Mapeamento do governo do Estado utilizou como critério a reunião de pelo menos 15 dependentes químicos por três dias no mesmo ponto para a capital e mais de 30, ainda que espalhados pela cidade, para o interior.
Votuporanga e São José do Rio Preto, até então conhecidas por suas características regionais, agora figuram em um mapa preocupante: o das cidades paulistas com crescente concentração de usuários de crack. A expansão do consumo dessa droga para além dos grandes centros urbanos é um desafio que exige atenção imediata das autoridades e da sociedade.
Um levantamento recente da Secretaria Estadual de Saúde revelou um aumento alarmante no número de usuários de crack nessas duas cidades do interior paulista. A presença cada vez mais frequente de pontos de consumo, conhecidos como “cracolândias”, tem gerado um clima de insegurança e deteriorado a qualidade de vida da população.
Votuporanga, com pouco mais de 96 mil habitantes, figura na lista ao lado de municípios que em média são até cinco vezes maiores ou com problemas sociais mais graves e conhecidos, localizados perto do litoral ou da Grande SP. Isso integra um levantamento do governo paulista, obtido pela “Folha de S.Paulo”, que indicou que 45 cidades do Estado de São Paulo apresentam suas próprias cracolândias.
Para Votuporanga ser incluída no Mapa, segundo a reportagem, foi necessário registrar mais de 30 dependentes químicos, ainda que espalhados pela cidade. Já Rio Preto, por exemplo, contabiliza 756 pessoas em situação de rua, das quais 274 se declararam dependentes químicas, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social Rio Preto, ao jornal Diário da Região.
Além da capital, que possui 72 cenas de uso de drogas, três cidades se destacam com os maiores números de concentrações, duas na Grande São Paulo e uma no interior do Estado. Na lista, São Bernardo do Campo e Guarulhos ocupam o segundo e terceiro lugar, atrás somente da capital paulista, com oito pontos de concentração de usuários cada. Já no interior do Estado, Campinas é a cidade com mais cenas abertas de uso de drogas, quarta colocada na lista.
As causas para essa expansão são complexas e envolvem fatores sociais, econômicos e até mesmo geográficos. A falta de oportunidades, o desemprego, a fragilidade das redes de apoio social e a facilidade de acesso à droga são alguns dos elementos que contribuem para esse cenário.
Diante desse quadro, as autoridades locais têm intensificado as ações de combate ao tráfico e à dependência química. Polícia Militar e Guarda Civil Municipal realizam operações em áreas de maior concentração de usuários, enquanto a rede de saúde pública busca ampliar o atendimento a dependentes químicos.
No entanto, especialistas alertam que as medidas repressivas sozinhas não são suficientes para resolver o problema. É fundamental investir em políticas públicas de prevenção, como programas de educação para as drogas nas escolas e a criação de espaços de lazer e cultura para a juventude. Além disso, a reinserção social dos usuários de crack, por meio de programas de profissionalização e geração de renda, é essencial para romper o ciclo da dependência.
A sociedade civil também tem um papel importante a desempenhar. A criação de redes de apoio e a promoção de campanhas de conscientização podem contribuir para reduzir o estigma associado aos usuários de drogas e incentivar a busca por tratamento.
A expansão das “cracolândias” no interior paulista é um problema complexo que exige uma resposta integrada e multidisciplinar. A superação desse desafio depende do comprometimento de todos os setores da sociedade, desde o poder público até a comunidade local. A busca por soluções efetivas é urgente, pois a vida de milhares de pessoas está em jogo.