Sessão da Câmara tem arquivamento de denúncia e ‘bronca’ de Meidão

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Vereador Mehde Meidão (DEM), da tribuna da Câmara, profere duríssimas críticas ao editorial do jornal A Cidade e num ato de exaltação rasga uma edição do impresso, arrancando risos das pessoas sentadas na galeria da Casa de Leis

Sueli Friósi havia sido denunciada por suposta quebra de decoro ao utilizar seu “PIX” pessoal para arrecadar recursos para o programa “Prato Solidário”. Decano da Casa de Leis subiu o tom e afirmou que Câmara tem se tornado uma “fábrica de fuxicos”.


A 28ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal realizada na noite de segunda-feira (16), seguia seu rito convencional na Casa Legislativa, sob a expectativa dos presentes da votação dos parlamentares sobre a denúncia protocolada na Câmara contra a vereadora Sueli Friósi (Avante), por suposta quebra de decoro parlamentar, quando a ela teria utilizado seu “PIX” pessoal para arrecadar recursos para o programa “Prato Solidário” mantido pelo Executivo Municipal.

Em sua defesa, Sueli Friósi apresentou na tribuna da Câmara, além do discurso que relembrou as raízes de sua família no município, uma resposta do Ministério Público à denúncia prévia no qual o promotor Eduardo Martins Boiati, teria afirmado que “condutas como as da vereadora deveriam ser aplaudidas e não repudiadas. A representação civil, longe de ser um ato cívico, mas parece um ato de vendida pessoal e obviamente não será patrocinada pelo Ministério Público’.

Vereadora Sueli Friósi (Avante) faz sua defesa na tribuna da Câmara, em denúncia que acabou arquivada durante 28ª Sessão Ordinária

De maneira veemente, Friósi admitiu diante dos companheiros de mandato que usou o “PIX” na ânsia de ajudar a campanha e concluiu: “Por isso digo, se alguém tiver alguma coisa contra mim, que venha forte, pois não estou aqui para brincar e sim para trabalhar pela população”.

Diante da defesa, o vereador Renato Abdala (Patriota) afirmou que após analisar todas provas e indícios apresentados pela vereadora, votaria pelo arquivamento da denúncia.  

As falas se sucederam entre os vereadores, no sentido do arquivamento, sendo que uma cassação no mandato anterior que precisou ser revertida na Justiça foi trazida à tona, a do então vereador Hery Kattwinkel. A vereadora Missionaria Ednalva Azevedo (DEM) e Daniel David (MDB) chegaram a falar em “arrependimento” em ter votado favoráveis à cassação naquela oportunidade.

A denúncia estava rejeitada, quase por unanimidade, exceto pelo voto contrário do decano da Casa de Leis, o vereador Mehde Meidão (DEM), que pediu a palavra e subiu o tom: “Tem um ditado popular, que quem gosta de farra é macaco. Há duas semanas ou três semanas, no corredor na prefeitura, os donos do fuxico, da denúncia, estavam trabalhando para que esse projeto fosse para frente. Nós tivemos aqui. Eu estou dizendo isso porque eu tenho 43 anos de Casa. 43 anos de Casa, não é dois dias. Eu nunca vi uma Câmara fazer denúncia, uma atrás da outra e depois vim e pedir perdão. Temos um perdão de uma denúncia de uma doença de vereador dessa Câmara [episódio envolvendo Sueli Friósi (Avante) e Jura (PSB)]. Nós temos a denúncia e o perdão de um 13º e das férias dos vereadores. Eu acho que tá na hora da Câmara trabalhar pela população e parar com esse negócio de fábrica de fuxico que nós temos aqui dentro. Nunca a Câmara em 43 anos teve da maneira em que está hoje. Outro vereador disse que para vossa excelência [se dirigindo ao presidente da Câmara, Serginho da Farmácia (PSDB)], sobre o negócio da pizza e vossa excelência não gostou. E hoje, nós estamos provando mais uma vez a falta de responsabilidade. Quem fez a denúncia? Todo mundo sabe quem fez. Mas meteu o rabo meio das pernas e tirou o time de campo. Não sei se foi ameaçado, não sei o que foi e hoje está a favor. Eu sou pela apuração. Voto pela apuração.”

Após o arquivamento da denúncia, a sessão voltou ao curso normal e entre indicações e projetos, uma moção de repúdio foi aprovada por unanimidade, de autoria do vereador Jura (PSB) e dirigida ao presidente dos Correios, Floriano Peixoto Vieira Neto, em resposta a um ofício sobre o fechamento da Agência dos Correios do bairro Pozzobon.

O vereador Mehde Meidão voltaria a usar a palavra, e da tribuna da Câmara proferiu duríssimas críticas ao editorial do jornal A Cidade e num ato de exaltação rasgou uma edição do impresso, arrancando risos das pessoas sentadas na galeria da Casa de Leis.

As críticas foram aquiescidas pelo presidente da Câmara, Serginho da Farmácia, que disparou: “Parabéns Meidão pelas palavras, realmente esse jornalzinho eu já disse aqui também, é um jornalzinho lixo. Que publica só matérias pagas. E coisas talvez, só de interesse dele e menos de interesse da comunidade. Eu só não peguei o jornal na mão para rasgar, porque tenho nojo desse jornal, viu Meidão, senão, teria feito a mesma coisa que vossa excelência fez.”