Fonoaudióloga explica relação da COVID-19 com a voz

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Janaini Paz Landim apresentou as sequelas, tratamento e hábitos que melhoram a saúde vocal.

A COVID-19 já infectou mais de milhões de brasileiros. Após meses de pandemia, no entanto, diversas especialidades médicas passaram a olhar também para outros problemas gerados pelo vírus. Entre eles estão questões relacionadas à voz, em decorrência do processo de intubação muitas vezes necessário durante o tratamento do Coronavírus.

A fonoaudióloga do SanSaúdeJanaini Paz Landim, explicou que a patologia pode causar sequelas. “A voz é produzida na laringe através da vibração das cordas vocais, que se movimentam com o ar que vem dos pulmões. Quando temos uma alteração no fluxo respiratório, ela fica comprometida, pois, será necessário um esforço maior das pregas vocais para falar. A COVID-19 pode deixar sequelas vocais devido às dificuldades respiratórias, provocando inchaço, ocasionando rouquidão, dor e cansaço”, contou.

Janaini ressaltou que para os indivíduos que foram submetidos à intubação, as sequelas podem ser ainda mais graves. “O tubo é um material rígido que passa pela laringe, provocando pressão nos vasos da mucosa laríngea e gerando alteração no fluxo sanguíneo, irritação, inchaço, rouquidão, dificuldade e dor para engolir, perda de sensibilidade na região acometida. Além disso, a falta do uso da musculatura das pregas vocais ocasiona alterações na qualidade e intensidade vocal”, ressaltou.

Outras consequências

A pessoa pode apresentar também disfagia, que é a dificuldade e dor para engolir, engasgos, e escape de líquidos para o pulmão. “As alterações nas estruturas envolvidas são ocasionadas pela intubação prolongada, sedação e fraqueza. Ao engolir, os alimentos podem ir para o pulmão devido à redução da sensibilidade e força muscular. Se isso ocorrer, o indivíduo pode desenvolver pneumonia e, nos casos mais graves, ir à óbito”, disse.
 
É possível reverter o quadro?

A profissional ressaltou que, através de avaliação e terapia fonoaudiológica, é possível o paciente evoluir em sua recuperação e ter boa qualidade de vida. “O tempo para recuperação pode variar dependendo de cada caso, a melhora ocorre de forma gradual. É de extrema importância que o assistido e a família colaborem no tratamento”, complementou.

Qual o tratamento?

Através da avaliação fonoaudiológica, a terapia é estabelecida de acordo com a necessidade de cada indivíduo, com treino respiratório, vocal, mastigação, deglutição, juntamente com a fala, linguagem e cognição. “São necessários exercícios para proteção das vias aéreas (laringe), fortalecimento e movimento das estruturas envolvidas na fala e deglutição”, disse.

Existem exercícios que podemos fazer em casa?

Janaini contou que, para melhorar a qualidade vocal podemos adotar alguns hábitos saudáveis, de higiene vocal e exercícios simples para a voz como: vibração de lábios e língua, pois ajudam no aquecimento e desaquecimento da voz. “Lembrando que é necessário fazer uma avaliação profissional para determinação de exercícios de maneira a evitar danos vocais”, alertou.

Hábitos que melhoram a saúde vocal:

É fundamental beber diariamente no mínimo 2 litros de água, dormir bem, falar sem esforço, articular bem as palavras, manter a boa postura ao falar, cantar e evitar conversar em ambientes ruidosos. Além disso, é importante manter alimentação saudável com a ingestão de frutas, legumes, vegetais, fibras e proteínas, sem alimentos gordurosos e o consumo de bebidas alcoólicas.