Vereador denuncia atendimento e Santa Casa instaura sindicância 

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Caso veio à tona na segunda-feira, durante a sessão da Câmara, quando o vereador Cabo Renato Abdala (Patriota) usou seu tempo de fala na tribuna para mostrar um vídeo relatando a situação. Hospital diz que situação foi pontual, atípica e que os fatos são investigados.


Na 29ª Sessão Ordinária da Câmara, na segunda-feira (23) o vereador Cabo Renato Abdala (Patriota) usou seu tempo de fala na tribuna da Casa de Leis para mostrar um vídeo, no qual aparece dentro de um quarto da Santa Casa de Votuporanga, dialogando com uma paciente, M.S.S., de 40 anos, que reclamava do atendimento prestado no local e pedia para ir embora. 

Em continuação do vídeo exposto, o parlamentar mostrou que no ambiente onde estava a paciente havia também a presença de um cesto contendo lençóis e outros tecidos sujos com sangue dentre outras substâncias. Uma marmita, que seria a refeição de M.S.S., estava próximo do recipiente que de tão cheio a tampa não fechava.  

“Cheguei na quarta-feira, me deram soro e me colocaram no corredor. Estou com toxinas no fígado e por isso gerou isso [coceira e inchaço]. Depois chegaram e falaram que arrumaram um lugar para eu ficar, e vim pra cá. Perguntei o porquê estou em isolamento, eles falaram que não sabem”, explicou a paciente.  

Ela em seguida, comenta que para sair, foi orientada a assinar um termo: “Fui orientada a assinar um termo, de que estou abandonando o tratamento”, comentou. 

Reclamando do forte cheiro, o vereador explicou que procurou auxílio de servidores do centro médico e chegou acionar a Polícia Militar para conseguir a liberação de M.S.S., que queria sair do hospital. 

O vídeo causou reações instantâneas entre os vereadores, o primeiro a se manifestar foi Daniel David (MDB) e líder do Governo da Câmara: “Quero pegar um gancho na sua última fala, de que a Santa Casa acerta muito, e você nunca fez um elogio para 1.270 funcionários que trabalham lá. E, é assim mesmo, você acertar a vida toda, se você fizer uma coisa que talvez esteja errada e ainda vai ser investigado, é pau. Elogiar ninguém quer, mas criticar é comum para o povo. É muito comum, dá ibope. Eu tenho informação de uma ligação, de uma pessoa, um enfermeiro, que foi feito de dentro da Santa Casa para poder dizer, ‘vêm aqui, vem aqui ver o que está acontecendo’. Eu quero dizer a esse enfermeiro que ele é um lixo. Um cara desses não serve para tratar de chiqueiro de porco. A casa dele deve tá nojo. Porque se ele fosse um bom funcionário, ele não estaria fazendo o que ele fez. Na hora que ele ver uma situação dessas, ele pede para limpar e para arrumar. Esse cara não é digno de ser chamado ser humano”, bradou. 

Em seguida, demais parlamentares saíram em defesa da Santa Casa, como as vereadoras Sueli Friósi (Avante) e Jezebel Silva (Podemos); contudo, Renato Abdala rebateu, classificando as respostas como ‘corporativismo’ e disparou: “Aí fica fácil, todo mundo já está percebendo, o Cabo Renato vem e fala, aí os outros se inscrevem para tentar desconstruir aquilo que a gente aponta de errado. A vereadora Jezebel fica fácil elogiar a Santa Casa, quando a filha trabalha na Santa Casa. O vereador Daniel também trabalha na Santa Casa. Então, isso é natural, corporativismo”, ponderou o parlamentar. 

A discussão continuou e até o presidente da Câmara, Serginho da Farmácia (PSDB), entrou no debate e questionou sobre o desenrolar da intervenção da Abdala, sendo informado de que M.S.S., queria ir embora e conseguiu. Contudo, o chefe do Legislativo ponderou que situações como esta, devem ser resolvidas junto a Administração do hospital, pensando na saúde e bem-estar do paciente em questão. 

Procurada pela reportagem do Diário de Votuporanga, a Santa Casa esclareceu que “foi uma situação totalmente pontual e atípica encontrada na Sala de Isolamento. A Instituição, inclusive, abriu sindicância para apurar os fatos, comprovando seu compromisso com a verdade, transparência e em oferecer uma saúde de qualidade e humanizada para todos”.  

A nota enviada à redação explica ainda que “por conta da sobrecarga causada com a crise sanitária mundial da Covid-19, os corredores do hospital, em alguns dias, são usados para pacientes que aguardam por leitos. Só no primeiro semestre deste ano foram 121 mil atendimentos entre externo, ambulatório, urgência/emergência e internações, 420 mil exames, 918 partos, 60 internações da UTI Neonatal, 4.555 cirurgias, 16.677 atendimentos Covid no Pronto Socorro e 783 atendimentos UTI Covid.” 

Ao final do documento, a Santa Casa de Votuporanga afirmou que “emprega e se orgulha dos 1.271 colaboradores que lutam diariamente na nossa maior missão que é a de salvar vidas.”