
Os preços do petróleo se mantêm elevados com os desdobramentos na Venezuela, enquanto a guerra entre Rússia e Ucrânia fica em segundo plano em um mercado que, sem esses fatores, seria claramente baixista no cenário global.
Os preços do petróleo sobem nesta segunda-feira (22.dez), após os Estados Unidos interceptarem um navio petroleiro em águas internacionais próximo à costa da Venezuela. Ao mesmo tempo, as tensões na guerra entre Rússia e Ucrânia continuaram elevadas.
Esses dois fatores aumentaram o temor de que o fornecimento global de petróleo possa ser interrompido, o que costuma pressionar os preços para cima.
Segundo Giovanni Staunovo, analista do banco UBS, os agentes do mercado passaram a enxergar um risco maior de interrupção nas exportações de petróleo da Venezuela devido ao embargo imposto pelos EUA.
Até recentemente, segundo ele, havia uma postura mais complacente em relação a esse risco.
O petróleo bruto venezuelano responde por cerca de 1% da oferta global, uma fatia relativamente pequena, mas que ganha importância em momentos de instabilidade geopolítica ou de restrições ao comércio internacional.
No segundo semestre de 2025, o aumento da produção EUA e do grupo Opep+ — aliança que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados — compensou, em grande parte, as preocupações com possíveis interrupções de oferta em outras regiões.
Para June Goh, analista da consultoria Sparta Commodities, os preços do petróleo vêm sendo sustentados principalmente pelos acontecimentos na Venezuela.
Já as tensões entre Rússia e Ucrânia têm ficado em segundo plano em um mercado que, sem esses fatores de risco, tenderia a um cenário mais “baixista”, ou seja, de queda nos preços.
Apreensão de petroleiro venezuelano pelos EUA
Autoridades disseram à Reuters, no domingo, que a Guarda Costeira dos Estados Unidos está perseguindo um navio petroleiro em águas internacionais próximas à Venezuela. Se a operação for concluída com sucesso, será a segunda ação desse tipo no fim de semana e a terceira em menos de duas semanas.
De acordo com Tony Sycamore, analista do IG, a recuperação recente dos preços do petróleo foi impulsionada pelo anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de um bloqueio “total e completo” aos petroleiros venezuelanos que estão sob sanções.
O movimento foi reforçado pelos desdobramentos dessa decisão e por relatos de um ataque com drones ucranianos a um navio da chamada “frota sombra” russa no Mediterrâneo — termo usado para embarcações que operam à margem das sanções internacionais.
*Com informações da Reuters




