SOBRIEDADE JÁ

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Carlinhos Marques - Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai

NÃO OLHE ONDE CAIU, OLHE ONDE ESCORREGOU…

Toda atitude, toda palavra dita, é precedida milésimos de segundos, por um pensamento que te faz decidir.

Então você não mexe um dedo, nem muda o olhar, antes da autorização do seu cérebro.

Quando a gente erra, é porque antes, o pensamento, a ansiedade da mente, fez precipitar e de certa forma autorizou a ação

E é comum, quando erramos, nas nossas quedas, colocarmos o olhar exclusivamente no buraco, no lugar que caímos, e não perceber aquela areia fininha que fez escorregar. Porque não se escorrega nem se tropica em pedras grandes. A gente desvia, então, vamos parar de ficar olhando onde caiu, e começar a olhar mais onde você anda escorregando, pode ter certeza, vai evitar muitas quedas.

PARE, OLHE E ESCUTE…

Tem coisas que ficam mesmo gravadas

Lembro quando ia com meu pai para sitio dele, e a gente passava sobre uma linha de trem, e uma placa no cruzamento me intrigava, estava escrito: “Pare, olhe, escute.”

Três sugestões de prudência, que talvez salvaram vidas.

Claro que se não tivesse a placa, a maioria iria parar, afinal o que vinha do lado de lá era grande e pesado, e o estrago seria enorme.

Mas eu pensava, não é suficiente parar, e olhar, porque escutar?

Mas nessa “longa estrada da vida”, como cantava o saudoso Zé Rico, nós passamos também por muitos cruzamentos de risco, e só parar, e olhar, não é suficiente pra se ver o todo.

Então escute! Escute pelo menos o dobro do que você fala, afinal de contas temos dois ouvidos, e uma boca só.

POR DINHEIRO EU TAMBÉM NÃO FARIA…

Uma cena ficou marcada pra mim no filme da vida de Madre Teresa de Calcutá.  E que chama muito atenção sobre a verdadeira vocação daqueles que se doam pelo próximo.

Ela estava numa das ruas da Índia atendendo um leproso, e de repente um grupo de políticos que passava por lá, resolveu parar e ir até ela.

Admirado como ela tratava aquele homem todo cheio de feridas jogado na rua, um dos políticos disse: “Madre por dinheiro nenhum eu faria isso.”

Ela respondeu, olhando de baixo pra cima, com um ar até de pena para aquele homem: “Por dinheiro eu também não faria, nem por um milhão de dólares eu faria, faço por amor.”

Bem isso! Porque com um milhão de dólares, você continua pobre, se não for alguém na vida de alguém.

PROIBIDO, TOLERADO, ESTIMULADO E OBRIGATÓRIO…

Observando nossa suposta evolução, vi coisas tidas antes como proibidas, e hoje são obrigatórias.

Mas pra isso elas percorreram um caminho.

A negligencia fez aquilo que era proibido, se tornar tolerado. E dentro da tolerância, vai aparecendo os que estimulam, e sem perceber chegam aqueles que obrigam.

Veja que saltou de proibido para obrigatório? Passando pelo estágio da tolerância e do estímulo.

Olha o consumo de álcool entre menores, a lei diz: que é proibido, mas as autoridades, os pais toleram.

Aí vem a mídia e faz a propagandas, é o estimulo.

Depois entram os amigos, esses são os que obrigam, porque caso não bebam, não estarão na mesma “vibe”.

Dei o exemplo do álcool, mas pasmem, alguém duvida, que um dia poderemos ser obrigados a não nos sentirmos nem homem nem mulher?

E sim os neutros. A fase da tolerância e do estimulo já chegou..

SUA REAÇÃO É SÓ O PEDIDO DE DESCULPA?

Existem basicamente dois tipos de comportamentos nossos diante das situações.

A ação e a reação.

Acho até que não exista a certa ou a errada, cabem as duas conforme a circunstância.

Mas tanto uma quanto a outra fora do seu tempo, fora do “time”, é negativo.

Então, existe o momento da ação, e o momento da reação. E muitas coisas positivas deixam de acontecer com a gente, porque acabamos nos deixando levar mais pela reação, do que pela ação.

Veja que reação também é uma ação, no entanto normalmente é uma ação atrasada, tarde demais, que só aconteceu porque a circunstância forçou.

Mas o pior de tudo isso, é quando nossas reações acabam sendo simplesmente os nossos pedidos de desculpas, justamente por nossas ações impensadas e inconsequentes.

Por Carlinhos Marques

Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai, que acolhe dependentes químicos desde 2005 de forma voluntária e gratuita, idealizador do projeto “Sobriedade Já”

 

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