Programação especial no Parque da Cultura marca o Dia da Consciência Negra

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 ‘Adama e a Bússola de Iansã’ conta a história de uma menina africana guiada pelos Orixás em uma jornada de autodescoberta. (imagem divulgação)

O cronograma de atrações reúne literatura, cinema, capoeira e música em celebração à cultura afro-brasileira e valorização da identidade negra

Eracio Oscar Rondon Bacca é professor e escritor, autor de três obras: ‘A Lenda dos Alvinos’, ‘O Ratinho que Não Gostava de Queijo’ e ‘O Pequeno Beija-Flor e a Grande Lição’. (foto arquivo pessoal)
Edel Barboza é mestre em Educação, diretor de escola, professor, psicopedagogo clínico, neuropsicopedagogo, educador físico e filósofo. (foto arquivo pessoal)

 

@caroline_leidiane

Em celebração ao Dia da Consciência Negra, o Parque da Cultura será palco de uma programação especial que valoriza a arte, a literatura e as expressões da cultura afro-brasileira.
A iniciativa, organizada pelas Secretarias de Direitos Humanos, Cultura e Turismo, Esportes e Lazer, em parceria com o Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, propõe um espaço de reflexão, reconhecimento e celebração da identidade negra.
A data, comemorada em 20 de novembro, homenageia Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência contra a escravidão e da luta por liberdade e igualdade racial no Brasil. O Dia da Consciência Negra transcende a condição de uma simples efeméride, é um convite a escuta, reparação histórica e valorização das vozes e saberes afro-brasileiros que moldaram a cultura nacional.
De 17 a 23 de novembro, na Biblioteca Municipal “Castro Alves”, será realizada uma ação de valorização de autores negros, coordenada pela servidora Bruna Gomes e pela bibliotecária Thayne Bianca, com a divulgação de vídeos curtos nas redes sociais que apresentam obras e escritores que marcaram a literatura afro-brasileira.
No dia 20, a partir das 17h, a área externa do Parque da Cultura será tomada por música, movimento e reflexão. O público poderá acompanhar uma apresentação de capoeira com o Mestre Lousado, seguida da exibição de curtas-metragens do projeto FIC Votu Céu Aberto (Bolsa Cultura 2025).
Logo após, às 18h30, acontece a performance musical “A Música em Cada Um de Nós”, com Kelvin Arruda (Bolsa Cultura 2025).
As produções abordam temas como afeto, identidade e representatividade, convidando o público a mergulhar em narrativas que celebram a diversidade e reafirmam a essencial presença negra em todos os âmbitos culturais, sociais e religiosos.

Literatura e ancestralidade
Na terça-feira, 18 de novembro, às 14h, a Biblioteca “Castro Alves” recebe os escritores locais Edel Barboza e Eracio Oscar Rondon Bacca para um bate-papo sobre literatura negra, identidade e protagonismo.
O encontro propõe uma conversa aberta sobre as conquistas da comunidade preta e o papel da leitura como ferramenta de inclusão social.
“Falaremos sobre a importância da criação de personagens pretos como protagonistas de ficção, mostrando a possibilidade disso como incentivo para o protagonismo na vida real”, explica Rondon, autor de “A Lenda dos Alvinos”, “O Ratinho que Não Gostava de Queijo” e “O Pequeno Beija-Flor e a Grande Lição”, lançado neste ano durante o Fliv (Festival Literário de Votuporanga).
Professor e escritor amador, como ele mesmo afirma, Rondon é formado em Letras e Pedagogia e pós-graduado em Contação de Histórias. Ele também destaca a obra que está lendo atualmente: “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves, que insere o leitor em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro, com uma narrativa pungente sobre memória, resistência e humanidade.
Eracio convida a comunidade a participar do encontro e realça a importância do diálogo como forma de aproximação e aprendizado coletivo.
Já Edel Barboza aproveita o encontro para lançar seu novo livro infantil, “Adama e a Bússola de Iansã”. A obra conta a história de uma menina africana guiada pelos Orixás em uma jornada de autodescoberta.
Mestre em Educação, Edel é graduado em Letras, Educação Física e Pedagogia com pós-graduação em ABA e Educação Especial com ênfase em deficiência intelectual, visual, múltipla, surdez, libras e TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Defensor da inclusão, da transformação humana pela educação e da valorização da diversidade no ambiente escolar, o autor expressa esses princípios em suas obras literárias.
“Meu intuito é oportunizar o conhecimento sobre a cultura africana, que foi dizimada pelo processo de epistemicídio. A Lei 10.639/03 insere o ensino da Cultura Afro-Brasileira nos currículos, e considero essencial trazer esse conteúdo às novas gerações”, afirma.
O bate-papo é aberto ao público e promete ser um encontro de informação, partilhas, pluralidades e reconhecimento. Uma oportunidade de ouvir, dialogar e celebrar a literatura como ponte entre passado, presente e futuro, consagrando a força e o legado da população negra na construção de uma sociedade dignamente múltipla.