AINDA DA TEMPO DE PARAR DE PERDER TEMPO
Seja sincero: se você fosse atualizar sua lista de perdas, você colocaria tempo nela? Talvez não, afinal, a gente perde chave, perde dinheiro, perde a paciência, mas raramente escreve “tempo” nessa lista. No entanto, o tempo é justamente aquilo que mais escorre por entre os dedos.
Quer testar? Você venderia um segundo da sua vida por um real? Parece negócio fácil. E se eu subir a proposta: dez reais, cem, mil reais? A tentação cresce. Afinal, um dia tem 86.400 segundos, pense na fortuna que seria se desse para negociar cada um por apenas dez reais!
Mas há um detalhe que não dá para ignorar: em um único segundo podemos perder tudo. Uma escolha errada, uma distração, uma palavra maldita, e pronto a vida pode mudar para sempre.
No fundo, não há moeda que pague um segundo sequer. Por isso, quando alguém idoso ou prestes a partir deseja algo, ele nunca pede dinheiro extra. Pedem tempo: para pedir perdão, para abraçar, para rever alguém querido.
Revise então, sua lista de perdas. Se o tempo estiver nela, é hora de parar de perdê-lo. Ainda dá tempo de parar de perder tempo.
“Ensina-nos a contar nosso os dias, e teremos um coração sábio.” (Salmo 90,12)
AMOR NÃO É SENTIMENTO, É MANDAMENTO
Muitos pensam que Jesus simplificou os mandamentos, mas na verdade Ele os condensou. Pegou dez e resumiu em um só: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” Parece simples, mas é exigente.
Mas repare: continua sendo mandamento. E mandamento não é sugestão, Mandamento é ordem.
Só que nós confundimos amor com sentimento. Achamos que amar é ter simpatia, ter afeição. Mas amor não é emoção passageira é decisão. É ato consciente de obedecer àquele que mandou.
Amar é dever de quem crê. E é claro, amar dói. Você já deve ter sofrido por amar um filho rebelde, um cônjuge difícil, um amigo ingrato.
No fim, sempre haverá dois sofrimentos possíveis: o de quem ama e o de quem não ama.
O primeiro dói, mas transforma; o segundo corrói, e destrói. E se for para escolher, é melhor sofrer por amar, do que sofrer por nunca ter amado.
“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.” (João 15,12)
VERDADE, A MAIOR CARIDADE
Você já percebeu que, às vezes, a maior caridade não é dar pão, mas dar verdade? Quem está com fome hoje, terá fome amanhã. Mas quem recebe a verdade, encontra alimento que não apodrece.
O problema é que a verdade não vem embalada em laço de presente. Muitas vezes, é amarga, indigesta, difícil de engolir. Não é à toa que tantos preferem a mentira confortável à verdade incômoda.
E assim, em nome de uma “bondade” mal-entendida, praticamos a caridade do silêncio. Fingimos que não vemos, nos calamos para não incomodar. Mas esse silêncio não é paz, é covardia travestida de gentileza.
A verdade nem sempre agrada, mas sempre liberta. Já a mentira é doce no início, mas deixa veneno no fim.
Por isso, falar a verdade, mesmo quando dói, é a maior caridade que se pode fazer a alguém. Porque o pão alimenta o corpo, mas a verdade alimenta a alma.
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8,32)
BOM OU RUIM, QUEM É VOCÊ PARA DIZER
Já reparou que alguns ensinamentos de Jesus parecem impraticáveis? “Não julgueis”, por exemplo. Sempre pensei que fosse apenas não julgar pessoas. Mas percebi que também é sobre não julgar circunstâncias.
Aí vem a pergunta: “Mas como não julgar, se preciso distinguir o que é bom e o que é ruim?” O problema é que nossa visão é curta, limitada, humana demais. Aquilo que hoje parece tragédia, amanhã pode se revelar benção. Aquilo que hoje chamamos de perda, amanhã pode se mostrar livramento.
Quantas histórias já ouvimos de vidas transformadas justamente por essas quedas? Já ouvi aqui no Instituto mãe dizer: “Ainda bem que meu filho usou drogas, foi o processo de recuperação dele que me fez uma pessoa muito melhor.” Forte, não?
É aí que a ordem de Jesus, não julgar, se conecta com a de Paulo, dar graças em tudo. Porque a gratidão é antídoto ao julgamento. É confiar que Deus sabe o que é realmente bom.
“Em tudo daí graças, porque esta é a vontade de Deus a vosso respeito.” (1 Tessalonicenses 5,18)
O MUNDO PRECISA DE MAIS AMADORES
Costumo brincar, que o Novo Sinai só está firme até hoje, mais de vinte anos, porque foi sempre conduzido por amadores. Mas calma, não me refiro a pessoas despreparadas. Digo amadores no sentido mais bonito: os que amam. Num mundo que exige diplomas, currículos impecáveis, é curioso perceber que são os que amam que continuam fazendo a diferença. Profissionalismo é importante, claro, mas quando falta amor, sobra vazio.
Há uma cena conhecida da vida de Madre Teresa de Calcutá: enquanto cuidava de leprosos, um político comentou: “Madre, eu não faria isso que a senhora faz, por dinheiro nenhum.” Ela, num olhar até com pena respondeu: “Filho, por dinheiro eu também não faria.”
Esse é o ponto. Há cursos que formam profissionais, mas Deus continua procurando os amadores, os que se dedicam não por vaidade, não por recompensa, mas porque amam, fugiu disso é só currículo bem impresso.
“Tudo o que fizerdes, fazei de coração, como para o Senhor e não para os homens.” (Colossenses 3,23)
Por: Carlinhos Marques
Presidente Fundador Instituto Novo Sinai, idealizador projeto “Sobriedade Já”
@novosinai
@carlinhosmarques_novosinai
www.novosinai.org.br