Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel*
Segundo as leis da física, a pressão é uma grandeza que representa o impacto de uma força aplicada sobre determinada superfície. Quanto maior a força aplicada, maior será a pressão. Quanto menor a superfície, uma força aplicada gera maior pressão.
Estes conceitos são fundamentais na compreensão da hipertensão arterial, um dos mais frequentes e importantes problemas que afetam o equilíbrio cardiovascular. Isto porque a pressão arterial pode subir a níveis não fisiológicos em decorrência do aumento da tensão na parede do miocárdio e dos vasos sanguíneos e em decorrência da redução do tamanho dos vasos sanguíneos.
Quando praticamos exercícios físicos de forma não orientada e com intensidade exagerada, o trabalho cardíaco aumenta substancialmente tal como a tensão no miocárdio. Com o passar do tempo, a pressão arterial começa a subir e torna-se desproporcional aos limites do organismo, podendo ocorrer infarto do coração ou até um derrame cerebral. Pessoas muito obesas, em virtude da expressiva massa corpórea, passam a apresentar níveis pressóricos muito altos, pois a tensão do miocárdio torna-se maior do que o normal.
O mesmo pode acontecer quando uma válvula do coração enrijece, calcifica e começa a funcionar como uma rolha, restringindo o fluxo e exigindo que as paredes do coração contraiam até a fadiga completa.
O consumo de alimentos e bebidas, ricas em sal, condimentos e substâncias estimulantes pode desencadear aumento da pressão arterial, uma vez que ocorre aumento da tensão na parede dos vasos sanguíneos como também redução do calibre dos mesmos. A cafeína, xantinas e drogas ilícitas são causadoras destes efeitos.
As pessoas que apresentam elevações da pressão arterial podem ser completamente assintomáticas, sendo muitas vezes a primeira manifestação clínica um evento grave como infarto ou derrame. Em uma parcela menor de pessoas, os sintomas mais presentes são dor de cabeça e sangramento nasal. A existência de dor de cabeça (cefaléia) na parte posterior da cabeça, dando uma sensação de carga sobre o corpo, com limitação das atividades diárias, é a manifestação clínica mais típica de uma crise hipertensiva e, neste caso, a primeira conduta deve ser medir a pressão, tomar algum medicamento apropriado e restringir a ingesta de café, sal e condimentos. Se houver dúvida, procurar um serviço de urgência cardiológica é conduta prudente. A questão mais crítica é permanecer inerte diante dos sintomas, pois a qualquer momento um desfecho grave pode ocorrer.
Em muitos casos, as pessoas mantêm hábitos de vida saudáveis, com a prática orientada de exercícios físicos e alimentação balanceada e, mesmo assim, seus níveis pressóricos são elevados. Este contexto engloba o conjunto de fatores genéticos que herdamos de nossos familiares. Isto significa que a pressão arterial pode subir mesmo fazendo tudo certo, em termos de hábitos de vida, tudo causado por uma propensão de origem familiar.
A hipertensão arterial é uma questão de saúde pública, é responsável por altas taxas de mortalidade e a população ainda desconhece seus efeitos deletérios para a saúde cardiovascular. Diante de história familiar expressiva ou da existência de sintomas suspeitos, deve-se procurar orientação cardiológica com um especialista, executar todas as medidas de prevenção, realizar exames periódicos e tomar as medicações de forma correta. Violar esta regra pode implicar em risco aumentado para infarto do coração e derrame cerebral.
*Cardiologista com especialização em Cirurgia Cardiovascular, orientador de Nutrologia e Longevidade e coordenador da Faculdade de Medicina da Unilago de Rio Preto – www.drgabrielcardio.com.br