Última barcaça chega a porto no interior de SP antes da paralisação do transporte de carga na Hidrovia Tietê-Paraná

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Última barcaça chega ao porto intermodal de Pederneiras antes da paralisação da hidrovia — Foto: Thais Andrioli/TV TEM

Estiagem vem diminuindo gradativamente a profundidade do Rio Tietê, prejudicando a movimentação de cargas no porto intermodal, em Pederneiras/SP. Desde julho, 90% das barcaças já estavam paradas.


Por volta das 9h desta sexta-feira (27), o porto intermodal da Hidrovia Tietê-Paraná, em Pederneiras, no interior de SP, recebeu a última barcaça antes da paralisação das operações de transporte de carga pelo rio.

A estiagem que já vinha há algum tempo afetando o transporte de carga na hidrovia levou o sistema a seu nível crítico na região do porto, que anunciou a interrupção das operações a partir desta sexta. A última barcaça saiu do Porto de São Simões, em Goiás, carregado com farelo de soja.

O transbordo da carga deve levar cerca de 24 horas. Depois disso, a barcaça irá ficar estacionada no porto junto com as demais que já estavam paradas desde julho. Apenas 10% das embarcações estavam em operação e com a capacidade reduzida em 30% de carga.

A capacidade de carga delas foi reduzida para poder navegar pelo trecho do Tietê, que está no nível mínimo, 2,20 metros de profundidade.

A interrupção foi uma decisão das empresas que operam no porto, que já haviam previsto a paralisação para esse fim de semana.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano de Pederneiras, Paulo Fernando Sampaio Galvão Filho, por conta da baixa carga permitida por barcaça, diante do baixo nível do rio, a operação ficou inviável financeiramente, o que levou o setor a optar pela paralisação.

O secretário ressalta que, apesar do anúncio, o porto intermodal de Pederneiras segue tecnicamente em condições de operação e que a paralisação é uma opção financeira das empresas.

Para poderem passar no trecho de Buritama, as barcaças estão dependendo que a usina hidrelétrica de Nova Avanhandava libere mais água para provocar as chamadas “ondas de vasão”’, quando o nível da água aumenta por algum tempo e as embarcações não encalham.

Atualmente há um sistema de vazão em ondas que ainda possibilita o funcionamento parcial da hidrovia.

A água é acumulada e depois solta, proporcionando as ondas e aumentando a profundidade do rio. Esse é o sistema que deve ser interrompido, acumulando assim mais água para a geração de energia e impossibilitando o transporte no rio.

Cerca de 30 embarcações estão ancoradas no porto intermodal de Pederneiras desde junho, quando o nível do rio começou a baixar. As poucas embarcações que se arriscam a passar pelo ponto mais crítico precisam estar com no máximo 30% da capacidade de carga.

O porto opera no limite mínimo da capacidade: 2,20 metros de profundidade. A capacidade de carga diminuiu, mas o valor do frete continua o mesmo. Por isso, empresas que comercializam grãos cancelaram os contratos com as transportadoras aquaviárias e passaram a usar as rodovias.

Demissões

Com o movimento limitado, as empresas de transporte aquaviário estão demitindo os trabalhadores. Segundo a Administração Geral dos Portos, 80% dos funcionários do porto de Pederneiras já foram dispensados.

O porto interrompeu o transbordo nos últimos dias porque não há o que descarregar. De Pederneiras, a mercadoria era levada pela ferrovia até o Porto de Santos. Agora, o trem faz suas últimas viagens para esgotar a produção que ainda ficou no silo.

Em julho, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, já havia antecipado que, a partir de agosto, a hidrovia Tietê-Paraná poderia ter a movimentação de cargas interrompida em função da necessidade de reservar recursos hídricos para a geração de energia elétrica.

A medida afeta a logística do agronegócio, impedindo escoamento de grãos e subida de insumos pelos rios. E isso pode chegar até o consumidor, já que a alternativa rodoviária é mais custosa para produtor rural.

Escoamento da produção

A hidrovia Tietê-Paraná é uma das principais vias de escoamento da produção agrícola dos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e parte re Rondônia, Tocantins e Minas Gerais.

Ela tem 2,4 mil quilômetros de extensão, e liga o porto de São Simão, em Goiás, ao Porto Intermodal de Pederneiras, no Centro-Oeste Paulista. No porto intermodal é feito o transbordo e os produtos seguem de trem até o porto de Santos.

*Informações/G1