Peregrinas de Votuporanga realizam Caminho da Fé de Águas da Prata até Aparecida do Norte

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"Gratidão, felicidade, fé, amor, paz, superação e alegria...o Caminho da Fé é o resumo do caminho a ser seguido em nossas vidas!"

“Um caminho, seria um simples caminho se por ele não passasse tantas histórias, tantas sensações, tantas emoções, tanta FÉ!”

(João Ricardo Gomes)

 

“Por que estamos aqui? Mas aos poucos cada uma de nós lembrava os vários motivos que nos guiaram para essa jornada desafiadora!”

 

 

 

Foto 2104

LEG – “Conexão entre espírito, mente (alma) e corpo!”

 

Foto 2105

LEG – “Concluir a jornada é superação; chegar a casa da mãe é consagração!”

 

 

 

 

O Caminho da Fé é uma trilha brasileira que conecta a cidade de Águas da Prata, em São Paulo, à Aparecida do Norte. Com mais de 300 km de distância entre as duas localidades, esse percurso combina montanhas, estradas rurais, trilhas, bosques, asfalto e, claro, uma boa dose de espiritualidade.

 

Inspirado no famoso Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, o Caminho da Fé foi oficialmente estabelecido em 2003. Ao longo do ano, peregrinos, aventureiros e ciclistas percorrem essa rota em busca de uma conexão mais profunda com a natureza e consigo mesmos.

 

Um dos principais desafios deste percurso é a variação de altitude. No trecho que vai de Luminosa a Campos do Jordão, por exemplo, os viajantes alcançam uma altitude de 1.800 metros, caminhando entre as montanhas. Após essa parte, os próximos 50 km até Pindamonhangaba são consideravelmente mais baixos, a pouco mais de 500 metros acima do nível do mar. A partir daí, até o destino final em Aparecida do Norte, são apenas mais 22 quilômetros, praticamente em linha reta.

 

No último dia 07 de julho, as anigas Ana Paula Stefanelli, Dalva Nogueira Peres Dias, Telma de Carvalho, Marilda Isac da Silva e Elaine Munhoz Toschi saíram de Águas da Prata e chegaram em Aparecida do Norte no dia 19 daquela mês para a peregrinação do roteiro “Manto Azul”.

 

“Com o raiar de um novo dia, o ânimo era presente em nossos olhos, e com entrega e serenidade seguíamos em nossa jornada de fé.”

Em entrevista ao jornal Diário de Votuporanga elas contam como foi a realização dessa caminhada de fé, acompanhe:

DV: Quais foram os motivos que levaram vocês a decidirem fazer a peregrinação no Caminho da Fé?

“Eu fui mais pelo desafio, para ver se eu era capaz, porque na minha trajetória eu acho que sempre não dou conta e que não consigo, então eu gosto de desafios. E falei: não! Eu vou me testar! Mas adorei conhecer pessoas, amei, é uma coisa diferente, é uma experiência única e ímpar.”

(Marilda Isac da Silva)

DV: Quais foram os principais desafios que enfrentaram durante a peregrinação?

“Foi superação mesmo, o teu corpo não aguenta subir aquela quantidade de subidas, é desafiador, você percebe que o corpo não tem condições e a fé te leva a mais e a chegar. E a falta de banheiro, você vê que as necessidades eram emitentes. Cair, cair nas descidas, as descidas são tão perigosas e tão massacrantes quanto as subidas, você trava o joelho, você vem com o desgaste travando é muito escorregadio, porque eram também difíceis as descidas, e as necessidades que você tem que esperar, mesmo sendo, tendo que achar um lugar para fazer, improvisado. Entendeu? Então você quebra muitas barreiras.”

(Ana Paula Stefanelli)

DV:  Vocês tiveram alguma experiência espiritual ou marcante ao longo do caminho? Poderia contar?

