Botox no tratamento da enxaqueca: tecnologia aliada ao alívio da dor 

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Dr. João Ricardo Leão, médico neurologista - Foto: Reprodução

Dr. João Ricardo Leão, neurologista, explica mais sobre o procedimento, que traz benefícios aos pacientes.


A enxaqueca é muito mais do que uma simples dor de cabeça — trata-se de uma condição neurológica complexa, capaz de comprometer de forma significativa a qualidade de vida. 

Segundo a Associação Migraine Trust, cerca de 2% da população mundial sofre de enxaqueca crônica, caracterizada por crises em 15 dias ou mais por mês. Além da dor intensa, o quadro pode causar náuseas, sensibilidade à luz e ao som, distúrbios do sono, ansiedade e até depressão. 

A boa notícia é que, nos últimos anos, a neurologia tem evoluído significativamente no tratamento da enxaqueca, trazendo novas abordagens que unem ciência e tecnologia.
Entre elas, o uso da toxina botulínica tipo A (Botox) vem ganhando destaque como uma opção eficaz e segura para quem sofre com enxaqueca crônica. 

“O Botox atua bloqueando a liberação de substâncias químicas envolvidas na dor, reduzindo a sensibilidade do sistema nervoso e prevenindo novas crises”, explica o neurologista Dr. João Ricardo Leão.
“O paciente costuma perceber não apenas a redução da frequência das crises, mas também da intensidade e da duração da dor.” 

O uso terapêutico da toxina botulínica começou no século XX, e sua aplicação em neurologia é anterior ao uso estético. Desde os anos 1990, ela vem sendo utilizada com sucesso em condições como:

  • Enxaqueca crônica 
  • Dores neuropáticas 
  • Espasmos musculares involuntários 
  • Dores associadas à lesão medular 

Segundo a American Headache Society, o Botox inibe sinais de dor nos neurônios e melhora de forma consistente a qualidade de vida dos pacientes. 

Como é feita a aplicação 

O procedimento é simples, seguro e realizado em consultório, por um neurologista com experiência no uso da toxina.
Após uma avaliação detalhada, o médico aplica pequenas doses da substância em 31 pontos específicos, localizados na testa, têmporas, pescoço e ombros — áreas definidas por estudos clínicos. 

O tratamento dura 20 a 30 minutos, com uso de pomada anestésica ou gelo para conforto.
Os efeitos começam a ser percebidos entre 24 e 72 horas, e a melhora clínica costuma ser mais evidente após 7 a 10 dias.

O resultado pode durar de 2 a 6 meses, variando conforme a resposta individual. 

Possíveis efeitos colaterais 

Os efeitos colaterais da toxina botulínica são leves e temporários, geralmente restritos ao local da aplicação, como pequenos hematomas, dor ou coceira. Esses sintomas costumam desaparecer em poucos dias e podem ser aliviados com medidas simples, como aplicação de gelo. “Quando o procedimento é feito por um profissional habilitado, o risco é mínimo e os benefícios são expressivos”, destaca o neurologista. 

 Mais qualidade de vida para quem convive com a dor 

Para quem sofre de enxaqueca crônica, o Botox pode representar um divisor de águas.
Além de reduzir as crises, ele melhora o sono, o humor e o desempenho nas atividades diárias, devolvendo ao paciente a sensação de normalidade e bem-estar. 

“Nosso foco é sempre promover qualidade de vida. Cada paciente tem uma história e merece um tratamento individualizado, baseado em evidências e realizado com segurança”, finaliza o Dr. João Ricardo Leão.