Defensor do governo na CPI da Covid, senador alvo de denúncias da Lava-Jato será nomeado para reforçar apoio do Centrão no Congresso. Novo ministério criado eleva para 23 número de pastas na Esplanada.
O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quinta-feira (22) que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) foi convidado e aceitou o convite para assumir a Casa Civil do governo. Ele assumirá a pasta na semana que vem.
Bolsonaro concedeu entrevista nesta manhã à Rádio Banda B, de Curitiba. Questionado sobre a reforma ministerial, o presidente disse que colocará um senador na Casa Civil e confirmou o nome de Nogueira, integrante do chamado Centrão.
“Realmente deve acontecer semana que vem, está praticamente certo. Vamos botar um senador aqui na Casa Civil que pode manter um diálogo melhor com o parlamento brasileiro”, afirmou Bolsonaro.
“A princípio é ele [Ciro Nogueira]. Conversei com ele já, ele aceitou. Ele está em recesso, chega em Brasília segunda-feira, converso com ele, acertamos os ponteiros. E a gente toca o barco. É uma pessoa que eu conheço há muito tempo, ele chegou em 95 na Câmara, eu cheguei em 91”, acrescentou.
Prestes a ser nomeado ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, responde a duas denúncias apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência das investigações da Lava-Jato e ainda é alvo de um inquérito decorrente da delação do empresário Joesley Batista. Também foi alvo de três ações por improbidade administrativa na Justiça Federal.
Senador desde 2010, a maior parte das questões judiciais envolvendo Ciro corre nas instâncias superiores em razão do foro privilegiado. Os casos na Suprema Corte caminham desde 2017.
A outra denúncia, apresentada em fevereiro de 2020, aponta pagamento de dinheiro ilegal da Odebrecht para campanhas eleitorais de Ciro Nogueira. Os crimes apontados são corrupção passiva, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
À rádio, Bolsonaro também confirmou a recriação do Ministério do Trabalho, que se chamará Ministério do Emprego e Previdência. O atual ministro da Secretaria Geral, Onyx Lorenzoni, será o titular deste novo ministério e o atual chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, assumirá seu lugar na Secretaria Geral.
“O general Ramos que está na Casa Civil continua sendo um ministro palaciano, vai para Secretaria Geral. E o Onyx, que eu chamo de coringa, ele vai para um novo ministério, que não vai ser aumentado o número de ministérios”, disse Bolsonaro.
“Como o Banco Central perdeu esse status há dois meses, restabelecemos 23 ministérios e vai ser o Ministério do Emprego e Previdência. Esse que é o quadro pintado aqui agora. Nenhuma mudança drástica no meu entender. Acho que melhora a interlocução com o parlamento”, avaliou o presidente.
Ministérios
Uma das bandeiras de campanha do presidente Jair Bolsonaro, a redução do número de ministérios está cada vez mais distante das promessas do período eleitoral.
Bolsonaro recebeu do ex-presidente Michel Temer uma estrutura com 29 pastas: 23 ministérios, duas secretarias e quatro órgãos com status de ministério.
Antes da eleição, Bolsonaro prometeu enxugar a estrutura e disse que governaria com no máximo 15 pastas.
No entanto, três meses depois, em janeiro de 2019, empossou 22 ministros no Palácio do Planalto, incluindo o presidente do Banco Central, órgão até então com status de ministério.
Em junho de 2020, Bolsonaro anunciou a recriação do ministério das Comunicações, elevando o número de pastas a 23.
Com a sanção da lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central em fevereiro deste ano, o presidente Roberto Campos Netto perdeu status de ministro. Atualmente a Esplanada conta com 22 ministérios.