Para estancar escândalo, aliados de Lula querem saída de votuporanguense da Abin 

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Alessandro Moretti, ex-número 2 de Anderson Torres em secretaria no DF, foi nomeado para cargo na Abin no governo Lula — Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ

Integrantes do governo Lula (PT) afirmaram que a demissão de Alessandro Moretti está acertada e deve ser oficializada o mais breve possível.


O governo Lula (PT) passou a avaliar a demissão da cúpula da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) após o escândalo revelado pela Polícia Federal de que um esquema de espionagem paralela funcionaria na agência, e no olho do furacão está o votuporanguense e diretor-adjunto, Alessandro Moretti. Ele é egresso de posição estratégica em órgãos comandados por bolsonaristas – como Anderson Torres.

Com o avanço das investigações, Moretti ficou em situação insustentável, avaliam integrantes do governo. O tema foi tratado ao longo desta segunda-feira nos bastidores do governo. Enquanto a saída de Moretti é dada como certa, ministros e assessores de Lula relatam resistência do presidente de demitir sumariamente Luiz Fernando Corrêa, diretor-chefe da Abin.

Nas palavras de um ministro, ele está desconfortável, mas tem argumentado que a Abin está colaborando com as investigações e que há uma guerra nos bastidores com a Polícia Federal.

Um assessor de Lula disse a Globo News que, diante do impasse, o melhor caminho seria Corrêa colocar o cargo à disposição para evitar mais desgastes ao governo. Já a ala comandada por Rui Costa defende sua permanência no cargo. O ministro-chefe da Casa Civil é o principal fiador da permanência de Corrêa à frente da Abin.

Sobre Moretti, Lula falou na manhã desta terça sobre uma possível exoneração: “Tem um cidadão que é o que está sendo acusado que é o que mantinha relação com o Ramagem, inclusive relação que permaneceu já durante o trabalho dele na Abin. Se isso for verdade, não há clima para esse cidadão continuar na polícia”, disse o presidente da República. 

Operação em Angra

A defesa do assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, Tércio Arnaud Tomaz, fez um pedido de devolução de bens pessoais apreendidos em operação da Polícia Federal em Angra dos Reis/RJ, na casa onde estava Carlos Bolsonaro. O imóvel foi alvo de busca e apreensão e os aparelhos dos presentes foram recolhidos. 

Em nota, Tomaz classificou a decisão contra terceiros como “inaceitável e inconcebível”, que teria acabado com a interrupção das atividades profissionais dos envolvidos. 

Abin paralela 

A operação desta segunda (29.jan) é uma continuidade da ocorrida na quinta-feira (25), quando Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, foi alvo de buscas. Na ocasião, foram apreendidos com eles 6 celulares e 2 notebooks – inclusive um pertencente à Abin. 

Os mandados foram expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moares. Segundo a decisão, Ramagem usou o órgão para fazer espionagem ilegal a favor da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).