Rond 6, um drama coreano que estreou no último dia 17 de setembro já é uma das séries mais vistas da plataforma.
(Andrea Anciaes)
A trama é simples: pessoas que sofrem de problemas financeiros aceitam participar de um jogo de sobrevivência. A série coreana está fazendo sucesso no mundo inteiro.
Para se ter noção, a produção já atingiu o marco de mais assistida nos Estados Unidos, além de emplacar o top 10 da Netflix em 70 países, com o Brasil incluso.
Nas redes sociais, o termo Round 6 já se tornou um dos mais comentados no Twitter, além de diversos conteúdos no Tiktok falando sobre a produção.
Série realista, com uma pitada de comédia, mostrando situações de vida que qualquer cidadão comum pode ter. Além de mostrar outra cultura a coreana. Claro que tem violência escancarada, mas temos violência nas notícias de nossa TV diariamente e nem por isso ficamos menos ou mais pirados.
Assistir a série nos faz repensar experiências e valores que aprendemos desde crianças até nossa formação. Lembrando que todos os 456 jogadores estavam falidos ou com grandes problemas em suas vidas e viram uma oportunidade de resolver suas vidas de uma maneira “fácil” o que nunca é. Para quem assiste até o final é interessante como tratam os candidatos a bilionários e o final é espetacular no último jogo. Tirando o suspense e violência, o todo é de muita reflexão.
Quando acabar a competição entre humanos, o mundo estará em outro patamar de consciência. Não é necessário oprimir, competir, nem guerrear, armazenar bombas. O planeta será o único bem comum para garantir a continuidade da espécie. Utopia. Não!! Infelizmente a luta continua. Acordar faz parte do jogo. Só olharmos para trás e revermos a história.
O jornal Diário de Votuporanga conversou com o advogado Caio Velho e com a psicóloga Adriana Vinturini de Oliveira que fizeram uma análise jurídica e psicológica da serie, acompanhe:
“A série ROUND 6 está causando turbulências desde seu lançamento pela plataforma NETFLIX, plataforma de streaming conhecida popularmente e difundida em âmbito mundial.
Em resumo a série relaciona temas emblemáticos do cotidiano, abordando em uma versão extremada de valores nas relações afetivas entre seres humanos, claro, com enforque extremo, sem deixar o viés crítico de lado.
Como enredo a série conta com um grupo de pessoas endividadas convidadas a participar de uma série de jogos com prêmio milionário para o ganhador e aos derrotados custariam a perda de suas vidas.
Em análise crítica e jurídica poderia observar vários aspectos interessantes para o debate, incluindo desde envolvimentos em desrespeitos a proteção de dados dos envolvidos nos jogos, aos aspectos contratuais dos indivíduos, disposições voluntárias de sua integridade física (e a própria vida dos participantes) e a ocorrência da prática de crimes, principalmente homicídios.
Mas realizando uma análise em sentido diverso do jurídico em si, deixando de analisar condutas que possam constituir crimes, a série possui dois lados de uma mesma moeda. Chamarei de um lado “cara” e o outro “coroa” para melhor exemplificar.
O lado “cara” demonstra a nossa incessante luta para desvencilharmos do lado animalesco contido na essência animal do ser humano. Os instintos animais foram, se assim podemos caracterizar, contidos (tentou-se pelo menos) com a elaboração do contrato social, pacto entabulado pela sociedade determinando regramentos para um coerente convívio em sociedade, evitando o estado de barbárie antes vivenciado (Jean Jacques Rousseau).
E o lado “coroa” demonstrado pela conjuntura soberana de “forças” maiores que controlam o todo num ecossistema criado e gerenciado para a consecução e a diversão sobre o próprio atavismo humano que nunca desapareceu, mas sim foi contido por normas.
Examinando criticamente a série, sua elaboração demonstra, claro, de maneira extrema, uma parcela da realidade dos sentimentos e atitudes de uma coletividade, buscando demonstrar a fragilidade de uma sociedade urbanizada, mas com características depreciativas.
Contudo, embora com requintes de violência exacerbada/exagerada, não se pode atribuir uma imputação prejudicial para quem assiste a prática de atitudes ou condutas violentas.
O sentido crítico da série deve ser levado em consideração para o fomento da discussão sobre os temas centrais (que mais parecem secundários) quais sejam o superindividamento da sociedade, proteção de dados, violência, apostas ilegais, afastamento de valores sociais, morais dos indivíduos enquanto coletividade.
Do ponto de vista social e psicológico, e dando continuidade às reflexões supracitadas, o contexto da série expõe personagens que eliminam de si próprios quaisquer filtros morais, a ética é deixada de lado e a violência torna-se uma ferramenta para a obtenção do que se almeja. A importância material e econômica se sobrepõe à vida e a barbárie cai na banalidade.
São trazidas reflexões muito atuais, que podem ser analisadas à luz da nossa realidade contemporânea e do capitalismo.
Em um contexto pandêmico/pós-pandêmico, onde o desemprego e a miséria tomam proporções absurdas, a realidade de muitos brasileiros torna-se uma verdadeira luta por sobrevivência, de forma que a dignidade e a humanidade dos indivíduos é sobrepujada aos instintos de sobrevivência e suprimento de necessidades básicas.
Diante dessa análise não se deve analisar o enredo da série de maneira superficial, atribuindo maior relevância aos aspectos sórdidos que dão incremento e atraem o público, mas sim na análise aprofundada dos motivos que compreendem a elaboração dela, a reflexão que vai muito além de um jogo de vida e morte, mas uma análise dos indivíduos em sociedade e suas atitudes frente ao seu convívio nela.
Assim, a série em si, retirando outros aspectos não abordados, parece oportunizar grandes debates pela frente, bem como diversas linhas de leitura que serão certamente muito interessantes, mas claro, respeitando sua faixa de classificação,” finalizam a análise.
A ambição humana por dinheiro e como elas reagem diante de um situação desesperadora são atrativos na série mais aclamada do momento.
O dinheiro passou a “mover” nossas vidas e se você não tem controle sobre ele, então ele passa a ter controle sobre você. O instinto pela sobrevivência, supera (em sua maioria) a empatia pelo próximo…enfim, é sensacional essa série!
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