmio — Foto: Camila Alves

Entenda a reclamação de Abel Ferreira. Grama sofreu perda de “memória”, que afeta impacto da bola, velocidade e faz os atletas do Verdão sentirem o jogo mais rápido; nos bastidores, troca de fornecedor é uma possibilidade.


“Eu sou muito sincero. Está ruim o gramado. Com a quantidade de espetáculos que tem, como que vai trocar? Só se for no final do ano. É o que é”, disse Abel Ferreira, em tom duro, no sábado, após a vitória do Palmeiras sobre o Grêmio no Allianz Parque.

Insatisfeito com o desempenho, o técnico reclamou do comportamento da bola ao citar os erros de passe da equipe e chamou a atenção para o que está em discussão nos bastidores do estádio: a troca do gramado sintético por um novo. Mas, afinal, quais os problemas, por que isso acontece antes do prazo de validade e qual a consequência para o Palmeiras?

Antes de tudo, Palmeiras e WTorre já preparam a troca por um novo sintético, com início da obra previsto para dezembro, e discute agora a especificidade da tecnologia a ser usada. Até por isso, e diante da boa relação desde o acordo milionário selado no ano passado que encerrou uma longa discussão entre os parceiros, o tom do treinador surpreendeu alguns envolvidos.

A troca do fornecedor do gramado é uma possibilidade. O Allianz trabalha com a Soccer Grass, enquanto o Palmeiras, que começou com a mesma empresa, está com a Total Grass na Academia de Futebol e na Arena Barueri desde o problema com o termoplástico no início do ano passado.

Mas qual o problema agora?

O gramado do Allianz, instalado em 2020, ainda teria mais cinco anos de validade pelo prazo da fornecedora holandesa e segue nos parâmetros exigidos pela Fifa, mas entende-se que naturalmente perdeu um pouco de “memória” – a grama sintética tem uma tecnologia para voltar a ficar na vertical após receber peso, um movimento de recuperação do gramado.

É neste ponto que estão as reclamações de Abel, porque a memória interfere justamente na sensação sobre qualidade e comportamento da grama, envolvendo o rolamento da bola, a absorção de impacto e até a estética, que também vem sendo uma crítica da torcida nos últimos meses.

Os jogadores do Palmeiras, segundo apurou o ge, sentem agora que o jogo está mais rápido no estádio, além de ter dificuldade com o quique da bola, que afetou a troca de passes citada por Abel.

“Acho que ficou bem evidente erros de passe, é difícil dominar a bola, parece que está sempre a quicar no chão”, disse o treinador.

Ao se aproximar do gramado, a impressão visual é de que a grama estaria mais achatada quando se comparam diferentes pontos do campo. O que deixa a superfície aplainada, facilitando a aceleração, e também mais rígida no impacto, o que impulsiona o quique da bola. É diferente do problema com o “Infil”, o preenchimento da grama, ocorrido no ano passado.

“É difícil, mas é o que tem. Nós aceitamos isso, é a nossa casa”, limitou-se a dizer o capitão Gustavo Gómez, quando perguntado se a condição atual prejudica o jogo do Palmeiras.

E o prazos?

Apesar das críticas, a WTorre descarta haver uma crise ou antagonismo que talvez a declaração do treinador possa sugerir. Há um acompanhamento a cada partida com relatório de avaliação, além de um diálogo constante, aberto e técnico entre a administradora e o clube.

A empresa entende que uma decisão sobre mudança cabe ao Palmeiras, que joga no gramado, então está alinhada com o clube e não à toa as conversas avançadas para a execução da obra. Há, claro, um custo para a reforma, mas detalhes de valores ainda não foram confirmados.

São necessários cerca de 45 dias trabalhados para a reforma, com a expectativa de que seja possível concluir em menos tempo.

A data para início das obras ainda não está confirmada, então não é possível dizer se ou em quais jogos o Palmeiras perderá seu estádio. A equipe faz sua última partida do ano em casa na semana de 17 de dezembro, enquanto o último show confirmado é dia 6.

No calendário de 2026, os próximos shows na agenda ocorrem só em fevereiro. O Palmeiras, por sua vez, ainda depende da divulgação da CBF e espera uma redução de datas no Paulista que poderia facilitar o processo. O novo presidente, Samir Xaud, assumiu o cargo prometendo essa discussão.

Na reforma, três das cinco camadas do campo sintético serão substituídas, instalando um novo “Shock Pad”, que é uma estrutura flexível para absorver impacto, o “Tapete de Grama Sintética” e o “Infill”, que desde o início do ano passado se trata de um composto de cortiça, colocado entre os fios da grama.

*Com informações do ge