“Olha o que aconteceu. Tenho muito medo e de repente eu me deparei que eu estava sozinha. Estava sozinha literalmente, nem pra frente, nem pra trás. Eu estava sozinha, caminhando. Eu olhava e não tinha ninguém. E passou um motoqueiro. E aí eu travei. Ele percebeu que eu estava com medo. Ele falou, dona, eu sou da fé. E estava no boné dele, ‘Caminho da Fé’. E ele me ofereceu uma mexerica, um poncã. Então, assim, eu… com medo daquela pessoa. E aquela pessoa estava querendo aliviar um pouco a minha dor. Então, lá no caminho tem muito disso. As pessoas oferecem água, mexerica, doce, bala. Então, isso é importante. Eu entendi naquele momento que é o julgar, né? Porque às vezes a gente olha pra pessoa e já julga. Exatamente. Olha, né? A gente é extremamente traiçoeira. E por eu ser uma pessoa medrosa, eu estava com medo, eu olhei pra trás, não tinha ninguém, eu olhei pra frente, mas ele percebeu o meu medo.”

“No caminho a gente tem vários encontros com algo maior, que a gente chama divino, energia, iluminação. Por exemplo, uma simples fotografia, a gente vai falando com a gente, uma fotografia de um sol conectando com um rio, é como se tivesse o espírito andando na alma e chegando no corpo. Eu fazia um texto todo dia e esse texto, Deus falando comigo, a todo momento, uma flor falava comigo, a gente fala muito com a natureza, e é um despojamento total, a gente fica completamente vulnerável no caminho, com uma exaustão física, e aí a gente se entrega para o divino, se entrega para algo maior e que vai tocando na vida da gente. Teve uma passagem que eu encontrei com uma moça e ela disse assim. Você é a Telma de 2022? Que deu um terço pra mim? Falei, é, sou eu mesma. Nossa, que legal e tal. E ela começou a contar de uma amiga dela que veio o primeiro ano porque uma filha morreu, né? Uma filha, a filha dela morreu e ela veio para o caminho e ela só chorava, chorava. No segundo ano ela veio, ela chorava, mas já estava mais leve. No terceiro ano ela já estava super mais consciente. E aí, ela contando isso, a gente chega numa altura de uma montanha lá, tá a amiga dela contando para um cara. Ela falou, ah, essa aqui é a amiga que aconteceu isso e tal. E ela estava chorando porque ela estava exatamente contando para o cara o ocorrido com a filha. Aí eu falei: eu posso te dar um abraço? Eu dei um abraço, que assim, foi incrível, não era eu. Aí eu falei assim pra ela, você é uma mulher porreta. Ela virou e falou assim, a minha filha falava isso. Eu falei, então é a sua filha que abraçou você!!!

Passou um dia, e então eu encontro uma das meninas que a gente ia encontrando no caminho, ela era de Curitiba e ela estava com um menino lindo do lado dela. E ela falou assim, esse é meu filho, falei: nossa, quem é esse menino lindo!! Eles vieram fazer uma surpresa pra mim, veio ele e o pai dele, e eu disse: nossa que lindo! Então ele saiu correndo, foi lá, pegou o presente e me deu sem falar para ninguém. Falei, nossa, que delícia! Como você chama? Ele falou Arthur, e Arthur era o nome do meu marido. Então eu percebi quem é que estava ali, era meu marido me dando um presente, incrível!!!

(Telma de Carvalho)

DV: Como foi a interação com outras pessoas que estavam fazendo a peregrinação? Surgiram amizades ou parcerias durante o percurso?

“Andrea, você está tão no caminho e as pessoas que você mal viu passam a ser tão amigas, passam a ser tão confidencial suas, parece que você tem amizade de anos, quando você parece que está na mesma conexão, na mesma jornada, é tão solista uma com a outra, a empatia se torna tão grande, você está andando e aí as pessoas começam a contar a história da vida delas para você, é mais leve, é uma intimidade muito grande que a gente, e a força também né Telma, eles te ajudam, e assim, a gente troca figurinha, troca e-mails, troca mensagens, Instagram e tal. Tem gente que me segue desde 2022, tem gente que me segue agora. Eu já mandei várias mensagens. O laço de amizade feito no caminho da fé parece que é vitalício. É sincero. É sincero, você sente isso. É verdadeiro. Despojado de qualquer interesse comercial. Você nem sabe quem são aquelas pessoas. Você olha para as pessoas. Você não olha para o que as pessoas têm, os rótulos que elas levam. Você olha para as pessoas e aí vê o coração delas. É a coisa mais deliciosa. Você vê as partes frágeis delas, as inseguranças, o que elas buscam, o que elas estão fazendo naquele caminho, entendeu? A superação. Tudo. Eles te dão força o tempo todo, eles te motivam a chegar. Você vai lendo as placas, vai entrando em capelas, é como se a gente fosse se amparando umas nas outras, sabe? Então você é o suporte de um, mas alguém é seu suporte também. E é uma coisa tão despretensiosa, assim, que é única. É muito legal.”

