Americanos e aliados corriam contra o tempo para concluir a retirada após a retomada do poder pelo Talibã. Pela primeira vez desde 2001, não há tropas americanas no país.
As tropas americanas deixaram o Afeganistão na segunda-feira (30), segundo o governo dos Estados Unidos que corria contra o tempo para concluir a retirada de militares, aliados e colaboradores até a data limite de 31 de agosto.
Com a partida dos últimos voos do exército americano do aeroporto internacional de Cabul, tem fim as duas décadas de ocupação americana neste país do Oriente Médio.
O chefe do Comando Central dos EUA, órgão responsável pelas operações militares no Oriente Médio, general Frank McKenzie, disse em entrevista coletiva que o embaixador americano em Cabul embarcou, na segunda, no último voo a deixar o aeroporto internacional da capital afegã.
O Talibã, que voltou ao poder em 15 de agosto, tomou o controle do aeroporto, que estava sob comando dos EUA desde a queda do governo afegão para o grupo extremista.
Nova tentativa de ataque
Mais cedo, o sistema de defesa antimísseis dos Estados Unidos interceptou cinco foguetes lançados contra o aeroporto de Cabul, capital do Afeganistão. O ataque não interrompeu os últimos voos de retirada.
Foguetes também atingiram apartamentos residenciais em um bairro próximo, segundo a agência de notícias Associated Press. Eles caíram em Salim Karwan, bairro a cerca de 3 km do aeroporto, disseram testemunhas à agência.
O Estado Islâmico assumiu responsabilidade pelos ataques, segundo a agência Reuters. “Pela graça do Deus Todo-Poderoso, os soldados do Califado atacaram o aeroporto internacional de Cabul com seis foguetes Katyusha”, disse o grupo em uma rede social.
No bairro de Chahr-e-Shaheed, um carro destruído que parece ter sido usado no ataque tinha tubos de lançamento foguetes caseiros montados no lugar do banco de traseiro.
O Estado Islâmico e outros grupos terroristas costumam montar esses tubos em veículos e transportá-los, sem serem detectados, até perto do alvo.
O presidente americano, Joe Biden, foi avisado sobre a tentativa de ataque, e a Casa Branca disse em um comunicado que ele “reafirmou sua ordem para que os comandantes redobrem seus esforços para priorizar o que precisa ser feito para proteger as forças no solo“.
Ataque aéreo com drone
No domingo (29), os EUA fizeram um ataque aéreo com drone contra integrantes do Estado Islâmico-Khorasan, braço afegão do grupo terrorista e atingiram um carro que levava um homem-bomba ao aeroporto.
Uma fonte do governo americano disse que o drone era pilotado por agentes que não estavam no Afeganistão e que explosões secundárias após o ataque provam que o homem-bomba levava uma grande quantidade de material explosivo.
Um porta-voz do comando central dos EUA, o capitão Bill Urban, afirmou que os militares americanos estão tentando descobrir se o ataque matou algum civil e que, por enquanto, não há evidência disso.
Inimigo do Estado Islâmico no Afeganistão, o Talibã confirmou que o ataque dos EUA atingiu um homem-bomba que estava em um carro e que ele pretendia fazer um atentado no aeroporto de Cabul.
Mais de 180 mortos em atentado
Mais de 180 pessoas morreram em um atentado terrorista no aeroporto de Cabul na quinta-feira (26), em um ataque que foi reivindicado pelo braço afegão do Estado Islâmico.
A primeira resposta dos EUA veio no sábado (28): dois integrantes do Estado Islâmico-Khorasan foram mortos e um ficou ferido em um ataque com drone. Militares americanos dizem que os três estavam envolvidos no planejamento e execução do atentado suicida no aeroporto.
No mesmo dia, Biden, alertou que um novo ataque ao aeroporto seria “muito provável” nas “próximas 24 a 36 horas” (o que não acabou não ocorrendo) e que o bombardeio “não seria o último” (promessa cumprida com o ataque de domingo).
“A situação no local continua extremamente perigosa e a ameaça de um ataque terrorista no aeroporto continua alta”, escreveu o presidente, em um comunicado, após se reunir com seus conselheiros militares e de segurança.
*Informações/G1