SOBRIEDADE JÁ

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Carlinhos Marques - Presidente Fundador do INSTITUTO NOVO SINAI - Foto: Reprodução

NÓIS CAPOTA, MAS NÃO BRECA

Esses dias, na rodovia, um carro bem novo me ultrapassou. Deu para ver um adesivo colado nele, dizendo: “Deus é fiel.” De certa forma, o dono estava ali expressando sua gratidão, externando sua fé.

Pouco tempo depois, encostei atrás de outro carro, bem antigo — talvez um Passat 78 (digo isso porque já tive um rsrs). E, para minha surpresa, também havia um adesivo. Sabe o que estava escrito? “Nóis capota mas não breca.”

Olha a diferença: o mais poderoso, mais rico, reconhecendo a providência divina; o outro, talvez mais humilde de bens, mas cheio de arrogância, desafiando as circunstâncias como quem diz: “Eu perco, mas não recuo.”

Claro, tem uma boa dose de ironia nisso, mas vale a pergunta:

Será que a gente não anda capotando na vida, só porque nossa arrogância se recusa a brecar?

A MANCHA DÁ MAIS MANCHETE

Dizem que um professor entrou na sala e anunciou uma prova surpresa. Pediu que os alunos tirassem tudo de cima da carteira e distribuiu uma folha com o texto virado para baixo.

Quando todos viraram a folha, surpresa: não havia perguntas, só um ponto preto bem no meio da página.

O professor então pediu: “Escrevam sobre o que vocês estão vendo.”

Ao final, leu as respostas em voz alta. Sem exceção, todos falaram sobre o ponto preto.
Ninguém escreveu sobre a parte branca da folha.

Agora pense: se pedissem para você falar da sua vida, você falaria apenas dos pontos escuros? Das dores? Das perdas, da gasolina cara, do cunhado folgado?

Talvez o que esteja faltando seja isso: olhar mais o todo, tirar o foco do problema e enxergar a beleza que ainda está em volta.

LUGAR DE GALINHA É NO GALINHEIRO, DE PORCO, NÃO SERIA PORQUEIRO?

Quem nunca se embananou com uma pergunta de criança? Criança é sincera até que os adultos as “eduquem”, né?

Esses dias, estava mostrando os animais da comunidade para o meu sobrinho:
“Aqui é o galinheiro, onde ficam as galinhas. Ali é o chiqueiro, onde ficam os porcos.”

Ele me olhou sério: “Tio, se as galinhas ficam no galinheiro, por que os porcos não ficam no porqueiro?” Faz um certo tempo isso, e eu ainda não consegui responder.

Já a minha sobrinha veio com essa: “Tio, por que tudo voltou ao normal pra Cinderela à meia-noite, menos o sapatinho? Ele não virou chinelo de novo?”

Também deixei a menina sem resposta até agora.

É, as crianças têm perguntas embaraçosas, mas muitas vezes têm respostas perfeitas.
Como cantou Gonzaguinha, e como ele eu também fico com a pureza da resposta das crianças, a vida: “é bonita, é bonita e é bonita.”

“Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele.” (Mc 10,15)

QUANTOS ANOS VOCÊ SE DARIA, SE NÃO SOUBESSE SUA IDADE?

Quantos anos você diria que tem, se não soubesse a sua idade?
Atenção: não é quantos anos gostaria de ter, mas quantos acha que teria.

Essa pergunta, se respondida com sinceridade, revela muito do nosso nível de maturidade.

Provavelmente você se sente adulto em várias situações,
mas também reconhece partes de si que ainda não cresceram o suficiente para se tornarem maduras. E às vezes, não crescer em alguma área da personalidade é uma forma de defesa.
Afinal, ninguém cobra de um bebê que ele faça cálculos ou trabalhe. Aí, sem perceber ou de propósito, a gente deixa infantil o que, amadurecido, nos cobraria atitude.

Será que você não está amamentando na mamadeira ainda a sua fé, com medo de que ela exija mais do que está disposto a entregar?

“Irmãos, não sejais meninos no entendimento. Sede crianças na malícia, mas adultos no entendimento.” (1Cor 14,20)

PRESTE MAIS ATENÇÃO NO SINAL AMARELO

Depois de um tombo, até que a gente sacode a poeira, mas raramente se pergunta: “O que me fez cair?”

Geralmente, é o excesso de confiança: “Ah, eu sei o que estou fazendo, já passei por isso antes…”

Olha, ignorar aquele friozinho na barriga às vezes custa caro, ele pode muitas vezes ser um alerta, depois que cai, que se machuca, fingir que não está doendo, dói mais ainda.

Entenda isso, toda queda começa na mente. E não se trata de viver com medo de cair,
mas de prestar mais atenção na estrada.

Às vezes, o que derruba não é uma pedra grande, mas uma poeira mal varrida.
Como? É um “sim” querendo dizer “não”. É um “eu aguento” quando já está no limite.

O bom de tudo, é que mesmo quando a vida nos faz cair, não é punição, é aprendizado, que se não entram pela cabeça, acaba entrando pelo joelho ralado.

Por isso, pare de ignorar o sinal amarelo. E antes de perguntar “Onde foi que eu caí?”,
pergunte: “Por que eu escorreguei?”

“Examinai tudo: abraçai o que é bom.” (1Ts 5,21)

Por: Carlinhos Marques

Presidente Fundador Instituto Novo Sinai, idealizador projeto “Sobriedade Já”

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