Sob gritos de ‘vergonha’, Câmara aprova nova secretaria e mais 27 cargos na Prefeitura

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Sob gritos de ‘vergonha’, Câmara aprova nova secretaria e mais 27 cargos na Prefeitura – Foto: Reprodução

Com a Casa cheia de profissionais da educação, lideranças locais e munícipes em geral, o projeto foi aprovado por oito votos a seis. Manifestantes empunharam cartazes, bradaram palavras de ordem e ‘decoraram’ as paredes da Câmara com cabides.


Jorge Honorio
Jornalista

A Câmara Municipal de Votuporanga/SP aprovou na 4ª sessão ordinária desta segunda-feira (17.fev), sob gritos de ‘vergonha’, em meio a protestos pacíficos, o projeto de autoria do Poder Executivo que cria a secretaria municipal de Bem-Estar Animal e mais 27 cargos na Prefeitura. A proposta, como noticiado pelo Diário na edição de sábado (15), não constava na ordem do dia, mas, poderia ser votada por meio de manobra de bastidores, o que de fato se concretizou. Na prática, foram colhidas assinaturas entre os parlamentares da base governista e, de última hora, a iniciativa entrou em votação por dispensa de formalidades, sendo aprovada por oito votos a seis.

A sessão foi acompanhada lance a lance por professores, educadores, vice-diretores, profissionais da saúde, lideranças locais, como os prefeituráveis nas últimas eleições Dalbert Mega, Antônio Carlos Francisco e Hery Kattwinkel, dentre outros. 

A manifestação foi balizada por gritos de palavras de ordem, cartazes e faixas com dizeres versando sobre valorização dos professores ao invés da criação de novos cargos com altos salários e secretaria, além da ‘decoração temporária’ das paredes da Casa de Leis com cabides, fazendo alusão a cargos em confiança.

Cartazes e cabides ‘decoraram’ as paredes da Câmara – Foto: Reprodução

A princípio, como noticiado pelo Diário, seriam criados a secretaria e 24 cargos, sendo 17 de confiança e mais sete em comissão (de livre nomeação, sem concurso público). Isso até a entrada do substitutivo protocolado na Câmara na última sexta-feira, e assim, de última hora, a Prefeitura apresentou uma emenda, excluindo um cargo e criando mais quatro de confiança, totalizando 27 cargos e uma nova secretaria.

O resultado da votação e aprovação do projeto já era entendido como certo nos bastidores antes mesmo do início da sessão, contudo, Cabo Renato Abdala (PRD) e Osmair Ferrari (PL) foram à tribuna, onde reafirmaram posição contra o projeto e saíram ovacionados. Por outro lado, os favoráveis à iniciativa optaram pelo silêncio, até para evitar o desgaste público e as vaias dos presentes.

Contudo, nem assim os manifestantes abrandaram a intensidade do fogo e elevaram o tom dos protestos, incluindo xingamentos e até provocações aos parlamentares, principalmente aqueles ‘em cima do muro’, ou que não haviam declarado contrariedade ao projeto, mas que insistiram em usar a tribuna. A esses, uma salva de: ‘Vota contra, vota contra’. 

E assim, o presidente da Câmara, Daniel David (MDB) precisou intervir e suspender a sessão por alguns minutos, enquanto cobrava por respeito aos vereadores. Porém, a atitude do chefe do Legislativo foi tida como hostil e os manifestantes, por sua vez, elevaram o tom dos protestos. 

Para tanto, o reforço da Polícia Militar foi notado na Câmara, porém, sem nenhuma intervenção.

Por fim, o projeto foi colocado em votação e apenas Cabo Renato Abdala e Osmair Ferrari utilizaram a tribuna para uma última apresentação de suas justificativas para o voto contrário ao projeto. Findada a votação, o painel da Câmara mostrou os votos favoráveis de: Emerson Pereira (PSD), Dr. Leandro (PSD), Carlim Despachante (Republicanos), Chandelly Protetor (Republicanos), Serginho da Farmácia (PP), Marcão Braz (PP), Gaspar (MDB) e Sargento Moreno (PL).

Painel da Câmara mostra o resultado da votação – Foto: Reprodução

Na contramão da iniciativa, votaram contra: Cabo Renato Abdala (PRD), Wartão (União Brasil), Natielle Gama (Podemos), Osmair Ferrari (PL), Vilmar da Farmácia (PSD) e Débora Romani (PL). Vale ressaltar que o presidente da Casa, Daniel David, só votaria em caso de empate, o que não ocorreu.

Após a aprovação do projeto, grande parte dos manifestantes deixou as galerias da Câmara Municipal sob gritos de palavras de ordem e expressando contrariedade com o resultado da votação.