Problema que atinge grande parte de hospitais em todo o País chega à região; Votuporanga já está com falta dos medicamentos.
O Hospital de Base de Rio Preto referência na região para tratamento da Covid-19, tem leitos, UTIs e respiradores, mas a falta de medicamentos como relaxantes musculares e anestésicos, essenciais para intubar os pacientes em estados graves, virou um fantasma que assombra a equipe médica e administrativa da instituição.
O HB, que suspendeu cirurgias eletivas, diz ter em estoque o “Kit Intubação” para mais uma semana, se o crescimento de internações de vítimas do novo coronavírus continuar na mesma progressão registrada nos últimos 15 dias. “A situação é preocupante porque não temos onde comprar. A indústria farmacêutica não tem para oferecer”, diz a diretoria executiva do HB, Amália Tieco. “Neste momento, a gente está se concentrando em achar alternativas que possam evitar uma tragédia maior”, afirma ela.
Na sexta-feira (5), a Santa Casa de Votuporanga transferiu cinco pacientes para o Hospital de Base de Rio Preto justamente porque o estoque daqui zerou. Nesta segunda-feira (8), o hospital ainda não tinha conseguido adquirir os fármacos e em nota disse: “A Santa Casa de Votuporanga informa que o estoque de sedativos e principalmente de relaxantes musculares ainda está crítico. A Instituição continua em contato com os fornecedores para negociação, entretanto não há previsão de entrega, pois os medicamentos estão em falta em todo o Brasil”.
A diretora do HB de Rio Preto informa que a quantidade de medicamentos para intubar e sedar pacientes graves de Covid-19 é o dobro da usada em doentes com outras enfermidades. “Se temos 10 pessoas na UTI, por exemplo, o uso é o equivalente a 20 pacientes de qualquer outra doença”. A conta se deve, principalmente, porque o paciente de Covid-19 fica mais tempo na UTI e precisa ser mantido sedado enquanto está intubado.
Pelo menos dois ofícios mostram que o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) vem há algum tempo informando o Ministério da Saúde sobre a dificuldade dos Estados em conseguir os medicamentos. O primeiro foi em 14 de maio, destinado ao então ministro da Saúde, Nelson Teich. Novo documento listando os fármacos em falta no mercado foi no dia 29 de maio, desta vez ao novo titular da pasta, o general Eduardo Pazuello.
O Rocurônio, por exemplo, um relaxante muscular utilizado na intubação, está em falta na rede pública de 24 estados brasileiros, ou seja, em 96%, segundo o documento encaminhado pelo Conass ao governo federal. Segundo levantamento da entidade, a partir de questionários respondidos pelas secretarias estaduais na primeira semana do mês de junho (1º), 11 medicamentos, pelo menos, estão em falta em mais da metade das pastas.