Santa Casa: intérprete de Libras no atendimento a surdos

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Pacientes são acompanhados pela profissional em consultas, exames, e até mesmo em partos.

Acessibilidade e democratização do atendimento à população. Objetivos da Santa Casa de Votuporanga, que conta com tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para auxiliar na comunicação entre médico e paciente com surdez na Instituição.

Um serviço que nos enche de orgulho e que representa um grande avanço para a comunidade surda. A profissional Tatiane Leão atua nas consultas e exames agendados, no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Votuporanga e também no Hospital, incluindo Pronto Socorro.

Para comemorar o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), celebrado neste sábado (24), três pacientes contam sobre seus atendimentos e destacam a independência e segurança como benefícios do trabalho da intérprete na Instituição.

A família de William Macedo e Cintia Oliveira, ambos surdos, aumentou no ano passado. O primeiro contato da Cintia com a intérprete foi em uma consulta, no AME. “Eu tive o prazer de estar com a Tatiane, ao sentir o coração do meu filho. Fiquei muito feliz com isso”, disse.

Kayo nasceu no dia 10 de outubro do ano passado, para fazer companhia para sua irmã mais velha, Karolyne, de seis anos. Toda apreensão e medo por suas limitações foram transformadas em emoção, compreensão e diálogo. Os pais foram assistidos por Tatiane durante todo o nascimento, ainda no Centro Cirúrgico e internação.

A mãe ressaltou as dificuldades. “A falta de comunicação e sensibilidade é maior quando não tem esse profissional. No dia do nascimento, minha emoção foi ainda maior. Se faltasse uma intérprete, não teria a mesma emoção”, disse.

Willian contou toda sua ansiedade. “Sem comunicação, eu ficava nervoso e ansioso, pedindo ajuda de alguém. Eu fiquei admirado de ter a clareza de toda a situação, sem precisar adivinhar o que estava acontecendo”, afirmou.

André Moreti, representante da comunidade surda, considera um avanço. “É uma luta constante para nós por igualdade. Essa conquista para nós é maravilhosa, chega de pais em consultas. Somos independentes e estou muito feliz por esse serviço tão claro e objetivo”, ressaltou.

Ele também já usufruiu deste serviço. “Eu já precisei de atendimento e, quando cheguei lá, é diferente. Não precisei depender de ninguém da família para estar comigo. Eu tenho autonomia para ir sozinho, conversar com o médico. Com a intérprete, é muito melhor. É uma comunicação mais clara e eu ganho independência”, complementou.

O serviço

No Hospital, assim que o surdo chega na Recepção, a atendente entra em contato com a intérprete para solicitar o serviço. Já no AME, essa assistência é feita no momento do agendamento de consultas e exames, com o direcionamento feito na unidade básica de saúde.

O provedor da Instituição, Luiz Fernando Góes Liévana, ressaltou a importância da profissional. “A Santa Casa preza muito pela humanização dos atendimentos. Ter uma intérprete de Libras à disposição do Complexo representa inclusão de um público, que dependia de familiares para os serviços. Mais do que isso, é o respeito pela cidadania, pela individualidade. Estamos muito felizes com este novo passo na acessibilidade à assistência, que faz a diferença na saúde e, principalmente, na vida do paciente”, finalizou.

Saiba mais

Libras é uma ferramenta fundamental para a comunicação dos surdos. Os sinais utilizam combinação de configurações das mãos, movimentos, expressões faciais e corporais, dentre outros aspectos. Os intérpretes de língua de sinais são os profissionais que auxiliam nesse processo de comunicação.

Segundo o Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos do Ministério da Educação (MEC), para realizar a interpretação da língua falada para a língua sinalizada e vice-versa, o intérprete deve observar os seguintes preceitos éticos: confiabilidade (sigilo profissional); imparcialidade (o intérprete deve ser neutro e não interferir com opiniões próprias); discrição (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante a atuação); distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são separados); e fidelidade (o intérprete não pode alterar a informação por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto).