“Clássico da Anvisa”: Termina prazo para defesas de AFA e CBF, e Fifa deve anunciar decisão em breve 

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Brasil x Argentina é suspenso após entrada de agente da Anvisa em campo — Foto: Marcos Ribolli

Jogo pelas eliminatórias sul-americanas da Copa foi interrompido após autoridades sanitárias invadirem gramado da Arena Corinthians. É pouco provável que seja declarado empate.


Quase cinco meses depois, o jogo entre Brasil e Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo em São Paulo, aquele interrompido com poucos minutos de bola rolando por causa da entrada em campo de agentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), parece próximo de ter um resultado.

Termina nesta quinta-feira, dia 27 de janeiro, o prazo dado pela Fifa para que as partes envolvidas apresentem suas alegações finais. A Comissão de Disciplina da entidade deve proferir sua decisão nas primeiras semanas de fevereiro. À decisão caberá recursos ao Comitê de Apelações, e depois ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). 

A Fifa pode determinar a realização de uma nova partida, ou pode decidir que um dos lados venceu o jogo. São improváveis as possibilidades de que a Fifa declare um empate ou determine um WO duplo – situação em que ninguém ganharia os pontos. 

Entenda o caso 

No dia 5 de setembro de 2021, o jogo entre Brasil e Argentina foi interrompido quatro minutos após o apito inicial. Na beira do campo, técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tentavam notificar quatro jogadores da Argentina que teriam burlado normas sanitárias ao entrar no Brasil. 

Eram eles Emiliano Martínez, Giovanni Lo Celso, Cristian Romero e Emiliano Buendía. Os três primeiros eram titulares e estavam em campo. Os quatro jogam na Inglaterra. Àquela altura – setembro de 2021– pessoas provenientes daquele país tinham que fazer quarentena de 14 dias ao entrar no Brasil. 

Mas, ao entrarem no Brasil, dois dias antes do jogo, os quatro omitiram esse fato das autoridades brasileiras. A Anvisa só se deu conta no dia seguinte, depois que eles já tinham treinado e circulado pelo Brasil. Todos estavam vacinados e apresentavam testes negativos para Covid-19. 

No dia 4 de setembro, um sábado – dia seguinte à chegada dos argentinos e véspera do jogo contra o Brasil – houve várias tentativas de negociar uma saída para o caso. Mas as reuniões entre Anvisa, Ministério da Saúde e AFA (Associação de Futebol da Argentina) terminaram sem solução. 

Invasão de campo 

A imprensa teve acesso aos relatórios do delegado da partida, o colombiano Juan Alejandro Hernández, e do árbitro daquele jogo, o venezuelano Jesús Noel Valenzuela. Os dois afirmam que houve “invasão de campo” por parte das autoridades da Anvisa. E que por isso o jogo foi interrompido. Os documentos deixam claro que não houve “abandono de campo” por parte da Argentina. 

Em sua defesa à Fifa, a CBF afirma que fez sua parte, que alertou os argentinos em dois e-mails sobre as regras sanitárias no país e que não poderia impedir a entrada no campo de autoridades. 

A AFA, por sua vez, entende que o mandante é o responsável por garantir a realização dos jogos, que enviou toda a documentação de seus jogadores para a CBF – e que a CBF deveria ter feito à Anvisa os pedidos de exceção para os jogadores argentinos que atuam na Inglaterra. 

O caso está no Comitê de Disciplina da Fifa desde então. Seja qual for a decisão tomada pela Fifa, a tabela de classificação das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 não sofrerá alterações e nem vai impactar outras seleções – o Brasil lidera com folga, a Argentina está em segundo lugar e ambas estão classificadas para o Mundial.

*Informações/ge