Por Carlinhos Marques –
Sinceramente acredito que as pessoas conseguiriam superar muito mais seus limites, esse olhar raso que muitas vezes temos sobre a vida, se pudessem desfazer essa ideia de sorte e azar.
Um filósofo que viveu recentemente, se não me engano faleceu agora nos anos 80, Sartre, Jean-Paul Sartre, disse algo que vale a pena prestar atenção:
“Não importa o que a vida fez com você; o que importa é o que você irá fazer com o que a vida te fez!”
O que a vida nos faz, não é que não importa, mas deve importar menos; o que vale é o que fazemos com isso que a vida nos faz.
A vida é um hiato, sim esse intervalo entre o nascimento à morte.
E nós somos capazes de controlar muito mais que imaginamos.
Somos capazes de controlar coisas que realmente fazem diferença, de fato.
Muitos de nós olhamos para as pessoas e imaginamos: “poxa, como aquela pessoa tem sorte, olha só, passou num vestibular, passou num concurso; é bem sucedida em seus empreendimentos.”
Para enxergar essas coisas, olhamos de forma mais demorada, agora na hora de olharmos o que fez essas pessoas alcançarem essas vitórias, passamos muito rápido e não vemos as noites que aquele aluno de medicina ficou sem dormir, estudando… aquele chefe que deixou muitas vezes a família pelas horas extras na empresa.
É só começar a dormir o dia todo, que a gente vai perceber que a sorte vai embora rapidinho.
Me lembro, inclusive acho que já citei aqui em outra ocasião, que em uma entrevista o pianista, Arthur Moreira Lima, um dos maiores pianistas do Brasil, que terminando um concerto foi interpelado por um fã que disse: “Seu Arthur, eu daria a minha vida para tocar piano como o senhor!” Sabe o ele respondeu? “Eu dei a minha!”
Precisamos parar e pensar:
A vida que eu estou levando, é a vida que eu quero levar? Estou com as pessoas que eu quero? Em que eu estou dando minha vida?
A vida é muito curta para que se perca tempo numa existência medíocre.
E não se assuste quando eu digo medíocre, porque medíocre vem de médio, do meio termo, indeciso, e medíocre, pode ser aquele morno que a Bíblia diz: “seja quente ou frio, porque o morno eu vomito,” morno talvez seja esse medíocre.
A vida é muito curta para ser pequena, já dizia um filósofo…
Portanto é fundamental a ideia de conhecer-se; Sócrates dizia isso: Conheça a si mesmo; saber quem somos é fundamental. Nos conhecermos sem exceção, sem medo de se conhecer plenamente, sem nunca perder de vista que a consciência é a chave da transformação. E aí Jesus, que também foi o maior filósofo que já existiu, dizia: “Conheça a verdade e a verdade voz libertará!”
Não tenha medo da verdade, da sua verdade. Responda de forma clara, sincera, e objetivas para si mesmo. O que eu quero? Aonde isto vai me levar? Quem eu sou? Isso me torna feliz? E ter consciência de controlar, perceber nossa vaidade.
Um dos principais elementos de descontrole da vida de uma pessoa é a vaidade. Muitas pessoas confundem como vaidoso aquele que tem uma roupa melhor, que frequenta bons restaurantes, que tem bons carros; a gente olha e acha que essa pessoa não é humilde, mas olha, vou dar um testemunho: eu já vi pessoas assim, extremamente humildes, como também vi pessoas chegando aqui, no Novo Sinai, só com a roupa do corpo, mas vestidas de uma arrogância, de uma vaidade sem a mínima disposição de mudança.
Vaidade é isso. É se achar mais do que é. E o pior: querer que as pessoas concordem com isso, querer que as pessoas concordem que você é aquilo que você não é. Nós precisamos saber exatamente quem nós somos.
Acho linda a afirmação de que, o ser humano é um ser perfeito, mas não é pronto, estamos parcialmente prontos; estamos em processo de transformação, porque a palavra, a origem da palavra “perfeito” que vem do latim, quer dizer feito até o fim, “per” + “feito”, e nenhum de nós não estamos feitos até o fim, por isso não somos perfeitos, estamos em processo de transformação.
Eu tive a oportunidade de ser convidado para participar da equipe que ministra um Retiro para o Brasil todo, se chama “Agapeterapia”, e temos uma camiseta que usamos, e nela tem uma frase sensacional:
“Desculpe o transtorno: estou em obras.”
Temos que entender que estamos em obra, e que isso gera transtornos, você deve ter lembrando de uma pintura em casa, uma reforma, sem sair da casa é difícil, e nós temos que administrar nossa reforma sem sair de nós mesmos.
Precisamos crescer sem medo; entender que temos áreas prontas e outras áreas que precisam de melhorias e que temos áreas que precisam ser criadas ainda; construir-se, fazer-se!
Freud, Sigmund Freud, o autor da psicanálise, morreu fazendo uma pergunta que pode parecer estranha, olha só, ele se perguntava: “por que as pessoas buscam tanto a infelicidade e quando encontram ficam tão surpresas, como se isso fosse improvável?”
Anos após anos repetimos os mesmos erros e isso é definição clara de insanidade. Procurar resultados diferentes fazendo sempre as mesmas coisas.
Aí bate a tal infelicidade que Freud falou lá em cima, disfarçada na forma de insônia, de ansiedade, de depressão, de angústia, de fracasso profissional e a gente fica surpreso… “Ah o que houve com a minha vida?” Houve a minha mão no fruto daquilo que eu fiz, no fruto do projeto, ou até na falta de projeto. Precisamos perseguir, sistematicamente durante a vida, aquilo que eu quero, as metas que eu desejo, o mundo que eu quero ver, e viver.
E aí um conselho do líder indiano, Mahatma Gandhi, que dizia assim: “Seja você o mundo que você quer ver!” Então se você quer um mundo mais humano, seja você a pessoa mais humana; eu quero um trânsito melhor, serei eu o melhor motorista; eu quero mais honestidade, serei eu a pessoa mais honesta.
Estamos perplexos com a corrupção no Brasil, sejamos aqueles que não furam a fila, que não pedem atestado para não trabalhar na segunda-feira, ser aqueles que reconhecem os seus pecados e não aqueles que atiram a primeira pedra.
Devemos ser nós a transformação que queremos ver no mundo. Pare de se espelhar no mundo e seja você, espelho para o mundo.
Isso que faz a diferença. Já que o mundo se espelha nos outros, que tal sermos nós o espelho para mundo?
Esqueça o passado! Faça da sua vida hoje um espaço diferente; reinvente-se; reconstrua-se.
Não se acostume ao fracasso; acostume-se à felicidade. Desafie-se!
Seja qual for a sua idade, a vida só vale a pena se não for pequena. Então faça a sua vida grande.
Quer um conselho? Reze! Reze bastante! Mas faça o que eu chamo de “oração perfeita”: que não é aquela em que Deus ouve o que você fala, mas aquela que você ouve o que Deus te fala, e sobre essa fala divina, eu traço os planos para minha vida.
Por Carlinhos Marques
Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai,
que acolhe dependentes químicos desde 2005 de forma voluntária e gratuita, idealizador do projeto “Sobriedade Já”
Informações:
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