
A declaração é a primeira do presidente paraguaio sobre ação hacker da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra altas autoridades do país vizinho entre 2022 e 2023.
O presidente do Paraguai, Santiago Peña, disse nesta sexta-feira (4.abr) que a espionagem por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) reabre feridas da guerra e que existe ressentimento contra seu país.
Em entrevista à Rádio Mitre, da Argentina, o presidente paraguaio falou pela primeira vez sobre a informação surgida nesta semana, após reportagem do portal UOL, de que a Abin teria tentado invadir o sistema informático paraguaio entre 2022 e 2023, “foi uma notícia bastante desagradável”.
“O Paraguai tem uma história bastante dura na região. Em certo momento da nossa história enfrentamos uma guerra de extermínio, como foi a Guerra da Tríplice Aliança [conhecida no Brasil como Guerra do Paraguai], com três irmãos, Uruguai, Argentina e Brasil, mas principalmente liderada pelo Brasil”, disse, sobre o conflito que transcorreu entre 1864 e 1870.
Ele afirmou que após a guerra, “o Brasil ficou no território paraguaio por quase uma década” e complementou: “São feridas que estamos buscando curar, e esse episódio, infelizmente, abre essas velhas feridas, quando queremos deixar para trás essa história de ódio, de ressentimento, que vinha de fora contra o Paraguai, e hoje percebemos que ainda há esse sentimento”.
“Vemos com uma tremenda preocupação”, exclamou sobre o episódio, que definiu como um “impasse” e disse não condizer com “uma relação de amizade, de sócios, de amigos” que o Paraguai propõe, para “construir um Mercosul mais forte”.
Peña disse ainda que o Paraguai sabia ter sofrido ataques hackers de chineses, mas que não imaginava que seu país seria alvo do Brasil. “Jamais imaginamos que iríamos estar sendo sujeitos de espionagem dos nossos irmãos, nossos vizinhos, os brasileiros”, concluiu.
Ainda segundo o apurado, um servidor da Abin disse que a espionagem começou no último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), mas continuou no governo Lula (PT), segundo ele, com autorização expressa do atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa.
O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, disse que seu governo convocou o embaixador do Brasil no país, José Antonio Marcondes, para dar explicações sobre a suposta invasão hacker feita pela inteligência brasileira a sistemas do governo paraguaio. O Paraguai também convocou seu embaixador no Brasil, Juan Angel Delgadillo.
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