Luiz Donizette Prieto registra ocorrência depois de receber áudios com denúncia que supostos apostadores teriam comprado resultado da partida do seu clube contra Inter de Bebedouro.
O América-SP registou nesta quinta-feira (26), em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, um boletim de ocorrência sob a alegação de que o clube teria sido vítima de apostadores e de uma suposta manipulação de resultado em jogo válido pela segunda rodada da quarta divisão do Campeonato Paulista.
Segundo o presidente Luiz Donizette Prieto, conhecido como Italiano, membros da direção do clube receberam áudios após a derrota para a Inter de Bebedouro, por 3 a 2, de virada, no estádio Teixeirão, sugerindo que a partida havia sido encomendada por um grupo de apostadores.
Com cinco gols e uma expulsão, a partida foi movimentada em São José do Rio Preto. Logo aos 14 segundos de bola rolando, o América-SP abriu o placar. Ainda no primeiro tempo, a Inter de Bebedouro virou. O time de Rio Preto conseguiu o empate antes do intervalo.
No segundo tempo, em duelo mais equilibrado, o América-SP acabou perdendo o atacante Paulo Vitor, expulso aos 45 minutos e menos de cinco minutos após entrar em campo. Na sequência, a Inter de Bebedouro conseguiu marcar o terceiro gol e sair com a vitória do estádio Teixeirão.
– Achei estranho, o América começou bem e poderia ter feito três, quatro gols em 15 minutos. O time parou e acabou sofrendo a virada, isso não pode acontecer. Recebemos áudios após o jogo de pessoas dizendo que a partida estaria vendida. Agora é esperar que a polícia possa investigar, além de proteger o América que não tem nada a ver com isso – disse o presidente.
A maneira como a equipe foi derrotada irritou ainda mais os dirigentes. Segundo eles, foi nítida a queda de rendimento e apatia dos jogadores do América-SP em determinado momento do jogo. Por isso, esperam auxilio da Polícia Civil e da Federação Paulista de Futebol (FPF) para investigar o caso.
– Nós notamos que o time caiu muito de rendimento e que alguns jogadores estavam fazendo corpo-mole, estavam apáticos. Não posso acusar ninguém, nem seria justo, mas por essa desconfiança que estamos fazendo o B.O. para podermos ter uma investigação do caso. Vamos tomar atitudes dentro do que as investigações apontarem, pedimos celeridade ao delegado para que possamos ter uma resposta o mais breve possível – disse Emilio Ribeiro Lima, presidente do Conselho Deliberativo do América.
O boletim de ocorrência, registrado na 1ª Central de Flagrantes de São José do Rio Preto, tomou como base os artigos 41-C e 41-E do Estatuto do Torcedor, que tratam da venda ou manipulação de resultados em competições esportivas.
A Federação Paulista possui parceria com a empresa SportRadar, que monitora movimentações em bolsas de apostas. Procurada pela reportagem, a entidade não se manifestou até a publicação desta reportagem. Em caso de resposta, o texto será atualizado.
Com duas derrotas em dois jogos, o América-SP é o lanterna do Grupo 1 da quarta divisão do Campeonato Paulista. Fundado em 1946, o time de Rio Preto é um dos mais tradicionais do futebol paulista, com 44 participações na elite estadual, duas na Série A e outras seis na Série B do Brasileiro. Desde 2015, no entanto, está na última divisão paulista.
Nesta temporada, o América-SP firmou parceria com uma empresa que gerencia o departamento de futebol e faz a captação de jogadores.
Caso recente no futebol paulista
A suspeita de manipulação de resultados em jogos do Campeonato Paulista não é novidade. Na temporada passada, dois jogos da Série A3 foram investigados e tiveram desdobramentos na Justiça.
Em setembro, a Drade (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva) passou a investigar uma suspeita de manipulação de resultados em jogos da Série A3 estadual. Os jogos sob suspeita eram Barretos x Linense e Paulista x Olímpia, ambos pela 12ª rodada da primeira fase da competição.
Na época, o delegado César Saad solicitou à Federação Paulista de Futebol os relatórios das partidas. A SportRadar, empresa parceira da FPF, que monitora movimentações em bolsas de apostas, apontou as partidas como suspeitas.
Em julgamento realizado em novembro, o Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP) puniu os envolvidos no escândalo. Paulista de Jundiaí, Olímpia e Barretos foram suspensos de competições por 120 dias, além do pagamento de multa. Entre os jogadores envolvidos, alguns acabaram sendo inocentados e outros pegaram suspensão de até 360 dias sem poder jogar profissionalmente.
*Informações/GE