Com apenas dois jogos, jogadores desgastados em fim de temporada e obrigação de cortes do banco de reservas, Tite não consegue fazer todas as observações que gostaria.
Dentro de campo, observações, ajustes finos e vitórias sobre Coreia do Sul e Japão. Fora das quatro linhas, momentos de descontração e a oportunidade de estreitar ainda mais os laços entre os jogadores que vão buscar o hexacampeonato no Catar. A data Fifa de junho termina com saldo positivo para a seleção brasileira, mas ainda com dúvidas na escalação e na lista final de convocados para a Copa do Mundo.
O técnico Tite utilizou 21 dos 27 jogadores que foram à Ásia. Apenas o goleiro Ederson (que se machucou), os zagueiros Léo Ortiz e Gabriel Magalhães (também lesionado), o lateral-esquerdo Alex Telles, o meio-campista Danilo e o atacante Rodrygo não foram escalados.
Inicialmente, o plano era ter uma janela maior de tempo e de jogos, que permitisse utilizar mais atletas e variações táticas. Com duração de duas semanas, essa data Fifa comportaria entre quatro e cinco amistosos, mas a Seleção teve de se contentar com apenas dois compromissos depois de a Argentina cancelar duelo que seria realizado no dia 11.
Para piorar, os seis convocados que disputaram a final da Liga dos Campeões por Real Madrid e Liverpool se apresentaram depois ao grupo, formado em sua maioria por jogadores que estão em fim de temporada – consequentemente, desgastados física e emocionalmente.
Tite ainda lamentou o fato de não poder levar todos os convocados para o banco de reservas. Em cada uma das partidas, quatro atletas de linha tiveram de ser cortados da lista de relacionados.
Neste cenário, três laterais-esquerdos foram chamados, mas só Alex Sandro e Guilherme Arana entraram em campo – Alex Telles era a outra opção. Já na zaga, Gabriel Magalhães passou a maior parte do tempo no departamento médico e, apesar de ter sido convocado pela quarta vez, seguiu sem estrear com a amarelinha.
Assim, Tite segue com dúvidas não apenas na lista de convocados para o Mundial do Catar, mas também na escalação ideal.
Apesar dos empecilhos, a comissão técnica da Seleção pôde observar Éder Militão na lateral direita, dar mais minutos a Guilherme Arana, e escalar Neymar novamente como falso 9, tendo trio de companheiros de ataque inédito contra o Japão: Raphinha, Lucas Paquetá e Vini Júnior.
Tite e seus auxiliares entendem que o período na Ásia foi importante também do ponto de vista emocional.
No convívio ao longo destas duas semanas, os atletas fizeram passeios por pontos turísticos, visitaram um parque de diversões e tiveram momentos de descontração que ajudaram o grupo se conhecer e se unir ainda mais.
“Temos transformado treinamentos em algo para desenvolver mecanismos da equipe, soluções, jogar contra adversários com características que temos mais dificuldade de enfrentar. Entendemos que nos preparamos melhor. E também a coesão do grupo, entendemos que não é só a parte técnica e tática. Quando um jogador é pelo outro, você consegue criar essa sintonia, essa solidez mesmo em termos de grupo. Tem jogos que você vence com técnica e esquema tático, mas tem jogos que vence com alma. Sair junto, ir no parque, na torre, parece que são compromissos que não têm nada a ver, mas são socioafetivos. Saímos dessa data Fifa com grupo mais forte em termos de parceria, de um pelo outro”, comentou César Sampaio, auxiliar da Seleção.
A Seleção voltará a se reunir em setembro, quando deve enfrentar a Argentina, em jogo das Eliminatórias que deveria ter acontecido no ano passado, e também fará um amistoso. O adversário está indefinido, mas a CBF prioriza um africano.
A estreia brasileira na Copa será em 24 de novembro, contra a Sérvia, em Doha.
*Com informações do ge