Ações incluem palestra com representantes da Articulação de Mulheres Brasileiras e roda de conversa sobre as lutas feministas.
Para celebrar seus três anos de vida, a Rede Panapanã de Mulheres do Noroeste Paulista, em parceria com a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), organizou uma série de atividades que acontecerão neste final de semana, no Parque da Cultura de Votuporanga.
Hoje, às 19h30, haverá a palestra “As mulheres e suas organizações por direitos”, com as convidadas especiais Nelita Frank e Vancerli Carvalho Monteiro. Nelita é integrante da AMB, educadora popular, socióloga, mestre em Sociedade e Fronteira e especialista em etnodesenvolvimento pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). A ativista feminista também faz parte do Conselho Nacional das Mulheres. Vanderli é graduada em filosofia e gestão pública, atua na coordenação do projeto Promotoras Legais Populares (PLP) de Mauá (e estadual de São Paulo), militante da causa feminista e LGBTQIA+ e do coletivo Alumiá Gênero e Cidadania, da AMB. Atua intensamente como educadora popular.
No sábado (29), a partir das 15h30, a Rede Panapanã promoverá uma roda de conversa sobre as atividades do coletivo. As ações são gratuitas e abertas a toda a comunidade.
A Rede Panapanã
A Rede Panapanã de Mulheres do Noroeste Paulista nasceu em Votuporanga em março de 2016, idealizada pela assistente social e mestra em direitos humanos Angelita Toledo e pela arquiteta e doutora em estruturas ambientais urbanas Terezinha Gonzaga.
Panapanã é um substantivo feminino de origem indígena (tupi), que significa “um bando de borboletas ou uma nuvem de borboletas em migração”, e representa, para o grupo, a transformação, a liberdade, a diversidade, e a beleza enquanto essência e não aparência.
É uma Rede apartidária que visa defender e lutar pelos direitos das mulheres como direitos humanos e ainda contra qualquer tipo de exploração, opressão e discriminação por classe, raça, etnia, religião, geração, região ou nação, condição física e orientação sexual. Ao longo de sua existência, a Rede Panapanã organizou e participou de várias atividades relacionadas a temas como direitos, saúde, violência, educação, políticas públicas e empoderamento feminino.
Um dos objetivos do coletivo é articular-se com mulheres de outras organizações e trocar experiências. Em 2016, por exemplo, a Rede trouce a Votuporanga Amelinha Teles e Crimeia de Almeida, militantes históricas e integrantes da União de Mulheres de São Paulo.
Promotoras Legais Populares
O projeto foi implantado no Brasil há 25 anos, em São Paulo, pela União de Mulheres de São Paulo, e em Porto Alegre pela Themis (advogadas feministas). Sua principal atividade é um curso de direitos das mulheres para que estas possam acessar a justiça e monitorar as políticas públicas voltadas para as mulheres.
Em São Paulo, o projeto disseminou-se por inúmeras cidades e se desenvolve articulado com o Movimento do Ministério Público Democrático, o Instituto de Advocacia Pública de São Paulo e inúmeros movimentos sociais e operadoras/es do direito, professoras/es universitários. Tem o apoio da Associação dos Juízes pela Democracia.
Articulação de Mulheres Brasileiras
A Articulação de Mulheres Brasileiras tem 25 anos e, como o próprio nome diz, articula mulheres que defendem seus direitos e acredita que os feminismos são instrumentos de transformação do mundo; para que isto se dê é necessário questionar a prática do capitalismo, do machismo e do racismo.
E, que para que as mulheres possam exercer sua cidadania, faz-se necessária a desconstrução da prática exploradora sobre as mulheres exercida pelo patriarcado e sobre as mulheres negras o machismo somado ao racismo. Compõe a Articulação de Mulheres do MercoSul e está estruturada em todos os estados do Brasil. Participa de várias frentes organizativas por temas, como da reforma política, Marcha das Margaridas, Fórum de Mulheres Panamazônico, Fórum Social Mundial, Plataforma DHESCA, Rede Feminista de Saúde da Mulher, etc.
As mulheres no Brasil e no mundo
As mulheres, no Brasil e no mundo, geralmente têm dupla ou tripla jornada de trabalho (em casa, fora, estudos, cuidados com os pais, serviços extras, etc.), mas a lacuna de gênero e diferença salarial é discrepante. De acordo com o relatório do último Fórum Econômico Mundial (janeiro deste ano), cem anos é tempo estimado para que a diferença salarial entre homens e mulheres desapareça. Atualmente, elas recebem 74,5% do salário dos homens ocupando os mesmos cargos.
Nos últimos 12 meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio. Entre os casos de violência, 42% ocorreram no ambiente doméstico. Após sofrer uma violência, mais da metade das mulheres (52%) não denunciou o agressor ou procurou ajuda.
Os dados são de um levantamento do Datafolha feito em fevereiro encomendada pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) para avaliar o impacto da violência contra as mulheres no Brasil.
O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas pra os Direitos Humanos (ACNUDH). O país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres.
O que são feminismos?
O feminismo, ao contrário do que algumas pessoas imaginam, não é o contrário do machismo, senão seria de violência contra os homens, e não é. E também não é um só. Há vários feminismos, várias correntes, inclusive com pensamentos divergentes, mas todas as linhas feministas têm um objetivo em comum, resumidamente: ser contra as opressões históricas à mulher (patriarcado).
Ao longo da história as lutas das mulheres resultaram em benefícios para a sociedade como um todo: direito das mulheres ao voto, licença paternidade, direito a creches e berçários, direito de a mulher cursar faculdade (no Brasil, em 1879), entre outros.