Inicialmente, apenas cinco dos 14 vereadores apoiaram o pedido do vereador Cabo Renato Abdala (Patriota), contudo, três dos seis vereadores necessários para ocorrer a votação retiraram suas assinaturas e a proposta foi arquivada.
Durante a 10ª sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Votuporanga/SP, na segunda-feira (29), a proposta para abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as denúncias de “fura-fila” da vacina contra a Covid-19 no município acabou retirada de pauta após desistência de três dos seis parlamentares de levar pedido à diante.
Na última semana, o vereador Cabo Renato Abdala (Patriota) apresentou o pedido que contava com aval de apenas outros cinco dos 14 parlamentares restantes: Professor Djalma (Podemos), Chandelly Protetor (Podemos), Thiago Gualberto (PSD), Carlim Despachante (PSDB) e Mehde Meidão (DEM).
Contudo, na segunda-feira, dia da sessão, os vereadores Professor Djalma (Podemos), Carlim Despachante (PSDB) e Mehde Meidão (DEM) desistiram de apoiar a proposta e retiraram suas assinaturas, impossibilitando assim a votação do pedido na Casa de Leis, que terminou arquivada.
Tema que resultaria em uma investigação do Legislativo às denúncias de supostas irregularidades na vacinação em Votuporanga, foi tratado como sensível e desimportante entre os vereadores durante a sessão, como por exemplo amenizou o líder do governo, Daniel David (MDB), que evitou falar sobre CPI e pontuou que as apurações já estão sendo feitas pela Polícia Civil, Procuradoria-Geral do Município e Ministério Público a pedido do prefeito Jorge Seba (PSDB).
“O prefeito Jorge Seba, quando ficou sabendo dos fura-filas tomou todas as medidas cabíveis para apurar as possíveis irregularidades. É transparência, é isso mesmo que tem que ser feito e nós vereadores também fazendo nossa parte de lutar por uma vacinação mais justa”, ponderou David.
Já Chandelly Protetor, decidiu expor seu posicionamento e do seu partido na Casa, explicando que seria totalmente favorável ao processo investigatório, mas evitou comentar a ação de seu companheiro de sigla que pediu a retirada do apoiamento. “O Podemos é totalmente favorável à abertura dessa CPI, onde seria criada uma comissão especial para fiscalizar essa questão do fura-fila em Votuporanga. Eu assinei e é prerrogativa do vereador investigar essa situação. Tanta gente precisando de vacina e teve aquelas pessoas que furaram a fila, inaceitável, o partido Podemos é totalmente favorável à abertura desta CPI”, garantiu o parlamentar.
Visivelmente incomodado com a manobra nos bastidores que invalidou sua iniciativa, Renato Abdala subiu o tom: “Ao chegar nessa casa soube que três vereadores ‘mijaram na arvrinha‘, pularam fora, mas aí a gente começa a descobrir algumas coisas. Temos diversos funcionários públicos que furaram a fila. Temos arquitetos, advogados, diversos professores que furaram a fila. Vou discutir com os senhores depois em particular se irei propor novamente a CPI, isso demanda tempo”, explanou.
Já o vice-líder de governo na Casa de Leis e presidente da frente parlamentar de enfrentamento ao Covid-19, o vereador Jurandir Benedito da Silva – o Jura (PSB), evitou o que classificou como “debate ideológico” e comentou: “Se o prefeito municipal, o Executivo, cumpriu aquilo que determina o que há de mais democrático que é expor a lista, aí o vereador Renato cumpre bem seu papel no caso de provocar na PGM [Procuradoria-Geral do Município] esse debate. Vereador é isso. Uma CPI nesse momento, é inoportuno, e não é por questões ideológicas é que nós temos coisas muito importantes para debater na Câmara, e se instalar uma CPI agora a Câmara vai ser travada…”.
Enquanto na Casa de Leis a iniciativa é arquivada, o inquérito policial segue no 1º Distrito Policial, sob comando do delegado de Polícia, Dr. Marco Aurélio da Silva Tirapelli.
O advogado Hery Katwinkell e ex-vereador votuporanguense, autor de um requerimento que junto com o ofício do prefeito Jorge Seba resultou no procedimento conduzido por Tirapelli, protocolou também denúncia junto ao Ministério Público Federal, que deve ser analisada por um Procurador da República de Jales/SP, conforme despacho do órgão de Justiça.
Denúncias
Diversas suspeitas de irregularidades na fila de vacinação contra a Covid-19 em Votuporanga foram levantadas logo após a publicação da lista de imunizados no município, que foi publicada cumprindo decisão da Justiça. Questionamentos, no geral, apontam inconsistências nos dados apresentados, como “idosos” com idades inferiores ao delimitado, além de uma ação conhecida como ‘fura-fila’, quando pessoas fora do grupo de prioridade para imunização acabam imunizadas.
Outro fato referente ao procedimento vacinal que viralizou nas redes sociais foi o episódio apelidado pela imprensa de “vacina de vento”, onde uma profissional de saúde aparecia supostamente aplicando uma seringa vazia no braço de um idoso, em um dos pontos de vacinação do município.