(Ana Paula Stefanelli e Telma de Carvalho)

DV: Como vocês lidaram com momentos de cansaço, dúvida ou desânimo durante a jornada?

“Então assim ó, pra falar a verdade, teve um dia que eu cheguei muito cansada, muito cansada E aí o que eu fiz? Eu tomei banho, estava com o cabelo molhado, eu peguei e deitei na cama Daquele jeito que eu saí do banheiro, tomei banho, botei o meu pijaminha, fui pra cama e dormi, magicamente, eu não sei o que acontece, no outro dia eu estava inteiraça, e segui o caminho. Então, durante o caminho sim, a gente fala, meu Deus, por que eu vim fazer isso? Por que que eu me meti nessa roubada? Mas eu já fui, eu fui, eu tinha meus cartõezinhos, eu tinha a minha conexão, eu tinha um monte de coisas pra que esse desânimo fosse… completamente superado, rapidamente superado!!!”

(Telma de Carvalho)

“Com o raiar de um novo dia, o ânimo era presente em nossos olhos, e com entrega e serenidade seguíamos em nossa jornada de fé.”

DV: Quais foram os aprendizados ou reflexões mais significativos que vocês  trouxeram dessa experiência de peregrinação?

“Todo caminho tem o seu aprendizado, você é tocado por algum momento, por uma forma às vezes até de uma pessoa te acolher, um sorriso. Eu acho que esse é o percurso do caminho inteiro. Todo dia a gente acordava, via o milagre do nascer do sol, via você ver o milagre de ninguém ficar doente, de ninguém ficar machucado, então você carrega gratidão para o resto da sua vida é a forma de você lidar, você não consegue um milagre grande todos os dias em todas as áreas da sua vida, é a sua dedicação, a sua constância passo a passo para você alcançar o seu objetivo!

(Ana Paula Stefanelli)

“O caminho para mim foi a demonstração de nossa vida, cada dia uma emoção diferente, cheio de obstáculos (subidas, e descidas), em alguns dias com a sensação de que não conseguiria chegar ao topo, pensando que seria o pior obstáculo, e vendo a próxima descida percebia que seria pior, e quando chegava ao local de descanso a sensação era de que no outro dia não daria conta, havia chegado ao limite, mas ao despertar no novo dia estava pronta para continuar, e assim chegamos ao final, com paciência, persistência  e fé tudo é possível, dando um passo de cada vez, enfrentando as dificuldades, e as diferenças e não desistindo nunca. E com a convicção de que saímos do caminho,  mas o caminho jamais sairá de nós.”

(Elaine Munhoz Toschi)

“O Caminho da Fé é uma conexão espiritual com uma chuva de sentimentos e luz! Viver esse caminho é sentir que nossa  Fé é maior que nossas limitações. É Deus nos fazendo forte,  alimentando nossa alma e nos conduzindo a caminhar  com Jesus! Gratidão meu Deus por não desistir de mim!”

(Dalva Nogueira Peres Dias)

DV: Que conselho vocês dariam para quem está pensando em embarcar em uma jornada de peregrinação como essa?

“O simples é o essencial!

(Ana Paula Stefanelli)

“Eu pedi um método, né? Eu pedi um método e ele veio, um método de transformação. E… e assim peguei um método para transformar a vida das pessoas, E claro, o essencial é super simples! Eu acredito em duas coisas. Que a vida pode ser mais e que o essencial é simples. Tem que ser simples. E é isso que me confirmou!”

(Telma de Carvalho)

“Não pensa e vai. Eu acredito assim, você precisa fazer o caminho para você saber efetivamente o que é, o que o caminho transforma em você, o que acontece na sua vida!”

(Ana Paula Stefanelli)

Existem muitas formas de se fazer o Caminho da Fé. O que ele entrega, porém, é individual e independe!

“Concluir a jornada é superação; chegar a casa da mãe é consagração!”

(Andrea Anciaes)