Unidade de Diálise da Santa Casa de Votuporanga completa 35 anos de cuidado, tecnologia e histórias de vida

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Unidade de Diálise da Santa Casa de Votuporanga completa 35 anos de cuidado, tecnologia e histórias de vida - Foto: Reprodução

Com 293 pacientes atendidos atualmente, setor celebra evolução da estrutura, humanização e avanços como as teleconsultas para pré-transplante.


Nesta sexta-feira, 8 de agosto, a Unidade de Diálise da Santa Casa de Votuporanga celebra 35 anos de funcionamento. A data marca não apenas a longevidade de um serviço essencial para a sobrevivência de centenas de pessoas, mas também um percurso de crescimento, inovação e, acima de tudo, de vínculos humanos que transformam rotinas desafiadoras em histórias de acolhimento e esperança.

Inaugurada oficialmente em 1989, mas com funcionamento iniciado em 12 de agosto de 1990, a Unidade de Diálise da Santa Casa começou pequena: apenas cinco máquinas antigas e 12 pacientes transferidos da região de São José do Rio Preto. Trinta e cinco anos depois, o cenário é bem diferente. São 293 pacientes atendidos — 278 em hemodiálise e 15 em diálise peritoneal — com um total de 45 máquinas de ponta funcionando em três turnos, de segunda a sábado. Apenas no primeiro semestre de 2025, foram realizadas 24.766 sessões, das quais mais de 95% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Quem acompanhou essa evolução desde o início foi a nefrologista Dra. Aparecida Paula Gondim Visona, que chegou à unidade em julho de 1990. “Hoje temos tudo o que a minha especialidade exige: duas modalidades de diálise, ambulatório de glomerulopatias, biópsias renais e até ósseas. Só não fazemos transplante aqui, mas nos preocupamos profundamente em preparar o paciente para chegar em boas condições a esse momento”, afirma. Para ela, o sentimento é de realização plena, mas com olhos sempre voltados para o futuro. “Nunca me conformei com o ‘já está bom’. Sempre busco melhorias.”

A atenção à tecnologia também faz parte desse caminho. Em 2024, a Unidade deu um salto ao realizar, pela primeira vez, teleconsultas para pacientes em preparação para o transplante renal, evitando o deslocamento até São José do Rio Preto. “Foi uma conquista importante que mostra como podemos integrar tecnologia ao cuidado humano”, completa a médica.

Esse cuidado, aliás, é o que mais marca quem passa por ali — tanto pacientes quanto profissionais. Aos 72 anos, Aparecido Scroque é paciente da unidade há seis anos. “Venho três vezes por semana. Aqui o tratamento é muito bom. As enfermeiras são ótimas, muito atenciosas. A gente se sente acolhido”, diz. Ele conta que descobriu a insuficiência renal ainda aos 50 anos, após exames de rotina. “As minhas filhas ficaram desesperadas. Mas estou aqui, firme.”

A técnica de enfermagem Mara Regina Francisco Nissimura, há 23 anos na unidade, também sente orgulho de ver o quanto o setor cresceu. “Quando comecei, eram 30 pacientes por dia. Hoje são mais de 290. A gente viu tudo mudar: máquinas, estrutura, colegas. Mas o que não muda é o carinho pelo paciente. Aqui a gente conhece a história, o filho, o neto… eles viram parte da nossa vida”, conta.

Já a enfermeira Neusa Vicente ressalta o impacto do serviço na vida de quem depende dele. “Se não existisse a hemodiálise, muitos dos nossos pacientes não estariam vivos. Alguns fazem tratamento há mais de 20 anos. E o mais bonito é quando conseguimos ver um transplante acontecer. É uma vitória para todos.” Ela também faz um apelo para que mais profissionais se interessem pela nefrologia. “É um setor que exige muito, mas que oferece um retorno humano incomparável. A gente vai dormir com a consciência de que fez diferença na vida de alguém.”

A história da Unidade de Diálise da Santa Casa de Votuporanga é, portanto, feita de técnica e tecnologia, mas, sobretudo, de gente. De médicos e profissionais comprometidos, de pacientes que lutam com dignidade e de uma Unidade de Diálise que, há 35 anos, se dedica diariamente a oferecer não apenas tratamento, mas vida com dignidade.