Governo Lula deixa aliança em memória do Holocausto; Israel fala em “falha moral”

6
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Decisão ocorre poucos dias após o governo Lula anunciar sua adesão à ação movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça.


O governo federal decidiu deixar a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), entidade que reúne governos e especialistas com o objetivo de preservar a memória do massacre de judeus na Segunda Guerra Mundial e promover a educação sobre o tema. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta sexta-feira (25.jul).

A decisão ocorre poucos dias após o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciar sua adesão à ação movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), por supostas violações dos direitos humanos na Faixa de Gaza.

Por meio do Ministério das Relações Exteriores, o governo justificou a participação no processo afirmando que a “comunidade internacional segue testemunhando, de forma rotineira, graves violações de direitos humanos e humanitários” na região e que “não pode permanecer inerte diante das atrocidades em curso”.

A decisão foi duramente criticada por Israel. Em nota publicada na rede social X (antigo Twitter) ontem, o Ministério das Relações Exteriores israelense afirmou que o movimento do Brasil representa “uma demonstração de uma profunda falha moral”.

O comunicado acrescentou que “em um momento em que Israel luta por sua própria existência, voltar-se contra o Estado judeu e abandonar o consenso global contra o antissemitismo é imprudente e vergonhoso”.

Relação conflituosa

O presidente Lula tem feito críticas recorrentes à atuação de Israel na Faixa de Gaza. Em 2024, ele chegou a comparar as ações do governo israelense na região ao Holocausto, o que provocou forte reação por parte de Tel Aviv. A declaração transformou Lula em persona non grata no país.

“Não vamos esquecer nem perdoar. Trata-se de um grave ataque antissemita. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel – diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse”, afirmou na ocasião o chanceler israelense, Israel Katz, ao embaixador do Brasil.

A crise diplomática levou o governo brasileiro a retirar, ainda no ano passado, o embaixador em Israel, Frederico Meyer, do país.

Ação contra Israel

Na quarta-feira (23), o governo brasileiro deu mais um passo rumo ao distanciamento diplomático entre Brasília e Tel Aviv.

Conforme antecipado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o Brasil oficializou o ingresso no processo judicial que tramita na Corte Internacional de Justiça (CIJ) contra Israel.

Apresentada em 2013 pela África do Sul, a ação acusa Israel de cometer genocídio contra palestinos na Faixa de Gaza.