O talento de Maria Eugenia Nabuco é reconhecido mundialmente

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Na foto em 2021 quando sagrou-se como primeira colocada no Festival Internacional Paraty em Foco - Foto única: "Licença para Matar"

Dois universos estéticos distantes, a fotografia e a poesia, são aqui conectados pela sensibilidade e talento da autora. Com uma análise refinada, Maria Eugênia vai traçando afinidades e alianças, evidenciando diálogos, conceitos e referências poéticas entre esses dois universos.

De um lado, encontramos a fotografia, linguagem que influenciou e influencia de maneira marcante a contemporaneidade, de outro, a poesia em certo sentido uma “relíquia” em tempos atuais, mas que continua a inspirar a humanidade!

Com a finalização do processo de desenvolvimento de mais uma de suas obras “O Desejo de Acordar me Agita”, a autora Maria Eugênia Nabuco está de passagem por Votuporanga onde abriu o processo de pré-vendas para os leitores que desejam adquirir de forma exclusiva um exemplar antes da chegada da obra às principais livrarias do país.

Maria Eugênia Nabuco é psicóloga clínica, psicanalista com doutorado em Psicopatologia Fundamental e Psicanálise na Universidade Denis Diderot, Paris VII, Jussieu, França; e pós-doutorado pelo Departamento de Ciências da Educação – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade Paris Descartes, Sorbonne. A professora tem uma vasta produção acadêmica sobre educação inclusiva e psicanálise.
Votuporanguense, ela é filha do ex Prefeito Hernani de Matos Nabuco em dois mandatos na década de 60 e da Primeira Dama Maria Leda Camolesi Nabuco ambos já falecidos.

Ainda em 2021 sagrou-se como primeira colocada no Festival Internacional Paraty em Foco – Foto única: “Licença para Matar”. Maria Eugênia passou por Paris onde foi apresentada em Saint Denis na Sala da Legião da Honra: Salle de la Légion d’Honneur. Conhecida pelo seu talento nacional e mundialmente!

Maria Eugenia passa o final do ano em Votuporanga com familiares e o Diário de Votuporanga conversou com a autora que contou um pouco de sua obra e trabalhos, acompanhe:

DV: O que representa para você o livro com belíssimas fotos e narrativas poéticas “O Desejo de Acordar me Agita”?

“O fotolivro « O desejo de acordar me agita » em si, já é um objeto de arte. Um fotolivro é um conceito aberto no mundo das artes visuais e foge aos padrões tradicionais de um livro de fotografia. Minha intenção foi então construir uma narrativa poética com imagens, uma narrativa imagética enigmática, curiosa, que interrogasse quem deposita seu olhar no livro.
Na capa vemos uma pedra no violeta do espaço sideral e na contra capa ela desaparece para começar a se transformar e numa metamorfose vai ocupar os espaços os mais variados na narrativa.
Uma pedra é sempre uma pedra e nela, uma imagem se agita. Inicialmente ela vem como monólito sagrado se remetendo a nossa pré história. Ela entra na narrativa vindo do céu e vai atravessar cada imagem, interrogando leitor. Cabe a ele interpretar cada imagem.
Essas imagens foram realizadas no norte do estado de New York, na divisa com o Canadá. Na região dos grandes lagos, como o Ontário e Niágara Fall’s. Região de Finger Lakes. Duas imagens marcam minha presença e são da praia de São Conrado e Rocinha no Rio de Janeiro.
O projeto gráfico e edição de imagens foi realizado pela artista Ana Paula Albé e a diagramação por Marcela Mastrocola. Ambas da editora Piscina Publica SP e Impressão e acabamento IPSIS GRÁFICA SP. O papel utilizado é o italiano Garda Kiara com 150gramas”.

DV: Você participou do Festival Internacional Paraty em foco 2021 e foi primeira colocada com a foto: Licença para Matar, como foi ganhar um prêmio importante como esse?

“Ganhar o prêmio com uma única imagem foi para mim um momento de extrema importância, pois a minha imagem revela uma crítica social ferrenha e denuncia a segregação racial e social encontrada nas comunidades, ditas favelas, do Rio de Janeiro. O título “Licença para matar” denuncia a relação da polícia com a população das comunidades cariocas onde uma grande maioria de jovens negros são mortos a cada investida policial. É sempre um massacre. Ganhar então o primeiro lugar, é ver o como o festival internacional premiou essa denúncia. Minha posição nesse meu trabalho é política e chama a atenção para o perigo da discriminação racial. Somente a educação poderá reverter o processo que toca todo e qualquer tipo de discriminação na nossa sociedade. O prêmio é de todos que lutam contra a exclusão social das populações vulneráveis”.

DV: Licença para Matar é uma narrativa que fala sobre o universo em um todo da Rocinha no RJ, o que te inspirou para a realização desta obra?

“Meu trabalho fotográfico se inscreve no campo das artes visuais. Como vivi grande parte da minha vida em Paris, toda minha formação foi feita lá. Estou aqui no Brasil apenas há 4 anos e meu trabalho vem marcado pela presença humana, pelo corpo, pelo enigma da vida. O que me interessa é construir narrativas com imagens. Fazer poesia com imagens. Essa imagem “Licença para matar” toca a todos pela sua força poética, estética.
Todo meu trabalho quando apresentado publicamente passa por um júri de curadores. É sempre discutido e analisado”.

DV: Você esteve em Paris e foi apresentada em Saint Denis na Sala da Legião da Honra, “Salle de la Légion d’Honneur”, qual à importância e a sensação que fica por tamanho reconhecimento?

“Meu trabalho para ter sido apresentado no 64 salão das artes plásticas 2021, na Salle de la Legion D’Honneur, em Daint Denis, passou por um júri francês responsável pela seleção dos trabalhos. Para mim a importância foi a mesma do Paraty em Foco. Poder ser selecionada pela força plástica e estética do trabalho que trás a mensagem de que todas as vidas importam”.

“O modelo que posou para a imagem do Licença para Matar, é o multiartista da comunidade da Maré RJ, Alessandro Fêrcar, que se nomeia atualmente RETINTO FÊRCAR. E a quem eu agradeço imensamente a gentileza de ter participado do trabalho.
Tanto o livro como as imagens do livro e a imagem “Licença para Matar” estão à venda. É só entrar em contato com: oi@piscinapublica.com
Ou entrar em contato comigo no e-mail: nabucomariaeugenia@gmail.com, finaliza”

“O Desejo de Acordar me Agita”, de Maria Eugênia Nabuco. Lindo, instigante, divertido. Por DM ou pelo oi@piscinapublica.com
Edição e Projeto Gráfico de Ana Paula Albé e Marcela Mastrocola, gráfica: Ipsis Gráfica e Editora e Piscina Pública.

“Fotografia vai além de congelar imagens, ela precisa ter história, ela precisa fazer parte de um momento, ela tem que retratar um sentimento”.
(Aline Gemaque)

(Andrea Anciaes)