Fisgado na manhã deste domingo (13) um belo Pirarucu de aproximadamente 90 quilos e de aproximadamente 2 metros de comprimento, no braço do Rio São João do Marinheiro, Condomínio Beira Rio no município de Cardoso. O pescador profissional Roberto do Carmo Jesus disse que usou um lambari vivo como isca. Ele também comentou no domingo que iria vender a saborosa carne do espécime. Na foto, ele está com sua esposa Maria Lúcia Baptista de Jesus.
90 quilos e quase 2 metros de comprimento
Pirarucu
O pirarucu (nome científico: Arapaima gigas) é um dos maiores peixes de águas doces fluviais e lacustres do Brasil. Pode atingir três metros e seu peso pode ir até 200 kg. É um peixe que é encontrado geralmente na bacia Amazônica, mais especificamente nas áreas de várzea, onde as águas são mais calmas. Costuma viver em lagos e rios de águas claras e ligeiramente alcalinas com temperaturas que variam de 24 a 37 °C, não sendo encontrado em zona de fortes correntezas e águas ricas em sedimentos.
É conhecido também como o bacalhau da Amazônia. Seu nome se originou de dois termos tupis: pirá, “peixe” e urucum, “vermelho”, devido à cor de sua cauda.
O Pirarucu na região
Segundo relatos de pescadores da região, a espécie teria escapado de um criadouro em Paulo de Faria (SP) entre 2010 e 2012, e se espalhado pelo Rio Grande. Outras informações dão conta que pescadores profissionais estariam capturando filhotes para vendê-los como peixe para aquarismo.
O pirarucu é um peixe considerado em risco de extinção e tem a pesca proibida em seu estado de origem, a Amazônia. Fora de seu habitat natural, é considerado peixe exótico e pode ser capturado. Desde 2014, praticantes de caça subaquática vem abatendo grandes exemplares da espécie no Rio Grande e existem muitos relatos de sua captura em rios da região.
A época de sua reprodução do Pirarucu ocorre de dezembro a maio, em águas rasas, onde os adultos preparam um ninho no fundo arenoso. Cada fêmea deposita cerca de 180 mil ovos em diferentes ninhos. Suas larvas eclodem ao quinto dia e nadam próximas à cabeça do pai que, nessa época, apresenta uma cor escura. Durante esse período, a proteção é garantida pela fêmea, que nada em volta do pai e dos filhotes.
O peixe é conhecido também como o bacalhau-da-Amazônia resultante de um processo de beneficiamento e o sabor que se assemelha ao Bacalhau normalmente importado da Noruega.
Na culinária do Norte
O pirarucu é servido como componente principal em diversos pratos típicos do Amazonas, um desses pratos é o “Pirarucu à casaca” que é bastante servido em festejos juninos. Sua carne é bastante apreciada no estado, onde é bastante requisitada. Além disso, partes de seu corpo, como sua escama, eram utilizadas no passado como lixas para unhas e outras utilidades.
Na mitologia indígena
Segundo a mitologia indígena difundida na Amazônia, Pirarucu teria se originado do disformismo de um índio que pertencia a tribo dos uaiás (não sendo um consenso), que habitara as planícies da Amazônia. Ele seria um bravo guerreiro, que tinha um coração perverso, mesmo sendo filho de Pindarô, um homem de bom coração e também chefe da tribo.
O índio era cheio de vaidades, egoísmo e excessivamente orgulhoso de seu poder. Um dia, enquanto seu pai fazia uma visita amigável a tribos vizinhas, Pirarucu se aproveitou da ocasião para tomar como refém índios da aldeia e executá-los sem nenhum motivo. Pirarucu também adorava insultar os deuses.
Tupã, o deus dos deuses, observou Pirarucu por um longo tempo, até que cansado daquele comportamento decidiu punir Pirarucu. Tupã chamou Polo e ordenou que ele espalhasse seu mais poderoso relâmpago na área inteira. Ele também chamou Iururaruaçu, a deusa das torrentes, e ordenou que ela provocasse as mais fortes torrentes de chuva sobre Pirarucu, que estava pescando com outros índios as margens do rio Tocantins (sem consenso), não muito longe da aldeia.
O fogo de Tupã foi visto por toda a floresta. Quando Pirarucu percebeu as ondas furiosas do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, ele somente as ignorou com uma risada e palavras de desprezo. Então Tupã enviou Chandoré, para atirar relâmpagos e trovões sobre Pirarucu, enchendo o ar de luz. Pirarucu tentou escapar, mas enquanto ele corria por entre os galhos das árvores, um relâmpago fulminante enviado por Chandoré, acertou o coração do guerreiro que mesmo assim ainda se recusou a pedir perdão.
Todos aqueles que se encontravam com Pirarucu correram para a selva terrivelmente assustados, enquanto o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante e escuro peixe. Pirarucu desapareceu nas águas e nunca mais retornou, mas por um longo tempo foi o terror da região.