Não deu certo com Pedro Caixinha e, agora tenta o retorno de Jorge Sampaoli.
O Santos está passando por período de transição após o rebaixamento do clube em 2023. Apesar da reestruturação do elenco e da comissão técnica, para adequação à disputa da série A do futebol nacional, ainda não conseguiu se reconectar ao DNA ofensivo, que é a marca histórica do clube. As dificuldades coletivas estão muito presentes e não favorecem o rendimento linear da equipe.
Neste início de temporada, após ter feito campanha instável no Campeonato Paulista, com Pedro Caixinha no comando técnico, só apresentou alguma melhora com a chegada de Neymar ao elenco. No Brasileirão, já soma duas derrotas e um empate, nas três rodadas disputadas até o momento.
A contratação do técnico Pedro Caixinha parecia ter sido uma escolha assertiva, uma vez que sua filosofia de trabalho se encaixava com o ideal de reconstrução do DNA ofensivo. As ideias de jogo do técnico, que valorizam a posse de bola, utilizando a intensidade e a marcação alta, na teoria, se casavam com o histórico do clube e poderiam ter dado uma liga perfeita.
Porém, a realidade ficou muito aquém da expectativa. Durante a curta passagem de Caixinha, o Santos apresentou-se demasiadamente desorganizado, dependente de atuações individuais, sem conseguir tornar realidade o que era idealizado pelo técnico. No Paulistão houve desequilíbrio claro nas jogadas de bolas paradas, e a equipe não conseguia ser criativa.
Os poucos resultados positivos e o desempenho coletivo fraco não chegaram nem próximos do ideal para que o Santos se tornasse competitivo. Esses fatores, aliados a cultura resultadista – que traduz a impaciência de manter uma comissão técnica que não traga resultados imediatos -, culminou na interrupção do trabalho do treinador Caixinha.
Na verdade, o técnico não teve à sua disposição a totalidade do elenco, devido às ausências constantes de jogadores e não conseguiu fazer com que a equipe jogasse da forma que ele pensa o futebol. O Santos não foi capaz de atuar ofensivamente, bem como não utilizou os conceitos modernos do técnico, como a valorização da posse de bola e a marcação alta exercida pelo time ainda no ataque, no momento em que o adversário está se organizando.
Estou realmente decepcionado com a demissão do Pedro Caixinha, pois acreditava que poderia haver convergências entre seus conceitos e o time do Santos. Lembrando da forma como ele montou a equipe do Bragantino, com o equilíbrio harmonioso entre as fases do jogo, poderia haver o encaixe perfeito, com potencial de ser duradouro.
Mas como a performance coletiva estava deficitária, além de outros problemas, talvez a solução seja mesmo a troca de técnico. No último jogo, contra o Fluminense, o Santos foi amplamente dominado, não conseguindo nem reter a posse de bola para diminuir o volume de jogo do time carioca. Só melhorou a atuação após o intervalo da partida, com a entrada de Neymar em campo, mas, mesmo assim, a derrota foi inevitável.
O favorito para assumir o comando técnico é o argentino Jorge Sampaoli que já trabalhou no clube em 2019 sendo vice-campeão brasileiro, com rápida adaptação. A saída de Sampaoli da equipe da Vila foi conturbada, mas é inegável que o treinador tem capacidade e empatia com o DNA ofensivo do time.
Com Sampaoli, o Santos era protagonista das ações do jogo, tendo a intensidade e a ofensividade como as principais características, além de buscar o controle da posse de bola na maior parte do tempo. Sem dúvidas, é um bom nome para o Santos, mas não podemos deixar de salientar os problemas de relacionamento que o técnico teve com grupos com os quais trabalhou anteriormente. O fato de ser um técnico que exige muitas contratações também pode ser um entrave para ambas as partes.
O elenco titular do Santos não é ruim, mas não possui peças para reposição à altura, para que o rendimento permaneça linear. Porém, se bem trabalhado, tem potencial para melhorar a performance e até assumir posicionamento acima do meio de tabela. O trabalho de Jorge Sampaoli é diferenciado e exige algum tempo para ser assimilado com perfeição, mas a recuperação da confiança do grupo já deverá trazer uma melhora tática para a equipe.
Enquanto a negociação não é concretizada, o Santos será treinado e comandado pelo auxiliar Cesar Sampaio, que trabalhou com Tite na Seleção Brasileira.
*Com informações do ge